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EUA acusam Maduro de narcotráfico e oferecem 15 milhões de dólares por informações que o levem à prisão

“É hora de chamar este regime pelo nome”, disse o secretário de Justiça, William Barr, ao anunciar acusações que também afetam outras autoridades do Governo venezuelano

Nicolás Maduro, em 22 de março, em Caracas.
Nicolás Maduro, em 22 de março, em Caracas.- (AFP)
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O Governo dos Estados Unidos apresentou uma acusação criminal contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, por tráfico internacional de drogas. Assim confirmou o chefe do Departamento de Justiça, William Barr, num pronunciamento transmitido pela Internet no qual anunciou “recompensas por informações que possam levar à detenção e à prisão” de Maduro e de outros membros da cúpula do regime. Os demais funcionários venezuelanos acusados são Diosdado Cabello Rondón, presidente da “ilegítima Assembleia Constituinte”; Maikel Moreno, presidente do Supremo Tribunal de Justiça; Vladimir Padrino, ministro da Defesa; Hugo Carvajal Barrios, ex-diretor da inteligência militar; o general aposentado Cliver Alcalá Cordones; e Tarek El Aissami, ministro de Indústria e Produção Nacional. O Governo dos EUA oferece uma recompensa de 15 milhões de dólares (75 milhões de reais) por informações sobre Maduro e outra de 10 milhões de dólares (50 milhões de reais) por dados que levem à detenção dos demais dirigentes chavistas.

“O povo venezuelano merece um Governo representativo responsável e transparente a serviço das necessidades das pessoas, que não traia a confiança do povo ao perdoar ou empregar funcionários públicos envolvidos no tráfico ilegal de narcóticos”, afirmou em nota o secretário de Estado, Mike Pompeo. “Os EUA se comprometem a ajudar o povo venezuelano na restauração da democracia por meio de eleições presidenciais livres e justas.”

As acusações são uma nova escalada da pressão da Administração de Donald Trump para tirar Maduro do poder. “Hoje Nicolás Maduro será processado pelo Departamento de Justiça e acusado de narcoterrorismo”, havia dito no Twitter às 10h15 (em Washington) o senador republicano Marco Rubio, um dos legisladores norte-americanos mais beligerantes em relação ao regime chavista.

As acusações de atividades criminosas contra o Governo da Venezuela têm sido frequentes no Departamento de Estado. “[Maduro] lidera algo que se assemelha mais a cartel de drogas que a um Governo”, disse Pompeo em janeiro. “É hora de chamar este regime pelo nome”, afirmou o secretário Barr no anúncio desta quinta-feira.

Os EUA e dezenas de países reconheceram o opositor Juan Guaidó como presidente legítimo da Venezuela. Mais de um ano após o reconhecimento, no entanto, e com um país mergulhado numa profunda crise, Maduro continua no poder ―sustentado pelo Exército e apoiado por Cuba, Rússia e China.

O anúncio inquietou o Governo de Maduro, que há um ano enfrenta um isolamento internacional sem precedentes, desde que iniciou sua disputa com Guaidó. Nas últimas semanas, em meio à crise do coronavírus, o chavismo tentou restabelecer alguns canais diplomáticos e inclusive ensaiou uma tímida tentativa de retomar as relações com a vizinha Colômbia, a fim de explorar uma estratégia conjunta frente à pandemia. Mas as acusações de Washington fecharam esse caminho.

A primeira reação do sucessor de Hugo Chávez foi a habitual: uma acusação contra os governos de Trump e do colombiano de Iván Duque. “Ratifico minha denúncia! EUA e Colômbia conspiram e deram a ordem de levar a violência à Venezuela. Como chefe de Estado, sou obrigado a defender a paz e a estabilidade de toda a pátria, em qualquer circunstância. Não puderam nem poderão!”, escreveu o mandatário no Twitter, logo após o anúncio dos EUA.

As acusações feitas por Washington se referem à colaboração de Caracas com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), o grupo guerrilheiro que em 2016 assinou a paz com Bogotá, desmobilizou-se e se transformou em partido político. Durante a aplicação dos acordos, em agosto passado, alguns dirigentes da antiga guerrilha anunciaram seu regresso às armas, e as autoridades colombianas acusam Maduro de protegê-los na Venezuela. Os dois países são separados por uma fronteira de mais de 2.200 quilômetros, que agora está fechada por ordem de Duque para evitar a propagação da Covid-19.

Entre os dirigentes apontados por Washington, encontra-se a cúpula do chavismo. Diosdado Cabello representa a ala mais radical do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e já foi sancionado pelo Departamento do Tesouro dos EUA. Tareck El Aissami havia sido imputado por Washington por crimes relacionados com o narcotráfico. E Hugo Carvajal Barrios, conhecido como El Pollo, ex-chefe da inteligência militar, foi capturado ano passado em Madri e espera ser extraditado pela Justiça espanhola a Washington.

O Governo de Maduro está há anos sob a lupa das autoridades norte-americanas, e a recompensa pela captura do presidente é mais um passo de Trump na tentativa de fechar o cerco contra ele. Nas últimas semanas, houve alguns sinais de distensão entre o Governo e a oposição, que acordaram iniciar os trâmites para renovar o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) visando realizar as eleições legislativas previstas para este ano.

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