Em último voo, Kobe Bryant enfrentou névoa densa e altitude baixa que impediu comunicação
Lenda do basquete decidiu ir de helicóptero ao jogo da filha, que também morreu no acidente, apesar da intensa neblina que tornava a viagem perigosa
Na manhã de domingo, a região de Los Angeles amanheceu coberta por uma névoa tão densa que a polícia da cidade decidiu não usar seus helicópteros para patrulhar. Seria muito perigoso. As aeronaves do delegado também não decolaram naquela manhã. Não se via nada. Kobe Bryant, no entanto, decidiu levar de helicóptero a filha Gianna e uma amiga a um jogo de basquete do outro lado do condado. Bryant usava esse meio de transporte frequentemente desde seus tempos de estrela do Los Angeles Lakers para evitar o trânsito da cidade. O voo durou 41 minutos. Os nove ocupantes do helicóptero morreram quando o helicóptero colidiu com uma área montanhosa muito próxima do destino por razões ainda desconhecidas.
A aeronave era um helicóptero Sikorsky S-76B, com prefixo N72EX, construído em 1991. Pertencia à empresa Island Express. Ainda não foi divulgado se Bryant alugava esse aparelho em particular com frequência. Os dados do controle aéreo mostram que a aeronave saiu às 9h06 (14h06 em Brasília) do aeroporto John Wayne, em Santa Ana, no condado de Orange, o trecho mais rico do litoral ao sul de Los Angeles, onde mora a família Bryant. O traçado do radar mostra que o helicóptero se dirigia ao norte pelo leste de Los Angeles.
Ia para Thousand Oaks, a noroeste de Los Angeles e a cerca de 120 quilômetros em linha reta de Santa Ana. Lá, a filha de Kobe Bryant, Gianna Maria Onore, de 13 anos, jogaria às duas da tarde uma partida de basquete contra uma equipe de Fresno. Com eles viajava ao menos outra companheira de equipe acompanhada pelos pais. No plano de voo constavam oito passageiros e o piloto.
Quando chegou à região do zoológico de Los Angeles, no parque Griffith, o piloto entrou em contato com a torre do aeroporto Bob Hope, em Burbank. Pediu permissão para passar. De acordo com a gravação das conversas com a torre publicada no portal LiveATC.net e reproduzida pela imprensa local, a torre disse que havia uma aeronave que voava por IFR (por instrumentos, sem visibilidade) e pediu ao piloto que esperasse. O helicóptero ficou 15 minutos circulando acima do zoológico de Los Angeles.
Às 9h30, a torre de Burbank disse ao piloto que podia passar e que o fizesse rodeando o aeroporto pelo norte, seguindo a autoestrada 5, e que continuasse voando em modo visual (VFR) a menos de 2.500 pés (762 metros) de altura.
A partir daí começou sua viagem para o oeste, onde fica o subúrbio de Calabasas. O piloto do helicóptero disse à torre de Burbank que seu plano era seguir a autoestrada 118 em direção ao oeste e depois seguir a estrada 101 até o destino. A comunicação foi encerrada, e o helicóptero entrou em contato com o outro aeroporto do norte de Los Angeles, o de Van Nuys. A torre de Van Nuys disse ao piloto que o vento estava calmo e a visibilidade era de duas milhas e meia.
O piloto do helicóptero confirmou para a torre de Van Nuys que estava voando em modo visual a 1.500 pés de altura (457 metros). Rodeou o pequeno aeroporto, usado principalmente para voos particulares e depois virou para o sul. Então entrou na região montanhosa de Thousand Oaks e Calabasas. O controle de voo passou então para o sistema SoCal. Eram 9h42.
O controlador de voo perguntou três vezes ao piloto se precisava de ajuda com o voo. Não houve resposta, provavelmente porque o helicóptero voava tão baixo que não captou o sinal. Na última comunicação, o controlador disse: “Helicóptero N72EX, voa muito baixo para guiá-lo neste momento”. Não se referia a que a altura fosse perigosa, mas que voava tão baixo que não captava o sinal de rádio e não podiam falar.
Os dados do Flightradar24 mostraram que o aparelho se aproximou das montanhas a 1.200 pés de altitude (365 metros). De repente, às 9h43, subiu bruscamente em apenas um minuto até os 2.000 pés (609 metros).
Às 9h45, o aparelho desapareceu do radar. Às 9h47, o telefone de emergência dos bombeiros de Los Angeles recebeu a primeira ligação de uma testemunha dizendo que um helicóptero caíra perto do número 4.200 da Las Virgenes Road, nas colinas de Calabasas.
Os restos do helicóptero onde estava Kobe Bryant, a filha Gianna e outros sete ocupantes se espalharam por uma área do tamanho de um campo de futebol em uma colina de difícil acesso a pé, explicou o xerife de Los Angeles, Alex Villanueva. Entre bombeiros e médicos, 56 membros das equipes de emergência foram para o local. O xerife e o médico legista do condado anteciparam que a identificação dos corpos levará “dias”. Os legistas ainda trabalhavam durante a noite para resgatar os corpos.
A investigação das causas do acidente aéreo acabou de começar. As equipes da Administração Federal de Aviação (FAA) e da Comissão Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB) são as responsáveis pelas investigações.
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