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Polícia espanhola avalia que militar brasileiro é mula de organização de traficantes

Autoridade de Sevilha estimaram em 1,3 milhões de euros o valor dos 39 kg de droga apreendidos. Segundo os investigadores, o conteúdo provavelmente ficaria na Espanha

Jair Bolsonaro, ao lado de Sergio Moro, num ato realizado em 11 de junho em Brasília.
Jair Bolsonaro, ao lado de Sergio Moro, num ato realizado em 11 de junho em Brasília.Marcos Correa (AP)

Os 39 quilos de cocaína apreendidos na última terça-feira no aeroporto de Sevilha na bagagem do militar brasileiro Manoel Silva Rodrigues, membro da comitiva do presidente Jair Bolsonaro em sua viagem à cúpula do G20 no Japão, foram avaliados pela Guarda Civil espanhola em 1,3 milhão de euros (5,6 milhões de reais), faltando ainda detectar a pureza da droga, informaram ao EL PAÍS fontes próximas à investigação. A substância apareceu dividida em 37 pacotes na maleta que o tripulante levava no avião da Força Aérea Brasileira (FAB), que havia feito escala em Sevilha como aparelho de reserva do presidente em sua viagem a Osaka.

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O objetivo das investigações agora é saber qual era o destino da droga e por que o militar a descarregou da aeronave quando ele e os outros 20 tripulantes passariam pelo controle alfandegário. A cocaína foi detectada quando os agentes da Guarda Civil passaram a maleta pelo raio-X e observaram a presença de pacotes suspeitos em forma de tijolo em seu interior. Ao abri-la encontraram a droga, que nem sequer estava escondida entre as roupas. Os pacotes não apresentavam nenhuma marca exterior, como as que os narcotraficantes costumam usar para identificar a origem ou o destino do produto, segundo fontes próximas à investigação.

Essas mesmas fontes não descartam que a cocaína ficaria na Espanha, convencidas de que o detido é uma simples mula de uma organização de traficantes. Após a detenção, o sargento brasileiro ficou à disposição do Tribunal de Instrução 11 de Sevilha, que na quarta-feira decretou sua prisão provisória sem fiança, acusando-o de crime contra a saúde pública.

A prisão na Espanha de um membro da comitiva de Bolsonaro gerou enorme polêmica no Brasil. O Ministério da Defesa apressou-se a declarar em nota que “repudiava” os atos do militar e mostrava sua disposição em colaborar com as autoridades espanholas para esclarecer o incidente. O próprio Bolsonaro chamou o incidente de “inaceitável” no Twitter e exigiu “investigação imediata e punição severa ao responsável”. O incidente colocou o presidente brasileiro numa situação incômoda, pois durante a campanha ele prometeu combater o crime e as drogas como nunca na história do país.

Não é a primeira vez que o sargento agora detido em Sevilha integra a comitiva de Bolsonaro e de outros mandatários brasileiros. Com o atual presidente, ele viajou em fevereiro entre São Paulo e Brasília; e, no final de maio, a Recife. Com Michel Temer, Rodrigues viajou em 2017 a Zurique (Suíça), segundo o Portal de Transparência, informa Marina Rossi.

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