Congresso dos EUA convoca ex-assessores de Trump para deporem sobre invasão do Capitólio
Mark Meadows, que foi chefe de Gabinete do ex-presidente, e o ideólogo de ultradireita Steve Bannon estão entre os intimados a depor
Quatro dos homens mais leais a Donald Trump foram intimados a depor na CPI do Congresso norte-americano que investiga a invasão do Capitólio em 6 de janeiro. São eles: Mark Meadows, ex-chefe de Gabinete; Daniel Scavino, estrategista digital da Casa Branca no mandato republicano; Steve Bannon, influente ideólogo da ultradireita; e Kashyap Patel, chefe de assessores do ex-secretário de Defesa Christopher Miller. A comissão especial de inquérito, composta por 11 deputados democratas e 2 republicanos, exigiu uma série de documentos e pede aos ex-funcionários que se preparem para depor aos parlamentares em meados de outubro, numa data ainda a definir.
Bennie Thompson, o deputado que preside a CPI, enviou aos quatro ex-assessores presidenciais uma carta em que diz buscar “fatos, circunstâncias e causas” da revolta. O documento afirma que o depoimento deles ajudará a montar o quebra-cabeça do ocorrido naquele dia, e Thompson considera que as testemunhas podem fornecer informações fundamentais para os investigadores.
Os democratas querem remexer o papel de Bannon nos incidentes. O radical assessor participou em 5 de janeiro de uma reunião no hotel Willard, a poucos metros da Casa Branca. No encontro, planejou-se uma estratégia para atrapalhar a confirmação de Joe Biden como presidente-eleito. “Vai ser um deus-nos-acuda”, disse Bannon segundo algumas testemunhas. O fundador do site Breitbart, um meio de comunicação fundamental para o impulso de Trump, foi obrigado a deixar o Executivo em agosto de 2017, mas nunca parou de influenciar o magnata. Prova disso, consideram os democratas, foram suas comunicações com o presidente uma semana antes dos fatos de 6 de janeiro. Donald Trump, por outro lado, indultou Bannon no último dia de sua presidência por uma suposta fraude.
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Clique aquiMeadows, que assumiu o cargo de chefe de Gabinete em março de 2020, foi convocado por ter pressionado o Departamento de Justiça e algumas autoridades locais, como as do Novo México, a investigarem acusações sem fundamento de supostas fraudes eleitorais que teriam dado o triunfo ao aspirante democrata nas eleições de novembro de 2020. Os legisladores democratas dizem ter “evidência confiável” de que ao longo do dia 6 de janeiro ele se comunicou “sem parar” com Kashyap Patel, que havia chegado ao Pentágono apenas dois meses antes.
Scavino, por sua vez, esteve com Trump em 5 de janeiro, numa reunião onde se discutiram algumas opções para impedir o reconhecimento da vitória eleitoral de Biden. O funcionário, um dos pouquíssimos sobreviventes dentro do Gabinete após quatro anos de demissões e trocas, era o encarregado de gerenciar as redes sociais e estratégia digital da Casa Branca. Em 6 de janeiro, afirmam os democratas da CPI, tuitou mensagens da sede da presidência. Parte da informação citada pelo comitê está incluída no mais recente livro dos jornalistas Bob Woodward e Robert Costas.
As convocações, enviadas nesta quinta-feira, são parte de uma estratégia mais agressiva da comissão de inquérito para explicar atos tão violentos em um dos lugares mais sagrados de Washington. Os deputados democratas já pediram informação à Casa Branca e inclusive solicitaram a quebra do sigilo telefônico e das redes sociais dos integrantes da turba que deixou cinco mortos. Os republicanos recriminaram essa intrusão.
O ex-presidente Trump disse que lutará contra essas solicitações argumentando um privilégio do chefe do Executivo de manter em sigilo as comunicações e discussões que teve como mandatário com alguns de seus assessores próximos.
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