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Secretário-geral da ONU: “A pandemia deixou a descoberto as fragilidades do mundo”

Presidente Jair Bolsonaro fará o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira, e deve rebater críticas sobre destruição do meio-ambiente

Pablo Guimón
António Guterres, em seu discurso no 75º aniversário da ONU, nesta segunda-feira, em Nova York.
António Guterres, em seu discurso no 75º aniversário da ONU, nesta segunda-feira, em Nova York.Eskinder Debebe (AP)
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An injured adult male jaguar sits on the bank of a river at the Encontros das Aguas Park, in the Porto Jofre region of the Pantanal, near the Transpantaneira park road which crosses the world's largest tropical wetland, in Mato Grosso State, Brazil, on September 15, 2020. - The Pantanal, a region famous for its wildlife, is suffering its worst fires in more than 47 years, destroying vast areas of vegetation and causing death of animals caught in the fire or smoke. (Photo by Mauro Pimentel / AFP)
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Na comemoração do 75º aniversário da Organização das Nações Unidas, seu secretário-geral, António Guterres, pediu nesta segunda-feira a preservação do mais longo período de paz entre as grandes potências mundiais. Guterres lembrou que “foram necessárias duas guerras mundiais, milhões de mortes e os horrores do Holocausto para que os líderes mundiais se comprometessem com a cooperação internacional e o império da lei”. “Uma terceira guerra mundial, que muitos temiam, foi evitada. Esta é uma grande conquista da qual os Estados membros podem se orgulhar e que todos devemos nos esforçar para preservar”, acrescentou.

Nascida após o segundo grande conflito bélico do século XX, com o objetivo de proteger as gerações futuras da devastação de outra grande guerra, a ONU celebra este ano seu 75º aniversário em um mundo politicamente polarizado, abalado por inúmeros conflitos regionais, enfrentando uma emergência climática e uma crise econômica mundial e, acima de tudo, subjugado por uma terrível pandemia que já deixou quase um milhão de mortos em todo o planeta. “Hoje temos um superávit de desafios multilaterais e um déficit de soluções multilaterais”, observou Guterres.

A calamidade climática se aproxima. A biodiversidade está entrando em colapso. A pobreza cresce novamente. O ódio se espalha. As tensões geopolíticas estão em escalada. As armas nucleares permanecem em alerta de gatilho sensível. As tecnologias abriram novas oportunidades, mas também novas ameaças. A pandemia da Covid-19 deixou a descoberto as fragilidades do mundo. Só podemos enfrentá-las juntos ", disse o secretário-geral.

O ato desta segunda-feira serve como um prelúdio para a Assembleia-Geral da ONU, que realizará nesta terça-feira uma de suas mais estranhas sessões anuais, de modo inteiramente virtual. O presidente Jair Bolsonaro irá fazer o tradicional discurso de abertura do encontro. A expectativa é de que ele use este espaço para rebater as acusações de que seu Governo não age para combater as queimadas e a devastação na Amazônia e no Pantanal.

Por causa da pandemia, o ato desta segunda-feira não teve o tom de celebração e se limitou a uma sucessão de breves declarações gravadas, de cerca de três minutos cada uma, de representantes dos Estados-Membros. Na sede da entidade, em Nova York, representantes de cada um dos países estavam encarregados de transmitir os vídeos dos respectivos chefes de Estado.

Em seu discurso, o rei da Espanha, Felipe VI, aderiu ao apelo para o fortalecimento do multilateralismo como resposta aos grandes desafios que o mundo enfrenta. “Por causa da pandemia, a humanidade está vivendo uma crise mundial inédita que põe à prova os nossos países e o sistema das Nações Unidas, mas que também demonstra quão necessária é a cooperação internacional estruturada em um mundo cada vez menor”, disse o chefe de Estado espanhol em seu discurso. “A resposta aos desafios atuais requer um multilateralismo reforçado, mais inclusivo e aprimorado, que facilite a colaboração entre os atores estatais e a sociedade civil e que resulte em um impacto real, positivo e tangível na vida das pessoas.”

Para coincidir com seu 75º aniversário, a ONU lançou este ano um grande estudo demoscópico que foi descrito como “uma conversa mundial”. Por meio de pesquisas e reuniões com mais de um milhão de pessoas dos 193 países membros, o objetivo era determinar as esperanças e medos em relação ao futuro. É o esforço mais ambicioso até agora para compreender as expectativas na cooperação internacional e na ONU em particular e, segundo Guterres, os resultados são “chamativos” e notavelmente homogêneos em todo o mundo.

Em meio à pandemia, a prioridade imediata da maioria dos pesquisados, segundo o estudo, é melhorar o acesso aos serviços básicos, como saúde e educação, seguido pela necessidade de maior solidariedade internacional e maior apoio aos mais desfavorecidos. A crise climática e a destruição do meio ambiente também são, segundo o estudo, “preocupações avassaladoras”. Um total de 87% dos entrevistados considera que a cooperação mundial é “vital para enfrentar os desafios de hoje” e 60% acreditam que a ONU tornou o mundo um lugar melhor.

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