México enfrenta missão “quase impossível” de recuperar o cocar de Montezuma e outros tesouros
Penacho que o imperador asteca deu de presente a Hernán Cortés é um dos objetos mais valiosos que o país tenta reaver na Europa. Museu austríaco alega que objeto é “frágil” demais para transferência
A escritora e historiadora Beatriz Gutiérrez Müller, esposa de Andrés Manuel López Obrador, empreendeu “uma missão” que o presidente do México qualificou como “quase impossível”: trazer para o país o penacho de Montezuma. O cocar é um conjunto de plumas de quetzal, ouro, prata e cobre que foi dado de presente pelo imperador asteca ao conquistador Hernán Cortés quando o espanhol chegou à América, no século XVI. O México reclamou a devolução da peça em diferentes ocasiões, em 1991 e 2011, mas o penacho permanece no Museu de Etnologia de Viena. Gutiérrez se reuniu na segunda-feira com o presidente austríaco, Alexander van der Bellen, como parte de uma visita europeia em que também esteve com o papa Francisco, o presidente da Itália, Sergio Mattarella, e a esposa do presidente Francês, Brigitte Macron, para lhes solicitar o empréstimo temporário de peças arqueológicas para comemorar as efemérides patrióticas de 2021.
“Recomendei a ela [Beatriz Gutiérrez] que insistisse no penacho de Montezuma, embora se trate de uma missão quase impossível, dado que se apropriaram dele por completo, a tal ponto que nem a Maximiliano de Habsburgo [imperador do México sob intervenção francesa, de 1864 a 1867] o emprestaram quando nos invadiram e impuseram o chamado Segundo Império Mexicano”, escreveu López Obrador no Twitter depois do encontro da historiadora com Van der Bellen. O objetivo é expor as peças recuperadas, entre elas o cocar de Montezuma, durante o bicentenário da independência mexicana (1821), do quinto centenário da queda de Tenochtitlán (antecessora pré-hispânica da Cidade do México, 1521) e dos 90 anos da fundação das primeiras vilas industriais nessa cidade, em 1931 ― todas elas, datas que coincidirão no ano que vem.
No dia 12 de outubro, aniversário da chegada de Colombo à América, o presidente mexicano insistiu para que Espanha peça perdão pela conquista do continente, qualificando como “muito polêmica” a celebração da data. Dias atrás, ele enviou uma carta ao Papa Franciso em que também propunha que ele pedisse desculpas em nome da Igreja Católica pelos abusos da conquista.
Segundo Gerard van Bussel, curador do Weltmuseum Wien, museu austríaco onde fica a peça pré-hispânica, no entanto, devido a seu estado frágil, não será possível liberar o objeto para o México “pelo menos nos próximos 10 anos”, já que seria necessário “um avião de 300 metros para compensar” as vibrações da transferência.
Le recomendé que insistiera en el penacho de Moctezuma, aunque se trata de una misión casi imposible, dado que se lo han apropiado por completo, al extremo de que ni a Maximiliano de Habsburgo se lo prestaron cuando nos invadieron e impusieron al llamado Segundo Imperio Mexicano.
— Andrés Manuel (@lopezobrador_) October 12, 2020
O tesouro asteca já foi solicitado pelo México em 1991, quando o Governo exigiu à Áustria que devolva a peça, mas não obteve resposta. Em 2011 as autoridades mexicanas ofereceram um intercâmbio temporário do penacho pela carruagem dourada do imperador Maximiliano de Habsburgo, exibida no Museu Nacional de História, na capital mexicana. Mas, embora a Áustria tenha aceitado agora emprestar o cocar, seu deslocamento não seria simples. O penacho foi restaurado entre 2010 e 2012 por especialistas do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH), como parte de um projeto de cooperação entre o México e a Áustria. Especialistas de ambos os países concordaram na época que seu “estado frágil” não permitia o deslocamento por mar, terra ou ar enquanto não existir uma tecnologia “que possa impedir qualquer vibração”.
A reivindicação do cocar presenteado em 1519 por Montezuma, que desconhecia a iminente intenção dos conquistadores de tomar seu império, coincide agora com outros pedidos de devolução encaminhados pelo México à Espanha e à Igreja Católica. Durante sua viagem pela Europa, Gutiérrez Müller também solicitou duas obras atualmente depositadas na Itália: o Codex Fiorentino, escrito entre 1540 e 1585 por frei Bernardino de Sahagún em náuatle, latim e castelhano, e o Codex Cospi, ou Bologna, um texto que revela os avanços em matemática e astronomia do povo náuatle anterior à invasão espanhola e que se encontra na Universidade de Bolonha. A historiadora e escritora também reivindicou uma série de peças arqueológicas à França e em breve visitará a Alemanha, de acordo com fontes da Presidência, para continuar com a tarefa de trazer ao país, mesmo que temporariamente, tesouros pré-hispânicos espalhados pelo mundo.
Outros tesouros espalhados pelo mundo
Códice maia de Dresden
Máscara de Tezcatlipoca
A máscara de Quetzalcóatl
Nican Mopohua
Serpente asteca de duas cabeças
Códice Borbónico
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