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Nicolas Sarkozy é condenado a três anos de prisão por corrupção e tráfico de influência

Ex-presidente francês poderá cumprir a pena em casa, sob medidas de monitoramento eletrônico

Marc Bassets
O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy chega ao tribunal que o julgou em Paris, nesta segunda-feira.
O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy chega ao tribunal que o julgou em Paris, nesta segunda-feira.ANNE-CHRISTINE POUJOULAT (AFP)
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O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi condenado nesta segunda-feira a três anos da prisão, dos quais terás de cumprir pelo menos um, por corrupção e tráfico de influência no chamado Caso Bismuth, ou das escutas telefônicas. Em 2014, já após encerrar seu mandato (2007-2012), Sarkozy, de acordo com o tribunal, ofereceu contrapartidas a um promotor em troca de informações e de ajuda em um processo que o atingia.

A sentença determina que Sarkozy poderá cumprir pena “em regime de detenção domiciliar sob vigilância eletrônica”, o que pode significar o uso permanente de uma pulseira de monitoramento remoto. O político, que durante o julgamento se declarou vítima de perseguição do Ministério Público e dos juízes, ainda pode recorrer da condenação.

O tribunal recriminou Sarkozy por “utilizar seu status de ex-presidente da República e as relações políticas e diplomáticas que teceu quando estava em exercício para gratificar um magistrado que atendia ao seu interesse pessoal”. Também é grave, segundo os juízes, que o autor dos fatos fosse alguém que, quando ocupou a chefia de Estado, foi “o fiador da independência judicial”.

A decisão do tribunal é um golpe para esse político de referência da direita francesa, que já responde a vários processos penais, mas até agora não havia sido condenado em nenhum. E não é o fim de seus problemas com a Justiça, pois em 17 de março ele será julgado novamente, desta vez pelo chamado Caso Bygmalion, relacionado a gastos excessivos e faturas falsas em sua frustrada campanha de 2012 à reeleição. Além disso, é réu por supostamente ter usado dinheiro do regime líbio de Muammar Gadafi para financiar a campanha de 2007 que o levou ao palácio do Eliseu.

Em 2011, o antecessor e mentor de Sarkozy, o presidente Jacques Chirac, foi sentenciado a dois anos de prisão por malversação de verbas públicas e abuso de confiança quando era prefeito de Paris, mas não cumpriu a pena devido à idade avançada e ao seu estado de saúde. Tanto Chirac, que morreu em 2019, como Sarkozy foram condenados por fatos ocorridos antes ou depois dos respectivos mandatos presidenciais.

A condenação complica as manobras do conservador Sarkozy, de 66 anos, para continuar influenciando a política francesa e inclusive voltar às disputas eleitorais. O ex-chefe de Estado flertava com a ideia de ser candidato a presidente em 2022 se o atual ocupante do cargo, Emmanuel Macron, desistisse de concorrer, ou se alguma crise grave eclodir no país até lá.

Além de Sarkozy, foram condenados às mesmas penas seu advogado Thierry Herzog e o ex-advogado-geral (procurador) da Corte de Cassação Gilbert Azibert. O tribunal considerou provado, depois do julgamento realizado no final de 2020, que os três participaram de um “pacto de corrupção”, revelado graças às escutas em uma linha telefônica secreta usada por Sarkozy e Herzog e que estava registrada sob o nome falso de Paul Bismuth.

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