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Trump apresenta plano para retomar atividade nos Estados Unidos em meados de junho

Presidente propõe três fases de 14 dias e reconhece autonomia dos Estados. Anúncio animou o mercado financeiro

O presidente Donald Trump, durante anúncio de plano de reabertura dos EUA, nesta quinta-feira.
O presidente Donald Trump, durante anúncio de plano de reabertura dos EUA, nesta quinta-feira.LEAH MILLIS (Reuters)
Pablo Guimón

A Casa Branca publicou nesta quinta-feira um esboço de diretrizes para restaurar a atividade normal em comércios e serviços, mas só para lugares onde houver testagem maciça da população e uma redução nos contágios da covid-19. O itinerário traçado recomenda que as medidas severas de distanciamento social continuem em vigor em lugares onde se estime que a pandemia ainda não atingiu seu pico.

“Estamos em uma batalha histórica contra o inimigo invisível, um vírus cruel de uma terra distante”, disse Trump em sua entrevista coletiva diária. “Agora que passamos o pico, começamos a vida de novo”, acrescentou. “Podemos dar início à próxima frente em nossa guerra, que se chama ‘abrir os Estados Unidos de novo’. Os Estados Unidos querem estar abertos, e os norte-americanos querem estar abertos. O fechamento não é uma solução sustentável em longo prazo. Queremos ter outra vez uma economia que funcione, muito, muito rápido.”

O anúncio fez as Bolsas abrirem com forte alta nesta sexta-feira. Na Ásia, as ações dispararam após uma semana ruim: Tóquio subiu 3,15% e Hong Kong 1,53%. Na Europa, o Ibex, principal índice de referência da Espanha, se aproximou da meta de 7.000 pontos, perdida na quarta-feira após as previsões pessimistas do FMI para a economia nacional e mundial.

O documento de Trump não estabelece um calendário específico, mas enumera uma série de critérios que as autoridades locais devem levar em conta ao tomar suas decisões. Esses critérios, a serem cumpridos durante 14 dias antes de iniciar o processo, são: uma trajetória descendente nas doenças com sintomas semelhantes à gripe e à covid-19; trajetória descendente em número de casos documentados e em exames com diagnóstico positivo como percentagem do total de exames feitos; capacidade de tratar todos os pacientes sem UTI nos hospitais e robustos sistemas de testes para trabalhadores sanitários.

“Vocês vão tomar suas decisões”, disse Trump aos governadores em uma teleconferência nesta quinta, segundo o The Washington Post. Nessa mesma conversação telefônica, segundo o The New York Times, o presidente afirmou aos governadores que eles poderiam iniciar o processo já em 1º de maio, se considerarem conveniente. Assim, depois de cumprir as três fases, os Estados poderiam recuperar sua atividade normal até meados de junho. Trump disse que quem estiver preparado poderia iniciar a reabertura imediatamente, e na conversa com os governadores, segundo o Times, anunciou que 29 dos 50 Estados já estariam preparados para começar o processo.

Mas Trump, afrouxando a disputa de poder que protagonizou nos últimos dias com as autoridades dos Estados, insistiu em que a decisão será dos governadores. Por exemplo, o Estado de Nova York, o mais golpeado pela pandemia, anunciou nesta quinta-feira que as medidas de isolamento continuarão em vigor até 15 de maio. Os Estados Unidos são hoje o epicentro mundial da pandemia. Com dados da quinta-feira à tarde, mais de 30.000 pessoas morreram de covid-19 no país e mais de 662.000 casos foram confirmados. No começo de março, só havia 70 casos confirmados nos Estados Unidos. Na última semana, foram três dias com mais de 2.000 mortes por dia comprovadamente causadas pelo coronavírus.

Nas diretrizes de Trump, a reabertura de escolas e negócios, para aqueles Estados em condições de proceder com ela, recomenda-se de uma maneira gradual em três fases. Cada uma delas duraria ao menos duas semanas, para assegurar que a propagação do vírus não volte a se acelerar. O processo proposto é muito mais longo do que Trump pretendia inicialmente, mas representa uma volta a uma quase total normalidade em apenas mês e meio desde a decisão foi tomada. Estas são as três fases, cada uma com duração recomendada de 14 dias, segundo o documento da Casa Branca intitulado “Abrir os Estados Unidos de novo”, no que parece um aceno ao slogan eleitoral de Trump ("Fazer os Estados Unidos grande de novo”).

As etapas de reabertura dos EUA

Primeira fase. Todos os indivíduos vulneráveis (com idade avançada ou doenças graves) deverão continuar refugiados em suas casas. Os membros de lares com residentes vulneráveis, “se voltarem ao trabalho ou a outros ambientes onde o distanciamento não é prático”, deverão tomar “precauções para se isolar dos indivíduos vulneráveis”. Todos os cidadãos deverão, nesta fase, “minimizar a distância física com os outros, evitar as reuniões com mais de 10 pessoas e minimizar as viagens não essenciais”. O teletrabalho continuará sendo estimulado; a volta aos centros de trabalho, quando necessária, deverá ser “em fases”, e será preciso “interditar as zonas comuns onde as pessoas se reúnem e interagem”. As escolas deverão permanecer fechadas, e as visitas a idosos em asilos e hospitais serão proibidas. Os recintos grandes, como “restaurantes, salas de cinema, instalações esportivas e locais de oração” poderão operar “sob rigorosos protocolos de distanciamento físico”. Academias de ginástica poderão abrir se aderirem aos mesmos protocolos rigorosos, e os bares permanecerão fechados.

Segunda fase. Os indivíduos vulneráveis deverão continuar em suas casas, e quem conviver com eles terão que tomar as mesmas precauções da primeira fase. Em lugares públicos, será preciso maximizar a distância física entre pessoas e evitar reuniões com mais de 50 indivíduos. As viagens não essenciais poderão ser retomadas. Continua a recomendação do teletrabalho, quando for possível, e o fechamento das zonas comuns nos locais de trabalho. Os colégios poderão reabrir. Continuarão proibidas as visitas a idosos em asilos e hospitais. Os recintos grandes poderão operar “sob protocolos de distanciamento físico moderados”. Bares poderão abrir com lotação reduzida.

Terceira fase. Os indivíduos vulneráveis poderão retomar as interações públicas, mas deverão praticar o distanciamento físico e “minimizar a exposição a cenários sociais onde o distanciamento não seja prático”. A população de baixo risco “deverá considerar minimizar o tempo que passa em ambientes cheios de gente”. Será retomada a presença “sem restrições” nos locais de trabalho, e permitidas as visitas a idosos em asilos e hospitais. Os recintos grandes poderão operar “sob protocolos de distanciamento físico limitados”, e os bares poderão operar “com lotações aumentadas”.

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