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Republicanos se desvinculam de Trump e negociam sanções à Turquia com os democratas

Senador Lindsey Graham, fiel aliado do presidente, apresenta um projeto de lei bipartidário para punir o Governo Erdogan por ataques a curdos

O presidente Donald Trump.
O presidente Donald Trump.BRENDAN SMIALOWSKI (AFP)
Pablo Guimón
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Horas depois de aviões turcos começarem a bombardear alvos das tropas curdas no norte de Síria, Donald Trump afirmou que “os Estados Unidos não apoiam esse ataque e deixam claro à Turquia que esta operação é uma má ideia”. Em um comunicado, o presidente confirmou que já “não há mais soldados norte-americanos na região” atacada e insistiu em que não quer participar “dessas guerras sem fim e sem sentido, especialmente aquelas que não beneficiam os EUA”.

A decisão do Trump de abandonar à própria sorte os combatentes curdos, valiosos aliados de Washington em sua luta contra o Estado Islâmico, causou uma forte reação interna e abriu uma fratura sem precedentes entre o presidente e seu partido, levando vários líderes republicanos a se desvincularem da sua atuação. Lindsey Graham, presidente do Comitê de Justiça do Senado e fiel aliado de Trump, anunciou na tarde desta quarta-feira um projeto de lei redigido com os democratas para sancionar a Turquia.

Graham, depois de pedir a seus seguidores do Twitter que “rezem pelos aliados curdos que foram abandonados desavergonhadamente pela Administração Trump” anunciou a iniciativa assinada em conjunto com o senador democrata Chris van Hollen. O influente senador republicano argumentou que “embora a Administração [de Trump] se negue a agir contra a Turquia”, ele espera obter “um forte apoio” dos dois partidos no Congresso. A legislação proposta consiste em uma bateria de sanções contra a Turquia para que o presidente Recep Tayyip Erdogan “pague um preço elevado” pela ofensiva contra as forças curdas na Síria.

Entre as sanções figuram o congelamento dos ativos que o presidente turco e vários de seus ministros tiverem nos EUA, e também a restrição à concessão de vistos para as autoridades turcas que viajarem a Washington. Além disso, a iniciativa bipartidária inclui medidas restritivas contra o setor energético da Turquia e proíbe a venda de suprimentos norte-americanos como munições, serviços e tecnologia às Forças Armadas turcas. “Os Estados Unidos são melhores que isto. Por favor, enfrente a Turquia, senhor presidente”, escreveu Graham, até agora um grande defensor do mandatário, em sua conta do Twitter.

Em um tuíte publicado no começo da manhã, Trump defendeu que “os Estados Unidos nunca deveriam ter ido para o Oriente Médio” nem deveriam se meter em “estúpidas guerras sem fim”. “Ir para o Oriente Médio foi a pior decisão que jamais se tomou na história do nosso país”, acrescentou, “e agora estamos lenta e cuidadosamente trazendo nossos grandes soldados para casa”. O mandatário afirmou que continua “monitorando a situação de perto” e que espera que Erdogan “cumpra seus compromissos”. “A Turquia se comprometeu a proteger os civis, a proteger as minorias religiosas, incluindo os cristãos, e a assegurar que não se produza uma crise humanitária”, afirmou.

Salientando que a postura do presidente se choca com a estratégia seguida há décadas pelo Pentágono, a coalizão militar contra o Estado Islâmico (EI), liderada pelos EUA, publicou nesta quarta-feira uma nota na qual afirma que “retirar” combatentes e armas do EI “continua sendo uma alta prioridade”. O grupo islâmico, afirma o texto distribuído à imprensa, “continua organizando ataques contra civis inocentes e os nossos sócios no Iraque e no nordeste de Síria”.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas, por sua vez, anunciou que se reunirá nesta quinta-feira em caráter de urgência para discutir a ofensiva turca no nordeste da Síria, a pedido da França, Reino Unido, Alemanha, Bélgica e Polônia, os cinco países da União Europeia (UE) que ocupam vagas no organismo atualmente.

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