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Rastreamento manual de infecções em restaurantes da Alemanha

Clientes preenchem formulário com dados pessoais para serem contatados e interromper a cadeia rapidamente caso haja uma transmissão no estabelecimento

O ministro alemão do Trabalho, Hubertus Heil, durante uma visita a um restaurante de Berlim na semana passada.
O ministro alemão do Trabalho, Hubertus Heil, durante uma visita a um restaurante de Berlim na semana passada.HANNIBAL HANSCHKE (Reuters)
Ana Carbajosa
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Coronavírus cresce com força nas Américas, no Sudeste Asiático e no Oriente Médio

Duas idosas estacionam seus andadores numa elegante cafeteria do centro de Hamelin, no norte da Alemanha. Antes de fazerem o pedido, devem, como todos os frequentadores, preencher um formulário com seus dados pessoais. A ideia é que, se houver um foco de coronavírus no local, os donos tenham como entrar em contato com elas e com os demais clientes que estiveram no café no momento do contágio, para que possam se submeter a quarentena e, se necessário, fazer o exame da covid-19, mesmo se não apresentarem sintomas. Romper a cadeia de contágios, por todos os meios possíveis, inclusive os analógicos, é parte fundamental da estratégia alemã para evitar a propagação exponencial do vírus. A desaceleração dos contágios na Alemanha permitiu a reabertura gradual da vida pública e das escolas, sem que por enquanto se registrem recidivas graves.

No Estado de Baixa Saxônia, onde fica esta cidade célebre por seu flautista, a hotelaria reabriu em 11 de maio. Além dos formulários, no balcão da cafeteria do museu de Hamelin um cartaz detalha as medidas em vigor no estabelecimento: as mesas estão separadas por pelo menos dois metros de distância, aconselha-se reservar pela Internet ou por telefone para evitar filas na entrada, há um dispensador de desinfetante para os clientes na porta, e o cardápio pode ser consultado pelo celular com um código QR grudado nas mesas. Os especialistas na Alemanha aconselham usar mesas externas e estabelecimentos ao ar livre sempre que possível, por considerar que o risco de propagação se reduz grandemente.

A lei que regulamenta a divisão de funções em caso de epidemias como a atual atribui aos Estados a faculdade de adotar as medidas necessárias para combater a infecção. Cada Land (Estado) desenha suas medidas, como explica uma porta-voz do ministério alemão da Saúde, detalhando que no caso dos restaurantes não há diretrizes de âmbito nacional. Mas o fato é que o uso de formulários nos restaurantes se espalha por todo o país, e o que acontece em Hamelin não é nenhuma exceção. Isso é obrigatório em 11 Estados e recomendado em outros 4.

Em um restaurante remoto, em Wildewiese, uma pequena estação de esqui na vizinha Renânia do Norte-Westfália, a garçonete entrega um formulário muito semelhante para o cliente preencher. É preciso escrever o nome e sobrenome, o endereço, o número de celular e o da mesa onde se sentou, além da data e a hora da visita ao estabelecimento. A funcionária explica que todos os impressos são guardados durante quatro semanas e que, em caso de surto, a secretaria municipal de saúde, encarregada de rastrear as infecções, será informada imediatamente. Reforçar as secretarias municipais é um dos processos em andamento desde que a chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel anunciou, em abril, que deverá haver pelo menos uma equipe de cinco pessoas dedicadas ao rastreamento para cada 25.000 habitantes.

Neste fim de semana foi anunciado um surto em um restaurante no distrito de Leer, no norte do país. O número de resultados positivos já alcança os 14, e 118 pessoas foram postas sob quarentena. As causas da transmissão ainda não foram esclarecidas, e a administração local investiga se as medidas de higiene foram cumpridas. As primeiras investigações indicam que se tratou de uma comemoração privada, e não de visitas comuns a um restaurante. Incidentes como esse mostram a importância de manter um registro de comensais que permita localizá-los rapidamente.

O número de contágios na Alemanha se estabilizou nas últimas semanas em uma cifra baixa. Os dados publicados na segunda-feira pelo instituto Robert Koch indicam que nas últimas 24 horas houve 289 novos casos e 10 mortes. Ao todo, são 178.570 pessoas diagnosticadas com Covid-19 desde o início da epidemia, mas 161.200 já se curaram. Boa parte dos contágios ocorreu em focos localizados em matadouros e numa celebração religiosa durante este fim de semana, onde mais de cem pessoas se contagiaram.

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