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Brasil tem apenas uma mulher entre os prefeitos eleitos em todas as capitais do país

Número é o mesmo das eleições municipais de 2016. Cinco candidatas participaram da disputa do segundo turno nas principais cidades do país e acabaram derrotadas.

Cinthia Ribeiro (PSDB), reeleita prefeita ainda no 1º turno em Palmas.
Cinthia Ribeiro (PSDB), reeleita prefeita ainda no 1º turno em Palmas.Reprodução Facebook

Nas eleições concluídas neste domingo (29), os brasileiros escolheram os prefeitos de quase todos os 5.570 municípios do país. Entre eles estão as 25 capitais ―o Distrito Federal não tem eleições municipais e Macapá adiou sua votação para os dias 6 e 20 de dezembro, devido ao apagão de energia elétrica que afetou o Estado. No entanto, apenas uma dessas capitais elegeu uma mulher. Trata-se de Palmas, no Tocantins, com a vitória de Cinthia Ribeiro, do PSDB, reeleita prefeita ainda no 1º turno, com pouco mais de 36% dos votos ―a cidade não chega aos 200.000 habitantes, o número mínimo previsto para a realização de uma segunda rodada eleitoral. No pleito passado, também apenas uma mulher havia sido eleita prefeita de uma capital: Teresa Surita (PMDB), em Boa Vista (RR).

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Isso significa uma taxa feminina de apenas 4% no comando das capitais. As outras 24 capitais terão comando masculino a partir do dia 1º de janeiro. Uma possibilidade para aumentar esse número está em Macapá, onde Patrícia Ferraz, do Podemos, irá participar da disputa do 1º turno.

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No 2º turno, houve mulheres disputando o comando do Executivo municipal em cinco capitais: Porto Alegre, Recife, Aracaju, Rio Branco e Porto Velho. As candidatas que disputaram essas eleições foram, respectivamente, Manuela D’Ávila (PCdoB), Marília Arraes (PT), Delegada Danielle (Cidadania), Socorro Neri (PSB) e Cristiane Lopes (PP). Acabaram sendo derrotadas em todas essas disputas.

Ainda assim, existem alguns números que podem apontar um futuro mais promissor. O número de mulheres eleitas para prefeituras em todo o país no 1º turno de 2020 superou o total de prefeitas que ganharam em 2016. O avanço foi bem tímido. Neste ano, elas representam 12,2% dos prefeitos eleitos na primeira etapa do pleito; já em 2016, as mulheres representavam 11,6% das prefeituras, segundo dados do TSE.

Segundo o cientista político Rudá Ricci, “No campo de centro-esquerda, as candidaturas que mais apareceram foram de mulheres. Então as mulheres parecem sinalizar uma inovação nesse campo. Embora não tenham sido eleitas nas capitais, há cidades que têm mais projeção. Este país elege presidente nas 100 maiores cidades do país. Elas acolhem 55% dos eleitores”. Ainda segundo ele, “vejo um papel importante das mulheres para uma inovação na centro-esquerda nestas eleições, com as candidaturas coletivas, as co-vereanças. Listamos pelo menos 30 candidaturas coletivas no primeiro turno, a maioria com mulheres. Quem me parece que ousou mais foram elas”.

Número recorde de candidaturas

Apesar das eleições municipais de 2020 terem registrado um recorde na quantidade de candidatas na disputa, 187.023 em todo o país — contra 158.450 das eleições passadas ―, o número representa ainda apenas um terço das candidaturas (33.6%). O avanço na comparação com o pleito municipal de 2016, segundo especialistas, pode ser principalmente um reflexo dos incrementos na legislação de cotas eleitorais, que prevê pelo menos 30% de candidaturas no partido para cada sexo. Criada em 1997, a lei começou efetivamente a funcionar nos últimos anos, quando passou a explicitamente determinar o preenchimento dessas candidaturas femininas.

As mulheres continuam, nestas eleições, concentradas proporcionalmente nas vagas para vereadoras. O maior avanço das candidaturas femininas foi, entretanto, para ocupar o cargo de vice-prefeita. Em 2016, elas representavam 17,62% do total de candidatos ao posto de vice da chapa e, em 2020, pularam para 21,3%. Passaram de 2.988 candidatas para 4.200. Uma brecha na nova regra eleitoral pode ajudar a explicar a proliferação das vices. Há dois anos, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) consolidaram o entendimento de que no mínimo 30% do fundo eleitoral destinado a cada partido deve ser gasto em candidaturas femininas.

“Como os partidos têm dificuldade de colocar 30% dos dinheiro em mulheres, uma forma de fazer com que essa verba conste em uma candidatura feminina é no cargo de vice de um cabeça de chapa masculina para a prefeitura. No fim, o dinheiro vai para o homem. Os partidos sempre possuem artimanhas, o que explica parte desse fenômeno”, diz Hannah Maruci, doutoranda em ciência política pela USP e correalizadora da Tenda das Candidatas, um projeto que dá atendimento voluntário à candidatas e promove aulas de formação política.


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