Em Akron, berço de Curry e LeBron, manda o Rei
Os dois astros nasceram na mesma pequena cidade de Ohio, mas James é o herói local por sua contribuição à sociedade
Nasceram no mesmo hospital, o Summa Akron City, no centro de Akron (Ohio), uma pequena e decadente cidade industrial de 200.000 habitantes localizada a uma hora ao sul de Cleveland. LeBron James cresceu nela, andou de bicicleta por suas ruas e jogou em suas quadras públicas, mas Stephen Curry, do Golden State Warriors, se mudou menos de dois anos depois de seu nascimento. O primeiro, com o parêntesis de sua etapa de quatro anos em Miami (2010-2014) que tanto machucou seus conterrâneos, manteve suas raízes tal como demonstrou quando voltou para os Cavaliers; o segundo as perdeu.
Hoje, os que talvez sejam os dois melhores jogadores da NBA disputam o título (3 x 1 na série final para o Golden State), mas em Akron James sempre vence. O Rei (ou The King), como é conhecido, tem 32 anos, três a mais do que seu grande rival. Stephen nasceu em 1988, quando seu pai, Dell, jogou sua única temporada com o Cleveland Cavaliers, no início de uma longa carreira na NBA em que se destacou como um bom arremessador, especialmente durante as 10 temporadas em que pertenceu ao Charlotte Hornets.
Durante anos, LeBron James contribuiu ao desenvolvimento educacional e cultural da cidade através de sua fundação. Anualmente doa bicicletas, prometeu pagar a universidade a pelo menos 1.000 estudantes dos colégios públicos de Akron e reformou quadras de basquete. Nos últimos meses, James também anunciou que abrirá seu primeiro colégio próprio, que seguirá um modelo educativo mais integral, focado em esportes e nas atividades extraescolares, não somente no acadêmico.
“Uma das razões principais pelas quais as pessoas gostam dele é porque contribui à comunidade”, diz Cathy, moradora de Akron. Afirma que além de suas ações, James inspira outros – como sua sobrinha, que abandonou seus planos profissionais para trabalhar na Fundação LeBron James – para melhorara a vida de seus conterrâneos. Considera Curry um “arrogante”. “Não gostamos dele por aqui”, confirma.
Caso ainda exista alguma dúvida, a rua principal de Akron, antigamente conhecida por ser o epicentro da produção de pneus, a esclarece. Um grande mural de James, que segura o troféu da NBA conquistado pelo Cavaliers pela primeira vez em 2016, anuncia: “Estou em casa”.
Nick Carpas, cuja família é dona do Akron Family Restaurant, tem opinião semelhante. “Vimos LeBron crescer”. “Conhecemos seu bairro, uma área pobre. O dele era assim e quer contribuir para mudá-lo”, afirma o jovem, que estudou em St. Vincent-St. Mary, o colégio do qual James foi direto para a NBA sem passar pela universidade, uma anomalia entre os jogadores de basquete profissional. “Ele nos visitava sempre, não era raro vê-lo e cumprimentá-lo: ‘Oi LeBron”, comenta entre risadas antes de se levantar para continuar atendendo os clientes do restaurante. Com o início das finais trocou o uniforme por uma camiseta do Cavs.
Nick, como LeBron, é “só um rapaz de Akron”. Mas graças ao astro, isso hoje em dia é motivo de orgulho para os jovens da cidade. E também é o lema de James. No ginásio de basquete do St. Vincent-St. Mary, onde iniciou sua explosão atlética, é lembrado em numerosas fotografias. Nelas, um garoto alto, magro, era só mais um do quinteto. Elas se alternam com mensagens e frases do craque – “humildade, esforço, trabalho duro, disciplina, lealdade” – que os mais novos leem antes de ir à quadra todo final de semana no colégio.
Vimos LeBron crescer. Conhecemos seu bairro, uma área pobre. O dele foi assim e quer contribuir para o mudá-lo Ex-colega de colégio de LeBron
O bairro onde cresceu, na periferia da cidade, não mudou muito. São muitas as casas malconservadas e as ruas estão em mau estado. Os moradores, de maioria afro-americana, passam o tempo observando os carros passando das varandas frontais de suas pequenas casas. O conjunto onde viveu James, chamado Spring Hill Apartments, não é tão expressivo sobre James. Vários moradores preferem não falar sobre o atleta.
Para Chris, um pesquisador e escritor que mora e trabalha em Akron, existe uma diferença clara. Desde que o jogador se mudou há dois anos – quando pegou o caminho de volta de seu périplo em Miami, onde jogou quatro finais e ganhou dois anéis –, o escritor considera que aumentou o número de pessoas que retornam a Akron para contribuir à comunidade. “Eles o fazem inspirados por LeBron”, que cita seus esforços em melhorar a cidade como um exemplo para os que haviam saído pela falta de oportunidades e incentivos. “É uma questão de orgulho, orgulho emergente”.
Na NBA, Curry e James continuam na batalha pelo anel após a vitória do Cavaliers no sábado contra os rapazes de Curry, que deu uma pequena esperança aos torcedores de Cleveland, mas em Akron LeBron já venceu a partida.
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