Auxílio emergencial espera chancela da Câmara para voltar a ser pago
Programa de ajuda financeira, embutido na chamada PEC Emergencial, foi aprovado no Senado. Governo Bolsonaro definirá valor e beneficiários. Projeto também que cria gatilhos para frear reajustes salariais do funcionalismo
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O Senado Federal aprovou entre a noite de quarta e esta quinta-feira a proposta de emenda constitucional emergencial, na qual estava incluído o auxílio emergencial para as famílias atingidas economicamente pela pandemia de covid-19. Batizado de PEC Emergencial, o projeto trata de um pacote de medidas fiscais para compensar o aumento de despesas. A proposta será analisada pelos deputados e votada provavelmente na próxima quarta-feira, dia 10. Só após a votação na Câmara, o Governo de Jair Bolsonaro poderá recriar o auxílio, que foi suspenso em dezembro do ano passado.
A PEC não prevê o valor a ser pago pelo auxílio nem o montante de famílias que seriam beneficiadas por ele, mas delimita que o Executivo tem o limite de gasto no valor de 44 bilhões de reais anuais. É quase sete vezes menos que a quantia gasta no ano passado ―300 bilhões de reais― para beneficiar 68 milhões de famílias brasileiras. Nesta semana, o Governo já informou que pretende pagar o benefício por quatro meses ao custo de 250 reais por família. A quantia de beneficiados também será definida pela União. O valor é considerado reduzido por cerca de 200 entidades sociais, que pleiteavam um pagamento semelhante ao do início de 2020, de 600 reais mensais.
Durante a sessão, a oposição tentou fazer duas manobras para alterar a PEC. A primeira era levar à votação apenas o trecho da proposta que tratava do auxílio emergencial. A segunda, de definir o piso de 600 reais, em contrapartida aos 250 reais sugeridos pelo Governo. As duas sugestões naufragaram. A base de Bolsonaro no Senado não encontrou resistências para aprovar a PEC. “Se pretende enxertar na nossa Constituição como uma chantagem ao Senado Federal, aos que compõem esta Casa, o auxílio emergencial”, reclamou o senador opositor Cid Gomes (PDT-CE).
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Clique aquiUm dos pontos polêmicos que acabou sendo retirado da votação foi a desvinculação do piso de despesas com saúde e educação. Inicialmente, a PEC redigida pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, pretendia unificar esses dois pisos, respectivamente de 15% e 25% da receita corrente líquida da União. Caberia ao gestor definir em qual área aplicar. A medida, contudo, sofreu restrições entre a maioria dos parlamentares e acabou sendo excluída pelo relator da PEC, Márcio Bittar (MDB-AC).
A proposta cria gatilhos para frear o aumento das despesas públicas sempre que os gastos obrigatórios sujeitos ao teto de gastos e as despesas totais superarem 95% do orçamento. Quando esse limite for atingido, fica proibido aumento de salário para o funcionalismo, realização de concursos públicos e criação de cargos e despesas obrigatórias. Neste caso, o texto também prevê veto à concessão de benefícios e incentivos tributários e lançamento de linhas de financiamento ou renegociação de dívidas. A regra vale para os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além do Ministério Público. No caso dos municípios e Estados esse gatilho seria facultativo. “A PEC será um importante incentivo para que os entes enfrentem o difícil, porém imprescindível, desafio de reequilíbrio de suas contas”, afirmou o relator Bittar.
A PEC ainda prevê a redução de benefícios tributários e incentivos fiscais. O detalhamento sobre essas alterações será feito pela Presidência da República no prazo de seis meses após a promulgação da emenda constitucional. Assim que for promulgada, a Constituição terá um regime orçamentário excepcional para situações de calamidade pública. Este seria o caso da pandemia de covid-19. De acordo com o texto, na vigência do estado de calamidade pública, o Executivo tem de adotar regras extraordinárias de política fiscal e financeira e de contratações para atender às necessidades do país.
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