Trump pede à ONU que faça a China “prestar contas” pela propagação do coronavírus
Líderes mundiais discursam em um encontro virtual marcado pela pandemia e a tensão entre Washington e Pequim. Xi Jinping diz que cooperação deve ser colocada acima de disputas ideológicas
O presidente dos EUA, Donald Trump, transformou seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas em um ataque frontal à China, que ele novamente acusou de ter espalhado o coronavírus no mundo por mentir, segundo ele, sobre sua periculosidade e incidência. “As Nações Unidas têm que fazer a China prestar contas”, disse o republicano durante a conferência de alto nível, que está sendo realizada de modo virtual em consequência da pandemia.
O primeiro a falar nesta terça-feira foi o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. O segundo, Donald Trump. Em seguida, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, seguido pelo presidente chinês Xi Jinping, e o líder do Kremlin, Vladimir Putin. Os últimos discursos serão do presidente iraniano, Hassan Rohani, e do francês, Emmanuel Macron.
Em resposta a uma provocação do secretário-geral da ONU, António Guterres ―que alertou sobre o risco de uma Guerra Fria entre Washington e Pequim―, o presidente chinês Xi Jinping, respondeu que não tem interesse em manter uma guerra “nem fria e nem quente”. “Devemos ver uns aos outros como membros da mesma grande família, perseguir uma cooperação na qual todos ganhemos e colocá-la por cima das disputas ideológicas, sem cair na armadilha da guerra entre civilizações", declarou o chinês. “A China é o maior país em desenvolvimento no mundo, um país comprometido com um desenvolvimento pacífico, aberto, cooperativo e comum. Nunca vamos buscar a hegemonia, expansão ou esferas de influência", completou o presidente.
O presidente chinês também rejeitou qualquer tentativa de “estigmatização” em torno da pandemia do coronavírus. Em mensagem de vídeo, Xi ressaltou que a resposta à doença deve ser “orientada pela ciência” e destacou o papel fundamental da Organização Mundial da Saúde (OMS), muito criticada por Trump, no combate à crise. “O vírus será derrotado. A humanidade vencerá esta batalha”, insistiu o líder chinês.
Durante seis horas, o primeiro debate da Assembleia Geral da ONU dará voz aos principais atores do tabuleiro geopolítico mundial; uma mesa onde a estratégia multilateral prima pela ausência e que evidencia a hiperliderança de alguns dirigentes que se confrontam. Como fica demonstrado pela contínua tensão entre EUA e China, que delineia um cenário que lembra a Guerra Fria, tendo a Rússia como fator desestabilizador no Ocidente, o desafio turco no leste do Mediterrâneo e o anúncio do Governo dos Estados Unidos de impor novas sanções a seu inimigo iraniano.
Pela primeira vez nos 75 anos de história da ONU, os líderes mundiais não se verão ao vivo na sede da organização em Nova York. Em consequência da pandemia, será uma sucessão de discursos previamente gravados, com duração máxima de 15 minutos. Esse formato inusitado, que não dá margem a improvisações, terá como um dos principais temas a gestão mundial da covid-19, uma pandemia que já deixou quase um milhão de mortes em todo o planeta.
"A calamidade climática se aproxima. A biodiversidade está entrando em colapso. A pobreza cresce novamente. O ódio se espalha. As tensões geopolíticas estão em escalada. As armas nucleares permanecem em alerta de gatilho sensível. As tecnologias abriram novas oportunidades, mas também novas ameaças. A pandemia da covid-19 deixou a descoberto a fragilidade do mundo. Só podemos enfrentá-los juntos ", disse nesta segunda-feira o secretário-geral da ONU, António Guterres, durante a cerimônia de abertura que comemorou o 75º aniversário da organização multilateral.
Um ato no qual apenas um diplomata de cada país foi autorizado a entrar, com poucos jornalistas, as salas de reuniões às escuras, as cafeterias fechadas e nenhuma aglomeração de delegações internacionais nos corredores deste emaranhado de andares e gabinetes que é a sede da ONU, situada no East River em Manhattan.
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