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Primeiro-ministro do Japão deixará o poder depois das críticas à sua gestão da pandemia

Yoshihide Suga, cuja popularidade está muito baixa após apenas um ano no cargo, renuncia a ser reeleito como líder do Partido Liberal Democrata

O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, anuncia à imprensa que não disputará as eleições para a liderança de seu partido.
O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, anuncia à imprensa que não disputará as eleições para a liderança de seu partido.KYODO (Reuters)
Macarena Vidal Liy

O primeiro-ministro do Japão, Yoshihide Suga, jogou a toalha depois de apenas um ano no cargo, prejudicado pelas críticas à sua gestão da pandemia da covid-19 e por baixos níveis de popularidade. Conforme anunciou nesta sexta-feira à imprensa em Tóquio, renuncia a se candidatar à reeleição como líder de seu partido, o Liberal Democrata (PLD), nas eleições internas marcadas para 29 de setembro. A decisão equivale, na prática, à sua renúncia como primeiro-ministro: o país deve realizar eleições gerais neste outono e o líder escolhido pelo PLD será o candidato dessa formação conservadora para chefiar o Governo.

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Japan's Chief Cabinet Secretary Yoshihide Suga (C) reacts after he was elected as new head of Japan�s ruling Liberal Democratic Party at the party's leadership election in Tokyo on September 14, 2020. - Japan's ruling party on September 14 elected chief cabinet secretary Yoshihide Suga as its new leader, making him all but certain to replace Shinzo Abe as the country's next prime minister. (Photo by Eugene Hoshiko / POOL / AFP)
Quem é Yoshihide Suga, o escolhido pelo partido para comandar o Japão

“Participar das eleições e administrar as medidas contra o coronavírus exigiria uma enorme quantidade de energia”, disse Suga, de 72 anos, de acordo com a agência Reuters. O ainda chefe do Governo japonês anunciou que dará uma entrevista coletiva na próxima semana. De acordo com a imprensa japonesa, Suga comunicará o partido sobre sua renúncia à frente do Governo antes das eleições internas.

O breve mandato de Suga, que em setembro de 2020 substituiu no cargo Shinzo Abe ―o primeiro-ministro japonês que mais tempo ocupou o posto, que renunciou por motivos de saúde― foi marcado pelo coronavírus. O Japão atravessa sua terceira onda da covid-19 em meio a uma campanha de vacinação que começou tarde, avança lentamente e foi salpicada por problemas como a detecção de impurezas em lotes desses medicamentos. Essa terceira onda obrigou o país a realizar os Jogos Olímpicos de Tóquio sem público nas arquibancadas neste verão, em meio à esmagadora oposição dos cidadãos.

Para tentar atenuar seus catastróficos níveis de popularidade, que caíram para menos de 30%, o primeiro-ministro quis lançar uma ampla reformulação de sua equipe de Governo, que planejava anunciar na próxima semana. Mas deparou-se com problemas para encontrar candidatos dispostos a aceitar os cargos, um indício da falta de apoio dentro do partido, de acordo com a imprensa japonesa. Diante do temor que sua falta de força entre os eleitores pudesse custar cadeiras ao PLD nas eleições gerais, Suga optou pela renúncia.

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Entre os aspirantes à sucessão está o ex-ministro das Relações Exteriores, Fumio Kishida, que havia manifestado intenção de disputar as eleições internas para líder do PLD. Depois que a decisão de Suga foi anunciada, Kishida afirmou que sua decisão de participar das eleições permanece “intacta”.

A atual legislatura japonesa termina em 21 de outubro. O país deve realizar eleições legislativas antes de 28 de novembro. O PLD, o partido que, com breves exceções, goza da maioria no Japão desde o pós-guerra, pretende renovar seu mandato apesar das duras críticas à gestão da covid-19.

O anúncio de Suga fez disparar as ações na Bolsa de Tóquio. Seu principal índice, o Nikkei, subiu 2% nesta sexta-feira.

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