_
_
_
_

De Jacinda Ardern a Marielle Franco, livro conta as histórias das mulheres da política para adolescentes

A jornalista norte-americana Caitlin Donohue publica ‘She Represents’, que traz o perfil de 44 políticas de vários países

Isabella Cota
A escritora e jornalista Caitlin Donohue,  autora do livro 'She represents', na Cidade do México.
A escritora e jornalista Caitlin Donohue, autora do livro 'She represents', na Cidade do México.Barbara Byrd
Mais informações
Élisabeth Zaza (izquierda) y Simone de Beauvoir, en Gagnepan en 1928.
Sai à luz o romance inédito mais íntimo de Simone de Beauvoir, ‘As Inseparáveis’
This Dec. 25, 1968 photo provided by the Kamala Harris campaign shows her with her sister, Maya, on Christmas. (Kamala Harris campaign via AP)
Kamala Harris, as duas vidas da menina negra do ônibus
O momento em que um homem invadiu uma videoconferência da dentista Giovana Mondardo (ao centro) e começou a dançar sem roupa. Invasões visam criar constrangimento.
Sequestro machista de videoconferências tenta calar as mulheres na política brasileira

Pela primeira vez os Estados Unidos poderão votar em uma mulher negra para o cargo de vice-presidenta na eleição de 3 de novembro. Kamala Harris, nascida de mãe indiana e pai jamaicano, concentrou sua mensagem política na representação de gênero e origem étnica. “Te vejo. Te escuto”, é seu mantra. Quando diz isso, está olhando diretamente para as garotas dos Estados Unidos. A candidata democrata é uma das 44 mulheres citadas no livro She represents, da jornalista norte-americana Caitlin Donohue, que mora na Cidade do México.

O livro, publicado em inglês pela editora Lerner, traz ilustrações de cada uma das personagens, desde chefas de Governo como Angela Merkel, da Alemanha, e Jacinda Ardern, da Nova Zelândia, até parlamentares como Tatiana Clouthier, do México, e a chilena Camila Vallejo. Também inclui outras latino-americanas: Carmen Yulín Cruz Soto, prefeita de San Juan (Porto Rico), e Marielle Franco, que foi vereadora no Rio de Janeiro e ativista LGBTQI+ até ser assassinada em 2018.

Donohue, 35 anos, é uma autora estreante. Iniciou a carreira em San Francisco como jornalista cobrindo movimentos sindicais e a cultura hippie na Califórnia. Seu trabalho inclui uma investigação que expôs os abusos sexuais de um conhecido blogueiro daquela cidade. Natural de Austin (Texas), sempre procurou combinar as questões de gênero com a cultura. É autora do primeiro perfil em inglês do cantor de reggaeton porto-riquenho Bad Bunny.

Não se trata de um livro de entrevistas, esclarece Donohue. She represents é uma coleção de histórias dessas mulheres: de onde vêm, como passaram a representar os cidadãos e quais são seus ideais. O livro também não foi escrito para os fãs ou seguidores, mas para adolescentes curiosos por entender como essas mulheres alcançaram diferentes cargos políticos. Busca despertar o interesse pela representação democrática.

O livro 'She represents'.
O livro 'She represents'.Cortesía del autor

Donohue diz, por exemplo, que Camila Vallejo começou como presidenta da Federação de Estudantes da Universidade do Chile. Essa radical organização estudantil desencadeou com um protesto todo um movimento que acabou mudando a composição política do país. “Agora ela é deputada, então, eu queria incluí-la porque é um caso muito claro de ligação entre a política estudantil e a política das grandes coligações. Se este é um livro para adolescentes, tenho que mostrar que as coisas que você faz na adolescência podem te levar a uma posição muito importante mais tarde na vida”, afirma a autora.

O livro, que está sendo lançado em meio à campanha eleitoral nos EUA, retrata por igual democratas e republicanos. A ideia original, diz Donohue, era apenas traçar perfis de políticas e governantes dos EUA, mas o contexto polarizador em seu país natal e o trabalho de mulheres em posições de liderança em outros países influenciaram sua decisão de se abrir para o restante do mundo. “Com muita frequência somos levados a limitar nossa visão do mundo apenas aos Estados Unidos”, diz Donohue, que vive no México há seis anos. “Sinceramente, acredito que o mundo seria um lugar melhor se as pessoas nos Estados Unidos soubessem mais sobre outros países.”

Muito já se falou sobre como os países com líderes mulheres navegaram melhor na pandemia do coronavírus em comparação com líderes homens. Donohue também decidiu incluir, no último minuto, a governadora do Estado de Michigan, Gretchen Whitmer. “Michigan foi um dos lugares nos Estados Unidos que viram grupos armados de direita protestarem contra o uso de máscaras, manifestando-se contra o fechamento da economia. E Gretchen foi uma das poucas governantes que enfrentou essas pessoas para dizer ‘isso não está certo, não vamos simplesmente abrir tudo só porque você quer comer no McDonald’s ou algo assim. Nós estamos todos juntos nisso.”

Não faltam figuras que se tornaram ícones do feminismo na política, como a deputada distrital de Nova York, Alexandria Ocasio-Cortez e a senadora Elizabeth Warren, ambas pelo Partido Democrata. She represents também inclui mulheres de ultradireita, como a secretária de Educação de Donald Trump, Betsy Devos, e a chefa do Departamento de Transportes, Elaine Chao.

“Era muito importante para mim incluir as mulheres da Administração Trump, porque este não é um livro sobre modelos a seguir, é um livro sobre as mulheres que são mais influentes na política global hoje. Você pode achar que elas acreditam em coisas que você não acredita, mas, ainda assim, é importante que os adolescentes as conheçam e é importante conhecer sua história de vida e poder conectar essas coisas, para se perguntar algo como por que essa mulher tem esses valores políticos? Bem, podemos voltar no tempo e ver onde elas se criaram, quem eram seus familiares, quais foram os obstáculos que encontraram na vida”, opina a autora.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_