Uma múmia ‘volta a falar’ 3.000 anos depois da sua morte
Equipe de cientistas recria a voz de um sacerdote egípcio após copiar seu aparelho fonador
Na noite de 14 de março de 1941, a Luftwaffe nazista sobrevoou a cidade britânica de Leeds, deixando uma chuva de bombas incendiárias e explosivas. Uma delas caiu no museu arqueológico da cidade, destruindo duas das três múmias expostas. A única sobrevivente foi a múmia de Nesiamon, um sacerdote egípcio que viveu há 3.000 anos no templo de Karnak, perto da atual Luxor, durante o reinado do faraó Ramsés XI. Nesiamon dedicou sua vida a recitar orações e a cantar ao deus Amon. Em seu livro A Maldição das Tumbas dos Faraós, o egiptólogo Paul Harrison conta que alguns visitantes do Museu de Leeds tiveram visões de matanças, incêndios e criaturas de além-túmulo na frente do sarcófago do sacerdote.
Hoje, três milênios depois de sua morte, Nesiamon voltou a falar. Uma equipe de cientistas levou sua múmia para o Hospital Geral de Leeds, colocou-a em um scanner de raios X, estudou seu trato vocal e o reconstruiu com uma impressora 3D. O resultado é um som breve, similar à vogal “e”, que segundo os pesquisadores seria a voz de Nesiamon que retumbava no templo de Karnak.
La voz de una momia
Nesiamón era un sacerdote egipcio que vivió hace unos 3.000 años en el templo de Karnak, cerca del actual Luxor. Ahora un grupo de científicos ha conseguido recrear su voz.
Así hicieron hablar
a la momia Nesiamón
La momia, en un estado óptimo de conservación, fue introducida en un escáner para conseguir una imagen del tracto vocal de Nesiamón.
1
Escáner de rayos X
Con esta imagen se generó, en una impresora 3D, una cavidad oral, la faringe y la laringe con las mismas dimensiones de la momia.
2
Boca
Faringe
Laringe
Tráquea
Reconstrucción 3D
Imagen del tracto vocal de Nesiamón
Los investigadores utilizaron un aparato de su invención llamado órgano de tractos vocales conectado a un teclado con el que consiguieron generar el sonido.
3
Órgano de tractos vocales
Así hicieron hablar a la momia Nesiamón
La momia, en un estado óptimo de conservación, fue introducida en un escáner para conseguir una imagen del tracto vocal de Nesiamón.
1
Escáner de rayos X
Con esta imagen se generó, en una impresora 3D, una cavidad oral, la faringe y la laringe con las mismas dimensiones de la momia.
2
Boca
Faringe
Laringe
Tráquea
Reconstrucción 3D
Imagen del tracto vocal de Nesiamón
Los investigadores utilizaron un aparato de su invención llamado órgano de tractos vocales conectado a un teclado con el que consiguieron generar el sonido.
3
Órgano de tractos vocales
Teclado midi
Así hicieron hablar a la momia Nesiamón
La momia, en un estado óptimo de conservación, fue introducida en un escáner para conseguir una imagen del tracto vocal de Nesiamón.
1
Escáner de rayos X
Con esta imagen se generó, en una impresora 3D, una cavidad oral, la faringe y la laringe con las mismas dimensiones de la momia.
2
Boca
Faringe
Laringe
Tráquea
Imagen del tracto vocal de Nesiamón
Reconstrucción 3D
Los investigadores utilizaron un aparato de su invención llamado órgano de tractos vocales conectado a un teclado con el que consiguieron generar el sonido.
3
Órgano de tractos
vocales
Teclado midi
Otros experimentos similares
“Estamos vendo se poderíamos criar algumas palavras ou um canto de Nesiamon mediante uma simulação por computador”, antecipa o engenheiro eletrônico David Howard, líder do projeto junto ao arqueólogo John Schofield. Howard é o inventor de um surpreendente “órgão de tratos vocais”, um instrumento musical que toca vogais mediante um teclado conectado a laringes eletrônicas e a simulações impressas em 3D a partir de tomografias de pessoas reais. Em 2016, em um salão vitoriano de sua universidade, o engenheiro empregou seu peculiar órgão para interpretar com uma soprano O Mio Babbino Caro, ária de uma ópera de Puccini.
Os cientistas só conseguiram uma vogal de Nesiamon porque se limitaram a tentar recriar o som que aquele trato vocal emitiria na configuração em que ficou mumificado. “Sua língua encolheu, provavelmente pela desidratação. Se tivéssemos que reproduzir sua fala teríamos que criar uma língua com uma forma que pareça razoável para sua boca”, explica Howard, da Universidade de Londres.
O estudo da múmia, publicado nesta quinta-feira na revista especializada Scientific Reports, relata que a voz de Nesiamon foi “reproduzida com exatidão”, mas outros pesquisadores são mais céticos. O engenheiro eletrônico Piero Cosi tentou há três anos recriar a voz de Ötzi, um homem que foi assassinado nos Alpes há 5.300 anos, e cujo cadáver perfeitamente conservado apareceu em 1991. A equipe de Cosi foi sincera e assim intitulou seu estudo: Quando a fantasia encontra a ciência.
“Sem conhecer uma infinidade de outros fatores implicados na produção da voz, como a capacidade pulmonar, a densidade e a rigidez das cordas vocais e dos demais músculos envolvidos, a absorção dos tecidos e um longo etc., nunca se poderia chegar a uma reconstrução precisa”, adverte Cosi, do Instituto de Ciências e Tecnologias da Cognição, na cidade italiana de Pádua. “Entretanto, podemos ter uma ideia da voz original”, admite. Na pesquisa de Cosi, a múmia alpina de Ötzi proclamava: “A, e, i, o, u”.
A impressão 3D do trato vocal de Nesiamon se baseia numa técnica proposta pelo engenheiro e baixo-barítono belga Bertrand Delvaux. No seu entender, a pesquisa com a múmia de Nesiamon “abre um novo mundo de possibilidades: a recriação de vozes do passado para estudar como evoluem as características da voz com o passar do tempo”. Para Delvaux, a desintegração de alguns tecidos das múmias, como seu palato mole, não impede de obter um esboço de suas vozes originais.
A equipe de Howard salienta o potencial de sua pesquisa para “emocionar e inspirar” o público, ajudando a divulgar a história da humanidade. Os autores também apontam outra possível aplicação para o futuro: ajudar a recuperar a voz a pessoas que ficaram sem laringe depois de um tumor. E Howard reconhece uma terceira possibilidade: utilizar o trato vocal do sacerdote egípcio Nesiamon para seus concertos musicais.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.