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Mulheres e mais pobres impulsionam desaprovação do Governo Bolsonaro

Metade da população não confia no presidente, afirma pesquisa CNI-Ibope divulgada nesta quinta. Parcela dos que avaliam gestão como ruim ou péssima cresce cinco pontos

Bolsonaro chega nesta quinta em Osaka para a reunião do G20.
Bolsonaro chega nesta quinta em Osaka para a reunião do G20.CHARLY TRIBALLEAU (AFP)
Beatriz Jucá
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Imerso em uma enxurrada de crises nos seus primeiros seis meses de Governo, o presidente Jair Bolsonaro viu crescer, mais uma vez, a insatisfação popular com a sua gestão —mais da metade da população (51%) diz não confiar no presidente e 32% avaliam o Governo dele como ruim ou péssimo, segundo a pesquisa CNI-Ibope divulgada nesta quinta-feira. A má avaliação do presidente cresceu cinco pontos percentuais nos últimos três meses, quando 27% consideravam sua gestão ruim ou péssima de acordo com a mesma pesquisa, feita em abril.

Considerando a margem de erro de dois pontos percentuais, o percentual de pessoas que desaprova o Governo está próximo do dos que o aprovam, com uma leve vantagem para a desaprovação: 48% e 46%, respectivamente. Ainda de acordo com o levantamento, a queda na popularidade de Bolsonaro é maior entre as mulheres, pessoas com até o quarto ano, com menor renda e residentes nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste. O Sul é a região onde o presidente do PSL mantém maior popularidade: 52%.

Há seis meses no Planalto, Bolsonaro viu seus problemas de governabilidade ficarem mais evidentes com os embates travados com o Congresso Nacional, onde precisa aprovar a Reforma da Previdência, sua principal aposta para equilibrar as contas do país. No mês passado, o presidente também viu emergir das ruas as primeiras grandes manifestações nacionais contra seu Governo, movidas pela crítica aos cortes na Educação. Essa é uma das áreas mais criticadas pela população, segundo a pesquisa da CNI, com 54% de desaprovação. As demais são: taxa de juros (59%), impostos (61%), saúde (56%) e combate ao desemprego (54%).

Os protestos contra os cortes na Educação provocaram uma reação dos apoiadores do presidente com atos que, embora tenham tido mobilização em menos cidades que a dos opositores, mostraram que há força do bolsonarismo nas ruas. Dentro do Governo, porém, o ambiente não tem sido menos turbulento. Bolsonaro já demitiu três ministros após a disputa interna de grupos ideológicos e agora vê se elevar a pressão contra os ministros Sergio Moro (Justiça) e Marcelo Álvaro Antônio (Turismo). Eleito sob uma forte bandeira anticorrupção, Bolsonaro assistiu Moro ser acusado de interferir nas investigações da Lava Jato após o vazamento de mensagens supostamente trocadas por ele com procuradores do Ministério Público Federal no período em que atuava como juiz na operação. Bolsonaro não se manifestou imediatamente sobre a questão, mas nas últimas semanas afirmou que não iria demiti-lo.

O presidente também havia dado um voto de confiança ao ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, investigado por conta de candidaturas laranjas no PSL. A crise que estava adormecida voltou a pressionar o presidente nesta quinta-feira, quando a Polícia Federal prendeu três assessores do ministro por um esquema no qual Marcelo Álvaro Antônio patrocinaria candidaturas fantasmas de mulheres no PSL. Até então, Bolsonaro vinha dizendo que esperaria as investigações da Polícia Federal para decidir o destino do ministro do seu partido. No Japão para a cúpula do G20, ainda não se manifestou sobre as prisões.

Outros três ministros não tiveram o mesmo tratamento. Até agora, Bolsonaro demitiu três deles. Há duas semanas, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz deixou a Secretaria de Governo, depois de uma crise desgastante envolvendo o filho do presidente, Carlos Bolsonaro, e o escritor Olavo de Carvalho, de quem foi alvo diversas vezes. Ricardo Vélez e Gustavo Bebianno também foram demitidos do Ministério da Educação e da Secretaria-Geral, respectivamente. 

A pesquisa CNI-Ibope divulgada nesta quinta-feira também analisa a percepção da população sobre a cobertura da imprensa sobre a gestão Bolsonaro. O percentual dos entrevistados que consideram as notícias recentes mais desfavoráveis ao governo cresce de 39% para 45% em três meses. O levantamento também revela que 20% da população considera as notícias veiculadas mais favoráveis ao presidente enquanto outros 25% não as consideram favoráveis nem desfavoráveis. Os temas mais lembrados pelos entrevistados são a reforma da previdência, o decreto sobre a posse de armas e as manifestações populares. Os recentes vazamentos de mensagens trocadas por Moro e procuradores da Lava Jato também estão entre os assuntos noticiosos mais lembrados pela população. A pesquisa foi realizada entre 20 e 26 de junho, com 2.000 pessoas, em 126 municípios brasileiros.

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