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Emma Coronel, mulher de ‘El Chapo’ Guzmán, condenada a três anos de prisão

Conhecida como a Kardashian de Sinaloa, ela foi presa em fevereiro passado e se declarou culpada de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro

Emma Coronel, esposa de El Chapo
Emma Coronel, mulher de El Chapo, em feveriro de 2019, saindo do tribunal do Brooklyn onde era julgado seu marido.Jeenah Moon (Reuters)

A mulher de Joaquín El Chapo Guzmán, o ex-modelo e empresária de 32 anos conhecida como a Kardashian de Sinaloa, irá para a prisão. Nesta terça-feira, um tribunal de Washington a condenou a três anos de prisão pelos crimes de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, dos quais ela se declarou culpada. Coronel, que tem cidadania norte-americana e mexicana, é a terceira esposa do sanguinário narcotraficante, condenado em 2019 à prisão perpétua após sua extradição para os Estados Unidos.

O juiz Rudolph Contreras optou por uma pena um ano inferior aos quatro demandados pelo Ministério Público, considerando, sobretudo, dois fatores: quão jovem era quando entrou em contato com El Chapo —tinha 17 anos; ele, 51— e que havia assumido a responsabilidade pelos atos pelos quais foi acusada. Pouco depois do meio-dia, Coronel se dirigiu ao tribunal em espanhol para pedir perdão. “Com todo o respeito, estou escrevendo para vocês hoje para expressar meu verdadeiro pesar por qualquer dano que eu possa ter causado, e peço a vocês, todos os cidadãos deste país, que me perdoem”, disse por meio de um intérprete.

À pena de 36 meses de prisão, deve-se subtrair os nove meses que ela passou em uma prisão do Estado da Virgínia, desde que foi presa em fevereiro passado no aeroporto de Dulles, nos arredores da cidade de Washington. Agora deve ser transferida para uma prisão federal para cumprir o resto de sua sentença. Ela já havia pagado uma multa de 1,5 milhão de dólares (cerca de 8,4 milhões de reais).

Coronel havia chegado a um acordo com a promotoria pelo qual admitia ter operado como mensageira entre Guzmán e o cartel de Sinaloa, enquanto o capo estava preso no Centro Altiplano, no México, após sua prisão em 2014. Esse canal de comunicação foi o que permitiu a El Chapo planejar sua fuga em 2015. Foi a última fuga: após sua nova prisão em 2016, ele foi extraditado para os Estados Unidos e não voltou a pisar na rua.

Coronel sempre defendeu que ignorava completamente as atividades criminosas de seu marido, que se tornou o maior traficante do mundo e tem uma história violenta por trás dele, mas essas alegações foram provadas falsas durante o julgamento de El Chapo em Nova York. A promotoria mostrou uma série de mensagens entre o capo e sua esposa nas quais, por exemplo, a aconselha a se comunicar com telefones criptografados como o Blackberry e a entrar em contato com o técnico do cartel de Sinaloa. Em outras, ele pergunta se ela tem uma arma e ela responde que sim, que tem aquela que ele mesmo lhe deu.

“Ele é um homem bom, não é violento, nem rude, nunca o vi falar um palavrão. Suas filhas o adoram e perguntam constantemente sobre ele“, disse Coronel em uma entrevista no Telemundo há alguns anos. “Não sei se ele está traficando drogas. Estou apaixonada por ele“, insistiu ela à imprensa. Porque se há algo que essa mulher não fez foi evitar os holofotes. Ao contrário, dava entrevistas e até participou de um reality show nos Estados Unidos chamado nada mais nada menos de Cartel Crew (a equipe do cartel), sete meses após a condenação do marido.

Porque o que nunca fingiu ignorar foi a fama do marido, da qual, na verdade, ela tentou tirar o máximo proveito. Lançou uma marca de roupas e o nome El Chapo Guzmán foi registrado no Escritório de Marcas e Patentes dos Estados Unidos, com uma cabeça de leão junto com as três palavras como um logotipo.

A esposa de El Chapo foi condenada, especificamente, por formação de quadrilha para traficar cocaína, metanfetaminas, heroína e maconha; bem como por lavagem de dinheiro e por fazer parte de transações de ativos de propriedade do cartel. Emma Coronel e El Chapo têm filhas gêmeas que nasceram nos Estados Unidos em 2011 e, portanto, são cidadãs norte-americanas. Elas se somam a pelo menos uma dezena de outras crianças reconhecidas pelo traficante com outras mulheres. O juiz desejou a Coronel na terça-feira que as crie “em um ambiente diferente” daquele em que ela viveu.

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