O advogado antifeminista que foi à casa da juíza do caso Epstein atirar contra sua família
Roy Den Hollander, suspeito de assassinar o filho da magistrada Esther Salas, de Nova Jersey, publicou comentários racistas e misóginos em seu site
Antes que Roy Den Hollander se plantasse em frente à casa da juíza Esther Salas e atirasse na família dela, esse advogado de 72 anos passou anos proclamando ser abertamente antifeminista e “defensor dos direitos dos homens”. Na tarde de domingo passado, o bacharel chegou ao domicílio da magistrada em Nova Jersey, empunhou uma arma e supostamente disparou contra a família dela. Seu filho, de 20 anos, foi atingido no coração e morreu imediatamente, enquanto seu marido, o advogado Mark Anderl, ficou ferido. Salas saiu ilesa do ataque porque estava no porão da casa, e o suspeito não a achou. Mas fazia tempo que a juíza estava na mira de Hollander.
O advogado havia apresentado em 2015 perante a magistrada uma ação contra o sistema de recrutamento do Exército dos Estados Unidos, argumentando que era discriminatório que só os homens se alistassem nas Forças Armadas. Salas admitiu sua denúncia sem maiores trâmites. Entretanto, em seu site ― que já foi tirado do ar pelas autoridades ― Hollander fazia comentários racistas contra ela, descrevendo-a como “uma juíza latina, incompetente e vagabunda nomeada por (Barack) Obama”.
O corpo de Hollander foi achado nesta segunda-feira em seu apartamento em Nova York com um ferimento por arma de fogo, no que se presume ser um suicídio. No último ano, o advogado tinha passado quase todos os seus casos para colegas, pois havia recebido um diagnóstico de câncer terminal. As autoridades investigam se ele procurava se vingar de algumas pessoas antes de morrer. Em seu carro foram achados a foto e o nome da juíza Janet M. DiFiore, de Nova York, e um pacote vazio em nome da magistrada Salas. Vizinhos dela relataram à polícia que um foi um homem com uniforme de mensageiro que tocou a campainha e atirou contra a família da juíza.
Nos últimos anos, Hollander tinha apresentado denúncias contra bares que ofereciam descontos a mulheres e também contra a Universidade Columbia por oferecer cursos sobre estudos de gênero. Em seu site, compartilhava constantemente documentos com estratégias sobre “como lutar contra as feministas”, e havia aparecido algumas vezes em canais de TV dos EUA acusando as mulheres de serem “as verdadeiras opressoras”. Em seus escritos transparece o ódio que sentia pelas mulheres; ele argumentava que os tribunais “violam os direitos masculinos” e que um dos últimos recursos dos homens para se defenderem eram as armas de fogo. “Lutar pelos direitos dos homens não é um assunto muito popular nos Estados Unidos nestes dias”, disse ele ao The New York Times em 2011.
Esther Salas, de 51 anos, de origem cubana e mexicana, foi nomeada em 2010 pelo presidente Barack Obama e se tornou a primeira mulher latina a encabeçar uma corte em Nova Jersey. Justamente na quinta-feira passada, havia recebido o processo relativo às contas no Deutsche Bank do bilionário Jeffrey Epstein, sentenciado por tráfico sexual e morto no ano passado ― razão pela qual inicialmente essa conexão foi considerada como uma das linhas de investigação. Entretanto, a magistrada também esteve envolvida em outros processos notórios, como a condenação à prisão de um famoso casal do programa de televisão Real Housewives of New Jersey e de Farad Roland, líder do cartel do South Side no Newark. Salas havia comentado anteriormente a vizinhos que temia sofrer algum ataque devido à relevância dos casos que tinha em mãos.
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