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China assume o controle do consulado dos EUA em Chengdu

“Sempre sentiremos sua falta", escreveu no Twitter a representação diplomática dos EUA na China

Na foto, a Polícia chinesa marcha diante do ex-consulado dos EUA em Chengdu em 27 de julho de 2020.
Na foto, a Polícia chinesa marcha diante do ex-consulado dos EUA em Chengdu em 27 de julho de 2020.Ng Han Guan (AP)
Macarena Vidal Liy
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A bandeira dos EUA em seu consulado em Chengdu (China central) foi arriada ao amanhecer. Deixaram o local veículos com placas diplomáticas, caminhões de mudança e um ônibus, certamente com destino a outra das representações diplomáticas norte-americanas em solo chinês. Um grupo de funcionários dos EUA a pé, com malas na mão, foi o último a sair, enquanto a Polícia continha as dezenas de curiosos que se reuniram durante o fim de semana para tirar fotos diante da porta principal. Às 10 horas da manhã, horário local (23 horas de domingo em Brasília) ―horário em que expirava o prazo dado por Pequim para a interrupções das operações e saída do pessoal do recinto―, a legação foi fechada, segundo confirmou o Ministério das Relações Exteriores da China.

Nesse momento, "as autoridades competentes chinesas entraram pela porta principal e assumiram o controle das instalações", confirmou o ministério em um comunicado. Os soldados chineses que rotineiramente protegem as legações diplomáticas estrangeiras se retiraram. Um grupo de funcionários públicos chineses, chegado de ônibus, desceu e entrou no recinto. Alguns deles estavam vestidos com equipamento de proteção individual (EPIs), de acordo com imagens transmitidas ao vivo pela televisão chinesa. Outros começaram a proteger o acesso ao edifício. Vários trabalhadores com máscaras e luvas de plástico cobriram com um pano cinza as placas que identificavam o edifício como o Consulado dos EUA.

No Twitter, a conta da representação diplomática dos EUA na China postou um vídeo com momentos da história dessa representação, inaugurada em 1985, e a mensagem “hoje nos despedimos do consulado americano em Chengdu. Nós sempre sentiremos a sua falta”.

A China ordenou o fechamento do consulado na sexta-feira em resposta a uma exigência similar dos EUA para o consulado chinês em Houston, uma decisão transmitida na terça-feira da semana passada. Ambos os países se deram respectivamente 72 horas de prazo para a interrupção das operações nas legações.

Os Estados Unidos afirmaram que a representação chinesa em Houston era um centro de espionagem, acusação que Pequim devolveu, ao dizer funcionários do consulado norte-americano de realizarem "tarefas que não se encaixavam na descrição" de seu cargo.

O prazo para o consulado chinês em Houston cessar suas operações expirou na sexta-feira. Em seguida, as autoridades norte-americanas também entraram nas instalações diplomáticas, em meio a protestos do Governo chinês, que indicou que havia apresentado uma queixa oficial. Os trabalhos dessas instalações serão assumidos pela Embaixada da China em Washington.

Deterioração das relações

A “crise dos consulados” é o incidente diplomático mais grave até agora no âmbito da deterioração generalizada das relações entre os dois países, que se encontram no ponto mais baixo desde 1979, quando ambos os Governos estabeleceram laços plenos. Embora as tensões viessem crescendo desde o início da pandemia do coronavírus, com a troca de acusações em torno da origem do vírus e da gestão da doença, a crise disparou desde que a China impôs uma lei de Segurança Nacional para Hong Kong que entrou em vigor em 30 de junho e que os Estados Unidos consideram que na prática põe fim à ampla autonomia desse enclave.

As duas partes já haviam expulsado jornalista e, nas últimas semanas foram impostas sanções recíprocas relativas a Hong Kong, ao Tibete e à região de Xinjiang ―lar da minoria muçulmana uigure. Além disso, a China anunciou punições por uma nova venda de armas dos EUA para Taiwan, e Washington declarou ilegal a maioria das reivindicações territoriais de Pequim no mar do Sul da China. Na quinta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, proferiu um discurso em que, em linguagem típica da Guerra Fria, fez um chamado ao “mundo livre” para pressionar contra a “tirania” chinesa.

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