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Caetano Veloso: “Nunca achei que fosse ver tamanho retrocesso enquanto estivesse vivo”

Bolsonaro consegue reverter o declínio de sua popularidade graças à melhoria da economia e à queda do número de assassinatos, apesar dos sinais de deterioração democrática

Caetano Veloso protesta contra o Governo Bolsonaro em seu perfil no Twitter.
Caetano Veloso protesta contra o Governo Bolsonaro em seu perfil no Twitter.Reprodução Twitter
Naiara Galarraga Gortázar
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FILE PHOTO: Author and journalist Glenn Greenwald speaks during a meeting at Commission of Constitution and Justice in the Brazilian Federal Senate in Brasilia, Brazil July 11, 2019. REUTERS/Adriano Machado/File Photo
Maia vê “ameaça à liberdade de imprensa” em denúncia contra Greewald
AME4502. HANOVER (ALEMANIA), 23/01/2020.- Fotografía de archivo fechada el 18 de marzo de 2015 que muestra al periodista estadounidense Glenn Greenwald mientras participa en la feria tecnológica CeBIT, en Hannover (Alemania). Greenwald dijo este jueves que la denuncia que le hizo la Fiscalía brasileña por divulgar conversaciones comprometedoras de autoridades no pasa de un intento para intimidar a la prensa, y que seguirá publicando los reportajes con que viene sacudiendo a Brasil. EFE/ Ole Spat/ARCHIVO
“Há um aparelhamento de algumas instituições por quadros conservadores e radicais”

O músico Caetano Veloso ergueu sua voz para alertar que “o fascismo está mostrando suas garras” no Brasil. Cinquenta e um anos depois de ser encarcerado pela ditadura militar, o cantor afirma, num vídeo em inglês divulgado pelas redes sociais neste fim de semana, que “o Governo brasileiro não só empreendeu uma guerra contra as artes e os criadores, mas também contra a Amazônia e os direitos humanos em geral”. Os artistas, os indígenas, outras minorias e a imprensa se transformaram no último ano em alvo da fúria e desprezo do presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores. Os representantes de 45 grupos indígenas reunidos numa recente cúpula o acusaram de ter “posto em andamento um projeto político de genocídio, etnocídio e ecocídio”. Entretanto, a economia melhora, os homicídios caem, embora as mortes provocadas por policiais estejam em alta, especialmente no Rio, e a popularidade de Bolsonaro começou a subir, numa mudança de tendência.

A democracia brasileira, cuja erosão começou no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, se deteriora mais rapidamente desde que Bolsonaro, de extrema direita, ganhou as eleições. Qualquer crítica é considerada quase uma traição. E os indícios alarmantes se sucedem. Mas isto não impede que, graças à melhora da economia e à redução dos homicídios, a popularidade do presidente tenha parado de piorar. O percentual de brasileiros que avaliam o Governo como bom ou ótimo aumentou cinco pontos desde agosto, chegando a 34%. Os que o qualificam como ruim ou péssimo caíram oito pontos, segundo uma pesquisa divulgada na semana passada, antes da divulgação de que 644.000 empregos formais foram gerados no primeiro ano do Governo Bolsonaro, a maior cifra desde 2013, quando começou a recessão.

A denúncia do Ministério Público Federal contra o jornalista Glenn Greenwald, contrariando os resultados do inquérito policial, por suposto envolvimento com o hackeamento de celulares de autoridades que serviram de base para revelações sobre o então juiz Sergio Moro, foram duramente criticadas no Brasil e no exterior por diversas entidades defensoras da liberdade de imprensa e outras liberdades. A cidade de São Paulo acolhe até o final deste mês um festival que reúne quase 500 obras censuradas em um ano de bolsonarismo no poder.

Esse é o ambiente sobre o qual alerta Caetano, que no curto vídeo admite: “Nunca achei que fosse ver semelhante retrocesso enquanto estivesse vivo”. Em sua mensagem também menciona sua luta contra a ditadura e a censura. Caetano e Gilberto Gil, então representantes do movimento musical Tropicália, foram presos durante um mês em 1968, acusados de ofenderem a bandeira e o hino nacional. Ambos tiveram que se exilar ao serem soltos. Nesse vídeo de pouco mais de um minuto, o músico aproveita para recomendar o documentário Democracia em Vertigem, da brasileira Petra Costa, candidata ao Oscar. A obra é o olhar pessoal retrospectivo da sua jovem diretora sobre os vertiginosos últimos anos, do processo que levou à destituição da esquerdista Dilma Rousseff até a eleição de Bolsonaro.

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