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Wall Street fecha seu melhor trimestre desde 1998 em meio ao declínio econômico provocado pela pandemia

Índices Dow e S&P 500 recuperaram mais de 18%, e o Nasdaq subiu 30% no segundo trimestre

Antonia Laborde
Mulher com máscara passa em frente a um edifício de Wall Street, o centro financeiro de Nova York.
Mulher com máscara passa em frente a um edifício de Wall Street, o centro financeiro de Nova York.Mark Lennihan (AP)

Para alguns economistas, a recuperação de Wall Street no segundo trimestre deste ano foi como a ressurreição de Lázaro. Depois de ter eliminado em março todos os lucros obtidos desde que Donald Trump chegou à Casa Branca, em 2017, as ações norte-americanas obtiveram uma recuperação que selaram nesta terça-feira o melhor trimestre desde 1998. Os índices Dow Jones e S&P 500 recuperaram mais de 18%, e o Nasdaq, que envolve apenas ações de empresas de tecnologia, subiu 30%. O temor dos investidores quanto aos prejuízos com o coronavírus foi se dissipando, em parte pelo otimismo com o papel das empresas tecnológicas e energéticas, resguardado também pelos trilionários estímulos do Federal Reserve (banco central dos EUA). O potente ressurgimento se dá quando os Estados Unidos enfrentam uma recessão como resultado da paralisação econômica devido à pandemia.

Em meados de março, os principais índices acionários sofreram um estrondo de tal magnitude que pôs fim a 11 anos de mercado em alta, o mais longo de que se tem registro. A principal potência econômica mundial também se despediu no primeiro trimestre do maior período de crescimento continuado da sua história, 128 meses, quando a economia retrocedeu 1,2% ― equivalente a uma queda de 4,8% em taxa trimestre anualizada ―, o que resultou numa recessão que ainda não acabou. Entretanto, as perdas de Wall Street, em torno de 35% em menos de seis semanas, já ficou para a história, e agora a Bolsa de Nova York celebra um segundo trimestre com cifras recordes.

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O S&P recuperou mais de 19,95% no segundo trimestre, alcançando sua maior expansão trimestral desde o apogeu do boom tecnológico, no quarto trimestre de 1998. Mas o indicador continua registrando uma perda próxima a 4% na taxa anual, e os lucros em junho avançaram apenas 2% devido aos repiques da epidemia que estão sendo registrados em vários lugares do país, que responde por um quarto de todos os contágios mundiais. O presidente do Fed, Jerome H. Powell, advertiu nesta terça-feira que a recuperação econômica continua sendo “extraordinariamente incerta” por causa da pandemia, que está longe de ser controlada.

O Dow Jones fechou com alta de 18% no segundo trimestre, o melhor trimestre do indicador desde 1987. Empresas como Apple, Home Depot e Microsoft conseguiram registrar lucros no meio do adverso panorama econômico. Mas os bons dados não foram capazes de reverter todas as perdas anteriores, e o índice mercantil ainda acumula uma perda de 10% em um ano. O Nasdaq escalou 30% durante esse mesmo período e subiu mais de 11% no ano graças ao aumento de faturamento das companhias tecnológicas durante o confinamento, como a aplicação de reuniões Zoom e a empresa de comércio eletrônico Mercado Livre.

Os fortes avanços registrados em Wall Street durante grande parte do segundo trimestre foram diminuindo à medida que os novos casos foram disparando. Ao menos 16 Estados se viram obrigados a recuar em seus planos de desescalada, e na manhã desta terça o epidemiologista Anthony Fauci disse no Capitólio que o país está “na direção incorreta”. Atualmente os novos contágios diários superam os 40.000, e o assessor da Casa Branca advertiu que se os cidadãos e as autoridades não acatarem as medidas sanitárias recomendadas, o número de novos casos pode superar 100.000 por dia.

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