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Furacão Dorian deixa pelo menos 20 mortos nas Bahamas e avança para os EUA

Região portuária da Carolina do Sul já registra inundações e mais de 75.000 pessoas estão sem energia elétrica

Yolanda Monge

O balanço de vítimas mortais nas Bahamas pela passagem do furacão Dorian voltou a crescer. Pelo menos 20 pessoas morreram em consequência do ciclone, que devastou parte do arquipélago caribenho, segundo os últimos dados divulgados pelo Governo. Dorian agora se dirige para os Estados Unidos e deve chegar na Carolina do Sul nesta quinta-feira, com ventos regulares de até 180 quilômetros por hora e chuvas intensas.

Após de ter sido rebaixado à categoria 2 na quarta-feira, com ventos menos intensos; ele voltou a crescer e continua tão ou mais perigoso que antes, segundo dados do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, segundo a sigla em inglês).

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O furacão Dorian, visto do espaço

Na manhã desta quinta-feira, de acordo com a agência Reuters, a mídia local relatou inundações no centro histórico de Charleston (cidade portuária na Carolina do Sul) antes do nascer do sol, e mais de 76.000 casas e empresas estavam sem energia nas áreas costeiras do estado, de acordo com o site de rastreamento poweroutage.us.

“Devemos esperar que mais mortes sejam registradas”, advertiu o primeiro-ministro da Bahamas, Hubert Minnis. As notícias que chegavam das ilhas Abaco, onde residem 17.000 pessoas, indicavam uma devastação “sem precedentes”, acrescentou.

Na costa dos Estados Unidos afetada pelo furacão há ordens de desocupação em massa para evitar baixas, a CNN começou a transmitir imagens aéreas da ilha Grande Abaco que mostram cenas de danos catastróficos, com centenas de moradias sem teto, carros virados, enormes inundações e escombros por toda parte.

“Muitas partes de Abaco estão dizimadas. Há fortes inundações, danos graves a residências, negócios e outros edifícios e infraestruturas”, disse Minnis. Os habitantes das Bahamas suportaram “horas e dias de terror, temendo por suas vidas e as de seus seres queridos”. Segundo o ministro do Interior das Bahamas, Marvin Dames, “esta é uma crise de proporções épicas, possivelmente a pior que jamais vivemos”.

Nos EUA, uma das principais preocupações das autoridades, além dos danos que os ventos possam provocar em árvores e telhados, é o efeito das ondas do mar empurradas para a costa, que poderiam provocar inundações graves, sobretudo ao coincidir com a maré alta. Estima-se que a água poderia alcançar até dois metros de altura em algumas das faixas costeiras norte-americanas. Depois de passar pela Flórida, o Dorian é esperado na Geórgia e na Carolina do Norte e do Sul entre a noite desta quinta e a manhã de sexta. Os quatro Estados se encontram em estado de emergência. O presidente Donald Trump disse, depois de receber o relatório diário sobre o furacão, que o Dorian é “errático, poderoso e lento”.

Uma imensa faixa litorânea —que começa um pouco ao norte do Cabo Canaveral (Flórida) e vai até a Carolina do Norte, passando pela Geórgia e Carolina do Sul— está em estado de emergência pela ressaca ciclônica. Conforme advertiu o diretor do Centro Nacional de Furacões, Ken Graham, 90% das mortes provocadas por essas tempestades se devem à água. “É preciso levar em conta a velocidade do vento, mas o principal é a tempestade e a chuva que ela causa”, explicou Graham. “A água é a responsável pelas mortes nessas tempestades tropicais, então, por favor, ouçam as autoridades locais”, insistiu o diretor do NHC.

Na Flórida, a correnteza arrastou uma mulher que se encontrava à beira do mar em Jacksonville.Segundo as autoridades locais, a mulher foi resgatada por um socorrista. O prefeito de Jacksonville pedia aos residentes via Twitter que se mantivessem afastados das praias. O governador da Carolina do Norte, Roy Cooper, informou por sua vez sobre a primeira morte em seu Estado relacionada com o Dorian: um homem de 85 anos que caiu de uma escada enquanto preparava o telhado de sua casa para resistir ao furacão.

Dorian é o segundo furacão mais violento já registrado, igualando outros dois de 1988 e 2005 pela velocidade máxima alcançada de seus ventos, com picos de 295 km/h registrados no domingo. O recorde pertence ao Allen, que em 1980 alcançou 305 km/h. A velocidade máxima dos ventos é o principal critério para categorizar os furacões segundo a escala Saffir-Simpson, que vai de 1 a 5. Aviões especiais norte-americanos medem essa variável várias vezes por dia para determinar a categoria do furacão.

O número de tormentas tropicais e de furacões no Atlântico Norte não cresceu nas últimas décadas, mas a intensidade dos furacões tende a ser maior. Dorian é o quinto furacão da categoria 5 desde 2016. Nenhum alcançou esse nível entre 2008 e 2015, mas entre 2003 e 2007 houve oito, entre eles o Katrina, que devastou Nova Orleans em 2005.

Além do Dorian, entraram em cena as tormentas tropicais Ferdinan, no golfo do México, e Gabrielle, no meio do Atlântico. A Ferdinan está produzindo intensas chuvas e ventos com rajadas na parte nordeste do México e no vale do rio Grande (Texas), mas se espera que se dissipe nesta quinta-feira. Gabrielle se formou nas últimas horas em águas abertas do oceano Atlântico e está localizada mais de mil quilômetros a oeste-noroeste do arquipélago de Cabo Verde, segundo o NHC.

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