Brasil tem 1.641 mortes por covid-19, um recorde, e em 19 Estados a ocupação das UTIs supera 80%
Dados de óbitos são do Ministério da Saúde enquanto boletim da Fiocruz também aponta que 20 capitais possuem taxas de ocupação superiores a 80%. “Pela primeira vez verifica-se em todo o país o agravamento simultâneo de diversos indicadores”
Aviso aos leitores: o EL PAÍS mantém abertas as informações essenciais sobre o coronavírus durante a crise.
O Brasil está mais perto de assistir a um colapso de seus hospitais. De acordo com o boletim da Fiocruz divulgado nesta terça-feira, 18 Estados e o Distrito Federal estão com mais de 80% de seus leitos de UTIs para covid-19 ocupados, conforme os dados de 1º de março. No levantamento anterior, de 22 de fevereiro, 12 Estados apresentaram taxas de ocupação superiores a 80%. Além disso, 20 das 27 capitais do país apresentam taxas de ocupação superiores a 80%. Os números apresentados pela Fiocruz coincidem com um novo recorde de mortes pela doença: nas últimas 24 horas, 1.641 mortes por covid-19 foram registradas, totalizando 257.361 desde o início da pandemia de coronavírus, segundo o boletim divulgado pelo Ministério da Saúde. A pasta também contabilizou 59.925 novos casos de covid-19 e um total de 10.646.926 infecções desde o início da crise sanitária.
O boletim da Fiocruz se baseia nos dados das secretarias estaduais da Saúde. “Pela primeira vez, desde o início da pandemia, verifica-se em todo o país o agravamento simultâneo de diversos indicadores, como o crescimento do número de casos, de óbitos, a manutenção de níveis altos de incidência de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), alta positividade de testes e a sobrecarga de hospitais”, afirma o o documento. “Esse conjunto de fatores deve ser enfrentado estrategicamente, em todos os setores do sistema de saúde, não apenas em hospitais, mas igualmente no reforço de ações de atenção primária (APS) e vigilância em saúde”, prossegue.
Os Estados com ocupação acima de 80% e numa zona de alerta crítica são os seguintes: Rondônia (97%), Acre (92%), Amazonas (92%), Roraima (82%), Pará (82%), Tocantins (86%), Maranhão (86%), Piauí (80%), Ceará (93%), Rio Grande do Norte (91%), Pernambuco (93%), Bahia (83%), Paraná (92%), Santa Catarina (99%), Rio Grande do Sul (88%), Mato Grosso do Sul (88%), Mato Grosso (89%), Goiás (95%) e Distrito Federal (91%).
Ainda de acordo com o boletim, seis Estados seguem numa zona de alerta intermediária, com taxas superiores a 60%. Contudo, alguns deles registraram um crescimento acentuado dos indicadores de ocupação entre 22 de fevereiro e 1 de março. É o caso de Minas Gerais (70% para 75%), Espírito Santo (68% para 76%), São Paulo (69% para 74%), Paraíba (62% para 69%) e Alagoas (66% para 72%).
O Rio de Janeiro registrou no mesmo período um aumento pouco de expressivo, de 61% para 63%. O Sergipe, por sua vez, é o único Estado brasileiro fora da zona de alerta. No momento possui uma taxa de ocupação de leitos de UTI 59%.
Na maioria das capitais dos Estados, a situação é ainda mais preocupante. Vinte delas apresentam taxas de ocupação de UTIs covid-19 superiores a 80%, sendo que 12 já possuem mais de 90% de seus leitos ocupados. Em alguns lugares, a rede de hospitais está prestes a colapsar, de acordo com os dados a seguir: Porto Velho (100%), Rio Branco (93%), Manaus (92%), Boa Vista (82%), Belém (84%), Palmas (85%), São Luís (91%), Teresina (94%), Fortaleza (92%), Natal (94%), João Pessoa (87%), Salvador (83%), Rio de Janeiro (88%), Curitiba (95%), Florianópolis (98%), Porto Alegre (80%), Campo Grande (93%), Cuiabá (85%), Goiânia (95%) e Brasília (91%).
O documento ainda informa que cinco capitais estão com taxas superiores a 70%: Macapá (72%), Recife (73%), Belo Horizonte (75%), Vitória (75%), São Paulo (76%).
Aval do Congresso para compra de vacinas
Os números desta terça chegam num momento em que governadores e secretários estaduais da Saúde pressionam o Governo Jair Bolsonaro a coordenar medidas mais rígidas contra a pandemia. Também coincidem com a aprovação na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 534/21, de autoria do presidente do Senado Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que autoriza Estados, municípios e o setor privado a comprar vacinas contra a covid-19 com registro ou autorização temporária de uso no Brasil. No caso do setor privado, o projeto prevê que empresas poderão adquirir vacinas com a condição de que sejam doadas integralmente ao Sistema Único de Saúde (SUS) até o fim da vacinação dos grupos prioritários. Uma vez superada esta etapa, o setor privado deverá destinar 50% ao SUS e aplicar os outros 50% sempre de forma gratuita.
O projeto já havia sido aprovado pelo Senado no dia 25 de fevereiro. Caso não haja nenhuma alteração no texto, deverá seguir para a sanção de Bolsonaro. Mais cedo, no entanto, Bolsonaro havia vetado parte da chamada Lei da Vacina, o projeto que autoriza o Governo a “aderir ao Instrumento de Acesso Global de Vacinas Covid-19 (Covax Facility) e estabelece diretrizes para a imunização da população”. Um dos artigos vetados pelo presidente autorizava Estados e municípios a comprar vacinas. Outro tornava obrigatória a compra de vacinas por parte do Executivo Federal.
Apoie a produção de notícias como esta. Assine o EL PAÍS por 30 dias por 1 US$
Clique aquiSiga a cobertura em tempo real da crise da covid-19 e acompanhe a evolução da pandemia no Brasil. Assine nossa newsletter diária para receber as últimas notícias e análises no e-mail.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.