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Sem bloqueios de rodovias, greve dos caminhoneiros naufraga em meio a onda de liminares na justiça

Governo federal conseguiu 29 decisões judiciais que previam multa de até 10.000 reais para motoristas autônomos que realizassem bloqueios nas estadas do país

Caminhão tanque deixa a refinaria da Petrobras Alberto Pasqualini em Canoas (RS).
Caminhão tanque deixa a refinaria da Petrobras Alberto Pasqualini em Canoas (RS).DIEGO VARA (Reuters)

A greve convocada pelos caminhoneiros para esta segunda-feira em todo o país se limitou a alguns protestos localizados, sem bloqueio de rodovias. A expectativa dos fretistas era repetir a grande paralisação de maio de 2018, quando houve desabastecimento em várias cidades como consequência da greve. A mobilização desta semana foi convocado mais uma vez contra a alta no preço dos combustíveis.

Os motoristas exigem do Governo de Jair Bolsonaro uma mudança na política de preços dos combustíveis estabelecida pela Petrobras, responsável por determinar o valor da gasolina e do diesel seguindo oscilações do mercado internacional. No final de outubro foi anunciado o segundo aumento nos preços em um mês, o que irritou a categoria.

Embora simpático às demandas dos caminhoneiros, o presidente —que já interveio anteriormente na estatal petrolífera— nada fez neste momento, limitando-se a criticar a Petrobras (”só me dá dor de cabeça”) e falar sobre privatizá-la, sem dar detalhes. Em fevereiro o mandatário chegou a fazer um aceno aos caminhoneiros, ao trocar o presidente da empresa como forma de coibir os aumentos. A medida derrubou as ações da estatal.

De acordo com nota do Ministério da Infraestrutura, até o meio-dia não havia registro de bloqueios parciais ou totais em nenhuma estrada do país, tampouco em pontos logísticos considerados estratégicos —especialmente de abastecimento de combustíveis.

O aparente fracasso da greve convocada por diversos sindicatos de caminhoneiros é resultado em boa parte das 29 decisões judiciais obtidas pelo Governo contra a interdição das vias. “São 29 liminares na Justiça contra bloqueio de rodovias, refinarias e portos contemplando 20 estados”, informou o Ministério da Infraestrutura.

O Planalto temia que o país voltasse a viver uma situação de desabastecimento como a ocorrida em maio de 2018. Naquele ano a greve dos caminhoneiros também foi motivada pela alta dos combustíveis, e paralisou o Brasil por dias, provocando uma escassez de alimentos, combustíveis e outros produtos de primeira necessidade nas cidades.

As lideranças sindicais da categoria admitiram que a convocatória teve baixa adesão e afirmam ter protocolado —sem sucesso— recursos na Justiça para tentar derrubar as liminares que impediam os bloqueios. Eles ainda não descartaram a convocação de uma nova greve nos próximos dias, ainda sem data definida.

A greve desta segunda-feira contou principalmente com o apoio de caminhoneiros autônomos, e não dos motoristas ligados a empresas de transportes.

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