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Biden promove resposta internacional à crise das cadeias de abastecimento

Estados Unidos e União Europeia apresentam acordo que visa coibir exportações de aço “sujo” da China

O presidente dos EUA, Joe Biden, e a presidenta da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, neste domingo em Roma, ao final da entrevista coletiva conjunta.
O presidente dos EUA, Joe Biden, e a presidenta da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, neste domingo em Roma, ao final da entrevista coletiva conjunta.Evan Vucci (AP)

O curto-circuito das cadeias de abastecimento globais irrompeu em um G20 estruturado principalmente em torno da questão climática. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tomou a iniciativa de organizar, paralelamente à cúpula, uma reunião específica sobre essa questão com 14 países presentes em Roma —entre eles, vários países europeus, Índia e México, mas não China e Rússia. A Casa Branca busca promover um marco de resposta internacional à crise que prejudica a recuperação da economia depois do descalabro provocado pela pandemia.

A reunião de Roma surge como um primeiro passo para fortalecer a coordenação na ação para superar os gargalos que abalam a atividade manufatureira e o comércio mundial. Washington anunciou que convocará uma reunião de ministros das Relações Exteriores e do Comércio para desenvolver estratégias, sinergias e linhas de ação que cada país pode empreender em benefício próprio e coletivo.

A Administração de Biden também anunciou medidas internas, especificamente a aprovação próxima de uma ordem executiva que delega poderes ao Departamento de Defesa para agilizar o uso de materiais armazenados que possam facilitar a manufatura no setor de Defesa.

A crise das cadeias de abastecimento é resultado de um conjunto de fatores, desde a produção insuficiente de microchips —setor em que as grandes potências buscam reduzir sua dependência com grandes investimentos que fomentem a manufatura nacional— até dificuldades no transporte marítimo e rodoviário, com ênfase especial na escassez de caminhoneiros.

Esses gargalos e a forte alta nos últimos meses dos preços no mercado de energia —principalmente do gás, mas também do petróleo— estão alterando as perspectivas de crescimento da economia mundial.

Washington também anunciou que o Departamento de Estado fornecerá ajuda técnica ao México e aos países da América Central para agilizar a burocracia do comércio. A Casa Branca também aprovou na semana passada um desembolso de ajuda para facilitar o comércio com países da organização regional asiática ASEAN.

Paralelamente aos trabalhos, Biden e a presidenta da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentaram em Roma o acordo alcançado entre Washington e Bruxelas para acabar com a guerra tarifária em relação ao aço e ao alumínio, desencadeada por Trump em 2018. A medida, negociada durante meses, constitui um passo considerável na melhoria das relações econômicas e segue a tendência traçada depois da resolução, em junho, da disputa entre os gigantes do setor aeronáutico Boeing e Airbus.

Além de aliviar a tensão comercial nesses setores entre os dois blocos, o pacto visa criar um esquema global que enfrente a manufatura “suja” e a superprodução no setor, iniciativa claramente dirigida para deter as exportações da China.

Os produtores do gigante asiático representam mais da metade desse mercado. Seus processos de fabricação, alimentados a carvão, são altamente poluentes. Estima-se que o setor seja responsável por mais de 10% das emissões totais do país.

Em seu discurso em Roma, Biden disse explicitamente que a medida tinha como perspectiva a produção chinesa. A Embaixada de Pequim em Washington mostrou sua rejeição à iniciativa.

Trata-se do enésimo motivo de atrito entre Estados Unidos e China. A ausência de Xi Jinping na cúpula e o fato de que uma reunião presencial entre o líder chinês e Biden ainda não tenha sido realizada —e nem esteja à vista— atesta a dificuldade de uma relação que marca profundamente a política internacional.

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