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Bolsonaro põe à prova o código de honra sobre a vacina da covid-19 que a ONU exige aos líderes

Presidente, que oficialmente não está imunizado, viaja neste domingo a Nova York e na terça será o primeiro orador na sessão inaugural

O presidente Bolsonaro no dia 15, no Palácio do Planalto..
O presidente Bolsonaro no dia 15, no Palácio do Planalto..Eraldo Peres (AP)
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-FOTODELDÍA- AME3766. SAO PAULO (BRASIL), 12/09/2021.- Ciudadanos se concentran en la avenida Paulista para participar en una jornada de manifestaciones contra el Gobierno del presidente Jair Bolsonaro, hoy, en Sao Paulo (Brasil). La destitución del presidente de Brasil, Jair Bolsonaro, se convirtió en la principal bandera de las protestas realizadas este domingo en diversas ciudades del país, tan solo cinco días después de las masiva movilización de tintes antidemocráticos encabezada por el líder de la ultraderecha. La marcha celebrada hoy fue convocada por los movimientos de centro y derecha que en 2016 movilizaron a millones de personas en todo Brasil para presionar por la apertura de un juicio político con miras a la destitución de la entonces presidenta Dilma Rousseff, del progresista Partido de los Trabajadores (PT). EFE/ Fernando Bizerra
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O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, é um dos líderes mundiais que decidiu viajar a Nova York para participar da assembleia geral das Nações Unidas na próxima semana, apesar da pandemia. Mas, ao contrário da grande maioria de seus congêneres ao redor do mundo, o brasileiro despreza a eficácia das vacinas. Bolsonaro, que teve covid-19 sem efeitos graves, novamente proclamou na terça-feira passada a seus seguidores que não havia sido vacinado. A ONU exige que todos os convidados para o grande evento anual da diplomacia mundial sejam vacinados, mas não pedirá certificado. Confia num código de honra, a palavra de cada presidente.

Nem o ultradireitista nem sua equipe explicaram como resolverão o aparente conflito com os regulamentos impostos por ocasião da pandemia. Será vacinado mesmo que não o tenha admitido? Vai se vacinar antes de viajar para Nova York? O que se sabe é que Bolsonaro será o primeiro orador. Como é tradição, o discurso do presidente do Brasil abrirá a sessão solene, privilégio que o país conquistou por sua tradição de não alinhado. “Viajo no domingo, faço o discurso de abertura na terça e depois volto”, ele proclamou nesta quinta-feira em seu discurso semanal no Facebook e no YouTube, onde suas intervenções são geralmente feitas sob medida para seus incondicionais seguidores.

Ainda que Bolsonaro tenha promovido medicamentos ineficazes e um discurso antivacinas durante toda a pandemia, os brasileiros confiam nos imunizantes e estão se vacinando a um ritmo muito bom. 37% dos adultos receberam ambas as doses; e 69% já têm a primeira, apesar da letargia do governo federal ter pesado no início da campanha. A pandemia causou sérios danos ao Brasil, o segundo país com mais mortes atrás dos Estados Unidos e o oitavo em mortes per capita. O coronavírus já matou quase 600.000 pessoas e 10% dos 210 milhões de habitantes foram infectados.

Bolsonaro não está oficialmente vacinado. O assunto é polêmico, entre outros motivos, porque o chefe de Estado impôs cem anos de sigilo oficial sobre seu registro de vacinação há muitos meses. A pressão dentro do gabinete era tão intensa que um de seus ministros foi se imunizar secretamente. E uma das declarações de Bolsonaro - “se você virar jacaré [se for vacinado], é problema seu”, disse ele no final do ano passado. A frase alimentou milhares de memes e é a piada mais repetida nesta pandemia. Muitos foram se vacinar disfarçados de répteis.

O líder de extrema direita avisou nesta quinta-feira que em seu discurso vai explicar “as verdades do Brasil”, mas sem elaborar muito mais. Ele apenas adiantou que vai citar o julgamento do marco temporal, que nas últimas semanas vem sendo debatido pelo Supremo Tribunal Federal e que afeta plenamente o direito dos indígenas de reivindicar as terras que seus ancestrais habitavam e, consequentemente, o potencial de expansão agrícola, muito lucrativa para o bilionário setor agrário. Bolsonaro defende a priorização da produção da agricultura sobre os direitos dos descendentes dos indígenas e sua eficácia na proteção do meio ambiente e na mitigação da crise climática. O Brasil de Bolsonaro se tornou um vilão ambiental devido ao aumento do desmatamento na Amazônia e à proliferação de queimadas para expansão do pasto.

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