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Epidemiologista da Casa Branca calcula que EUA poderão ter 200.000 mortes por coronavírus

Donald Trump prorrogou medidas de isolamento social até o dia 30 de abril

O epidemiologista Anthony Fauci, da Casa Branca, durante uma coletiva de imprensa sobre o coronavírus.
O epidemiologista Anthony Fauci, da Casa Branca, durante uma coletiva de imprensa sobre o coronavírus.JIM WATSON (AFP)

Anthony Fauci, o epidemiologista que lidera a estratégia contra o coronavírus nos Estados Unidos, disse neste domingo em uma entrevista à CNN que o país provavelmente acabará registrando “milhões de casos” e “entre 100.000 e 200.000 mortes”. Ainda assim, ele alertou: “Não quero que se aferrem a isto”, já que a pandemia é “um alvo tão móvel que é possível que nos enganemos facilmente”. Os Estados Unidos estão na liderança entre os países mais infectados pelo vírus, com mais de 125.000 contagiados —56% em Nova York— e cerca de 2.200 mortos. Donald Trump anunciou na noite deste domingo que prorrogará as restrições de movimentação até 30 de abril. O governador de Nova York, Andrew Cuomo, já havia prorrogado as medidas no Estado até 15 de abril. “Isto não vai melhorar logo”, advertiu.

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“Toda vez que os modelos [de projeção] chegam, mostram o pior e o melhor dos casos. Em geral, a realidade está em algum lugar no meio. Nunca vi um modelo das doenças com as quais lidei onde os piores [cenários] de um caso realmente ocorreram. Eles sempre eram excessivos”, esclareceu Fauci, cientista que está há décadas na direção da unidade de doenças infecciosas do NIH (Institutos Nacionais da Saúde, a maior máquina de pesquisa biomédica do mundo).

O epidemiologista projetou um cenário sombrio no momento em que o Governo dos EUA está discutindo se convém suavizar as medidas de distanciamento nas áreas onde a pandemia ainda não golpeou com força. “Não podemos permitir que a cura seja pior que o problema”, disse o presidente dos EUA, Donald Trump, em várias ocasiões. Ele também apontou o dia 12 de abril como uma meta para começar a diminuir as restrições, embora depois tenha esclarecido que a data é uma orientação e decidirá com base nos dados e na recomendação dos cientistas.

Trump declarou na manhã deste sábado que estava avaliando ordenar uma quarentena obrigatória em Nova York, Nova Jersey e Connecticut, onde o vírus se espalha com força. Mais tarde, o presidente tuitou que o Centro de Prevenção e Doenças (CDC, na sigla em inglês) o fez ver que “não era necessário”. Por enquanto, os Estados Unidos não emitiram ordens limitando os deslocamentos de modo compulsório, mas somente recomendações. Um em cada três norte-americanos recebeu apelos para ficar em casa, e há escolas e empresas fechadas em todo o país para conter as infecções, que seguem a tendência de alta. Neste sábado, as mortes aumentaram mais que o dobro em dois dias.

A dra. Deborah Birx, coordenadora de resposta ao coronavírus da Casa Branca, disse na NBC neste domingo que as regiões do país que registraram poucos casos até agora devem se preparar para o que está por vir. “Nenhum Estado, nenhuma região metropolitana estará a salvo”, esclareceu ela no programa Meet the Press.

Os alertas prosseguem, mas Trump, que deve dar uma coletiva de imprensa na tarde deste domingo, lançou uma bateria de tuítes ao meio-dia contra o trabalho que a mídia está fazendo, qualificando o que publicam como “notícias falsas”. "A pobre mídia quer que todos nós caiamos. Mas isso NUNCA vai acontecer”, escreveu em um dos seis tuítes dedicados ao assunto, onde também se referiu aos altos índices de audiência de seus pronunciamentos.

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