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Haiti, um coquetel de crise política e desastre econômico perpétuo

Assassinato do presidente Jovenel Moïse no país mais pobre das Américas coincide com uma escalada de violência e crise sanitária por causa da pandemia

Um grupo de jornalistas se reúne em frente a um mural que mostra o presidente Jovenel Moïse perto da sua residência, onde ele foi assassinado a tiros na madrugada desta quarta-feira, 7 de julho.
Um grupo de jornalistas se reúne em frente a um mural que mostra o presidente Jovenel Moïse perto da sua residência, onde ele foi assassinado a tiros na madrugada desta quarta-feira, 7 de julho.Joseph Odelyn (AP)
Isabella Cota
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A crise política no Haiti, que nesta quarta-feira escalou a níveis insustentáveis com o assassinato do presidente Jovenel Moïse, anda de mãos dadas com sua história econômica —marcada por baixa renda, poucas oportunidades, muita dependência da ajuda externa e constantes obstáculos ao crescimento. Esta ex-colônia francesa nas Antilhas, independente desde 1804, é o país mais pobre do Hemisfério Ocidental, atrás da Nicarágua, e mesmo antes da pandemia de covid-19 já vivia uma paralisia causada por violentos protestos sociais. Nesta nação onde 60% da população vive na pobreza, as perspectivas econômicas são cinzentas.

Os dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) indicam a que em 2019 o produto interno bruto (PIB) do Haiti caiu 1,7% por causa dos piquetes viários e da violência, que causaram semanas de completa paralisia econômica. Os haitianos saíram às ruas para protestar contra o presidente Moïse e lá continuam, dois anos depois, apesar da pandemia. Os bloqueios nas estradas tiveram um impacto severo na atividade econômica, particularmente na indústria do turismo e nos setores exportadores, dois motores centrais da sua pequena economia. O país tem pouco mais de 11 milhões de habitantes, e o FMI estima que em 2021 sua economia crescerá apenas 1%.

Em 2020, com a chegada da covid-19, a economia sofreu uma segunda contração inclusive maior, de 3,7% do PIB, de acordo com dados do FMI. Sua moeda se depreciou quase 30%, o que encareceu o preço dos combustíveis adquiridos em dólares no mercado internacional. Os programas de assistência alimentar e a pobreza extrema cresceram, porque o Governo impôs rigorosos confinamentos para conter o vírus.

“No começo de 2020, partes do país estavam perto de experimentar um desastre humanitário quando a ONU lançou um apelo por uma assistência humanitária de emergência que arrecadou menos de 10% das quantias solicitadas”, escreveu o FMI em seu relatório de abril do ano passado sobre o país. O fundo decidiu conceder ao Governo um empréstimo de 111,6 milhões de dólares para suportar a crise econômica.

O Haiti tem um baixíssimo nível educacional, derivado em parte da instabilidade política que o país vive há décadas. Além disso, por sua localização geográfica, é frequentemente atingido por furacões, inundações e terremotos, cujo dano atrapalha o crescimento, já que a economia está em um constante estado de reconstrução. O Banco Mundial estima que 90% da população está sob risco de desastres naturais.

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