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Pontos-chave para entender o atual conflito em Gaza

A atual escalada entre o Exército israelense e o Hamas alcança o maior nível de violência desde 2014

Funeral de militantes do Hamas para algumas das vítimas dos bombardeios israelenses, nesta quinta-feira, em Gaza.
Funeral de militantes do Hamas para algumas das vítimas dos bombardeios israelenses, nesta quinta-feira, em Gaza.Adel Hana (AP)
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A fire rages at sunrise in Khan Yunish following an Israeli airstrike on targets in the southern Gaza strip, early on May 12, 2021. - Israeli air raids in the Gaza Strip have hit the homes of high-ranking members of the Hamas militant group, the military said Wednesday, with the territory's police headquarters also targeted. (Photo by YOUSSEF MASSOUD / AFP)
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O Exército israelense e as milícias palestinas Hamas e Jihad Islâmica se enfrentam desde segunda-feira, 10 de maio, em um conflito aberto, com poucos indícios de trégua, e que já conta com cerca de uma centena de mortos, a imensa maioria na Faixa de Gaza. As tentativas de mediação internacional, especialmente das Nações Unidas, Egito e Qatar, até agora fracassaram. As hostilidades atingiram um nível de violência nunca visto desde o confronto de 2014.

Estes são os pontos principais que resumem a última escalada bélica no Oriente Médio:

O que provocou o atual conflito? A violência desencadeada entre as Forças Armadas de Israel e as milícias palestinas ganhou intensidade pouco a pouco durante o mês do Ramadã. Já na noite de 22 para 23 de abril, mais de cem palestinos ficaram feridos, dos quais cerca de 20 tiveram que ser hospitalizados, em confrontos com a polícia. Os manifestantes protestavam contra uma marcha de centenas de ultradireitistas israelenses que se dirigiram à Cidade Velha de Jerusalém em pleno dia sagrado muçulmano, gritando “Morte aos árabes!”. O mal-estar da população árabe já vinha crescendo antes das restrições pela pandemia impostas pela polícia para impedir as tradicionais concentrações de palestinos no Ramadã na porta de Damasco, na Cidade Velha.

Em torno dessa mesma entrada, jovens palestinos começaram a assediar rapazes judeus ultraortodoxos que se dirigiam para rezar no Muro das Lamentações pelo mesmo acesso. O conflito atingiu o ápice na segunda-feira, quando mais de 300 palestinos foram feridos em confrontos com a polícia após a oração na mesquita de Al Aqsa, o terceiro lugar sagrado para o Islã. Em seguida, milícias palestinas lançaram foguetes contra Jerusalém e o centro de Israel.

O que os lugares sagrados têm a ver com os enfrentamentos? Como todos os anos, não sem tensão, na última segunda-feira milhares de israelenses se preparavam para percorrer a Cidade Velha de Jerusalém até o Muro das Lamentações, na base da Esplanada das Mesquitas —chamada pelos judeus de Monte do Templo— , na celebração do Dia de Jerusalém. Essas visitas são tradicionais na comemoração da ocupação da parte oriental da cidade pelo Exército israelense durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Ante a presença de dezenas de palestinos em Al Aqsa, e prevendo um confronto aberto, a polícia primeiro proibiu as visitas de grupos de judeus ao complexo religioso. O desfile nacionalista, horas depois, acabou sendo desviado para a Porta de Jaffa, passando pelos bairros cristão e armênio, em direção ao Muro das Lamentações. Mas a tensão já era alta e o braço armado do Hamas disparou uma salva de foguetes em direção a Jerusalém. O Exército israelense interceptou um dos projéteis com o escudo de defesa antimísseis Domo de Ferro, fazendo com que explosões fossem ouvidas ao redor da Cidade Santa pela primeira vez desde 2014.

Homem tremula a bandeira palestina em Al Aqsa, Jerusalém, durante as celebrações do Eid al-Fitr, nesta quinta-feira.
Homem tremula a bandeira palestina em Al Aqsa, Jerusalém, durante as celebrações do Eid al-Fitr, nesta quinta-feira. Mahmoud Illean (AP)

Os despejos do bairro de Sheikh Yarrah. A ameaça de despejo de dezenas de famílias palestinas de Jerusalém que moram no bairro de Sheikh Yarrah (ao norte da Cidade Velha) há sete décadas foi outro motivo para os confrontos entre manifestantes e a polícia nas últimas semanas. Grupos de colonos judeus ligados à extrema direita israelense exibem títulos de propriedade das casas, que alegam ter adquirido de proprietários judeus antes da criação do Estado de Israel em 1948. A Suprema Corte adiou no domingo a divulgação da sentença final.

Quem está em confronto no momento? As Forças Armadas israelenses, chamadas no país de Forças de Defesa de Israel, comandam a retaliação pelo lançamento de foguetes da Faixa de Gaza. O Exército israelense reforçou as áreas de fronteira do enclave palestino com batalhões de infantaria e veículos de combate. Mais de 3.000 reservistas foram mobilizados pelo comando da Divisão Sul. A aviação desfechou cerca de 500 operações contra as milícias palestinas posicionadas em Gaza. De acordo com as últimas informações militares, dos 1.600 mísseis lançados da Faixa de Gaza até esta quinta-feira —400 caíram no próprio território de Gaza—, 90% foram interceptados pelo sistema de defesa Domo de Ferro.

A ofensiva israelense aponta para dois grupos armados palestinos, as Brigadas Ezzedin al Qassam, braço militar do partido-milícia Hamas, que governa de fato a Faixa de Gaza, e as Brigadas Al Quds, da Jihad Islâmica, ambos considerados grupos terroristas pelo Estado hebraico. Desde segunda-feira, durante os primeiros quatro dias da ofensiva, 1.600 foguetes foram lançados da Faixa em direção ao centro e ao sul de Israel. O porta-voz do braço armado do Hamas, Abu Obaida, disse: “Atingir Tel Aviv, Jerusalém, Dimona —onde há uma usina nuclear israelense—, Ashdod e Beersheba é mais fácil do que beber um gole de água”.

La policía israelí disuelve una protesta contra el desahucio de familias palestinas en el distrito de Sheij Yarrah, el viernes en Jerusalén.
Polícia israelense dissolve protesto contra o despejo de famílias palestinas no bairro de Sheikh Yarrah, em Jerusalém, na sexta-feira.DPA vía Europa Press (Europa Press)

Quais danos o atual conflito causou? Pelo menos 90 pessoas perderam a vida durante os primeiros quatro dias de hostilidades entre o Exército israelense e as milícias palestinas. A maioria das vítimas estava na Faixa de Gaza. Nesse território morreram nos bombardeios israelenses 83 palestinos, entre civis e milicianos, dos quais pelo menos 17 eram menores de idade. Sete israelenses foram mortos pelos foguetes disparados pelo Hamas e a Jihad Islâmica, incluindo dois menores e um soldado.

Além disso, na Operação Guardião dos Muros, o Exército matou pelo menos 16 comandantes das milícias palestinas e destruiu várias edificações que, segundo informações do Shin Bet (serviço de inteligência interno israelense), abrigavam dependências dos dois grupos islamistas na Faixa de Gaza.

Há perspectivas de trégua? O Hamas vinculou qualquer cessação das hostilidades à retirada das forças israelenses da Esplanada das Mesquitas, enquanto Israel condiciona a trégua a garantir a segurança de sua população, o que implicaria finalizar a Operação Guardião dos Muros. Nenhuma das tentativas de mediação, nem do Egito, Qatar ou Nações Unidas, teve sucesso até agora. As reservas do Governo de Joe Biden têm impedido até agora a adoção de uma resolução no Conselho de Segurança da ONU.

Um homem passa pelos destroços de um prédio destruído após ser atingido por ataques aéreos israelenses na Cidade de Gaza, nesta quinta-feira.
Um homem passa pelos destroços de um prédio destruído após ser atingido por ataques aéreos israelenses na Cidade de Gaza, nesta quinta-feira. Adel Hana (AP)

Quais os cenários possíveis para os próximos dias? O Exército israelense declarou que sua Divisão Sul está trabalhando em uma provável operação terrestre para penetrar na Faixa de Gaza. A concentração de tropas, artilharia e carros de combate se intensificou nas últimas horas, segundo confirmou nesta quinta-feira um porta-voz do Exército citado pela Reuters, que indicou que o deslocamento de tropas de combate está sendo feito “em várias etapas de preparação das operações terrestres”. A operação dependeria da aprovação do Governo de Benjamin Netanyahu.

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