_
_
_
_

Oposição israelense prepara acordo para afastar Netanyahu do poder

O centrista Lapid e o conservador Bennett decidem selar pacto para uma ampla coalizão

Yair Lapid, (esq.) e Naftali Bennett, em maio de 2021, em Jerusalém.
Yair Lapid, (esq.) e Naftali Bennett, em maio de 2021, em Jerusalém.OREN BEN HAKOON (AFP)
Juan Carlos Sanz

A oposição israelense está disposta a fechar um acordo para formar um Governo de ampla coalizão com o objetivo de afastar do poder o atual primeiro-ministro interino, o direitista Benjamin Netanyahu, de 71 anos, que ocupa o cargo desde 2009. O dirigente opositor Naftali Bennet, um nacionalista conservador, anunciou neste domingo no Knesset (Parlamento) que formará um “Gabinete de unidade nacional” com o líder centrista Yair Lapid, que recebeu o mandato após as eleições de março passado. Para isso, ambos devem selar um pacto entre sete partidos opositores, que vão da direita nacionalista à esquerda pacifista, além de contar com o apoio externo de duas forças políticas árabes.

Mais informações
Palestinian 10 year-old girl Layan Muhareb receives medical treatment of her wounds caused by an Israeli airstrike in the town of Khan Younis, southern Gaza Strip, Thursday, May 20, 2021. (AP Photo/Yousef Masoud)
Israel e Hamas acertam cessar-fogo em Gaza após 11 dias de conflito
El líder centrista israelí Yair Lapid, el jueves en Tel Aviv.
Yair Lapid, o reformista que se sacrifica para enterrar a era Netanyahu em Israel
El secretario de Estado de EE UU, Antony Blinken, y el presidente palestino, Mahmud Abbas, el martes en Ramala.
EUA se comprometem com a reconstrução de Gaza e reatam relação com os palestinos

Se o Gabinete finalmente concretizar o novo Governo de unidade, numa decisão que deve ser adotada antes da meia-noite de quarta-feira, e conseguir pôr fim à era de Netanyahu no comando de Israel, deverá também lidar com a fraqueza intrínseca à sua própria diversidade. A presença de forças até agora abertamente antagônicas, com ideologias antitéticas, obrigará o novo Executivo a desenvolver um programa pragmático e de consenso, centrado na recuperação econômica após a pandemia e na consolidação do cessar-fogo que interrompeu, há apenas 10 dias, a escalada bélica na Faixa de Gaza dos último sete anos.

Para os analistas políticos da imprensa israelense, o acordo não terá longa duração. As questões mais sensíveis, como as negociações de paz com os palestinos e as polêmicas imposições das autoridades religiosas judaicas que pesam sobre a sociedade civil laica, deverão ser forçosamente postergadas.

Ambos rejeitaram categoricamente a oferta de última hora. Gideon Saar, que rompeu há um ano com a disciplina do partido do primeiro-ministro, disse de forma contundente: “Nossa posição não mudou. Vamos pôr fim aos mandatos de Netanyahu”. Bennet, de 49 anos, convocou seu grupo parlamentar antes de confirmar o apoio de todos os deputados, que se encaminhava “para um Governo de mudança”, como se denomina em Israel a coalizão alternativa de quase toda a oposição, como única alternativa à convocação de novas eleições gerais.

A assumir há três semanas o desafio de formar o Governo em Israel, após Netanyahu fracassar numa primeira tentativa, Lapid deu preferência para ocupar o cargo de primeiro-ministro a Bennet (mesmo tendo duas vezes mais cadeiras no Knesset), com a intenção de pôr fim a mais de dois anos de bloqueio político em que houve quatro eleições legislativas.

Apoie a produção de notícias como esta. Assine o EL PAÍS por 30 dias por 1 US$

Clique aqui

Lapid é um radical laico que defende a solução dos dois Estados para o conflito com os palestinos. No entanto, Bennet é um direitista religioso, partidário da anexação por Israel de grande parte da Cisjordânia, e historicamente fez parte do bloco de Netanyahu juntamente com os ortodoxos e a extrema-direita. Para convencê-lo a se juntar a um coalizão com a esquerda e apoiada por partidos árabes, o líder centrista precisou lhe ceder a direção do Governo em primeiro lugar, enquanto reservava para si a pasta de Relações Exteriores. Em 2023, na metade da legislatura, ambos teriam que se alternar nos cargos, se o acordo finalmente for fechado.

Consenso e moderação

Após seis anos de uma estratégia de oposição extrema a Netanyahu, Lapid oferece agora um perfil de consenso e moderação. Abandonou o Executivo do líder do Likud ― no qual exerceu como ministro das Finanças entre 2013 e 2015 ― e o desafiou cinco vezes nas urnas.

O chefe das fileiras do partido Yesh Atid (Há Futuro) tem atrás de si seu próprio partido, três formações conservadoras dissidentes do Likud (incluindo a de Bennet), o Partido Trabalhista, o Meretz (esquerda pacifista) e os deputados da Lista Conjunta e do Maan (coalizões árabes que representam a principal minoria israelense, com 20% da população). Antes de quarta-feira, quando vence o prazo para a formação do Governo, ele deverá confirmar o presidente do Estado de Israel, Reuven Rivlin, que se candidata ao cargo com possibilidades de sucesso. Caso contrário, o cronômetro começará a correr para a convocação de novas eleições no outono.

Inscreva-se aqui para receber a newsletter diária do EL PAÍS Brasil: reportagens, análises, entrevistas exclusivas e as principais informações do dia no seu e-mail, de segunda a sexta. Inscreva-se também para receber nossa newsletter semanal aos sábados, com os destaques da cobertura na semana.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_