“O site que apresente tudo o que tem”, diz Sergio Moro, que descarta se afastar do ministério
Ministro da Justiça presta esclarecimentos na CCJ sobre mensagens trocadas com o procurador Deltan Dallagnol quando era juiz da Operação Lava Jato. “O site que apresente tudo o que tem”, diz Moro, que descarta se afastar do ministério

O ministro Sergio Moro falou ao Senado durante cerca de oito horas quarta-feira sobre as reportagens publicadas pelo The Intercept Brasil, que mostravam mensagens trocadas entre ele e o procurador Deltan Dallagnol enquanto Moro era juiz responsável pela Operação Lava Jato. Desde a publicação das conversas, no último dia 10 de junho, Moro vem defendendo que não há ilegalidade no teor das mensagens. “São diálogos absolutamente corriqueiros na tradição jurídica brasileira”, reiterou, no início da sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Ministro mais popular do Governo, Sergio Moro viu seu apoio diminuir após o vazamento dos diálogos, obtidos pelo The Intercept Brasil por meio uma fonte anônima, que enviou um lote de arquivos com mensagens de texto, áudio e vídeo trocadas por integrantes da força-tarefa entre 2015 e 2018 pelo aplicativo Telegram.

Acompanhe ao vivo o depoimento de Sergio Moro no Senado:

A senadora Simone Tebet encerra a audiência pública após quase nove horas. Foram 43 senadores inscritos, sendo que 40 se pronunciaram.

Moro fala das ameaças que muitos parlamentares vem sofrendo. "Os meios virtuais têm levado a alguns excessos, que não correspondem a intenções de fatos", afirma. Para ele, são ameaças vazias que não representam risco real.

Em suas palavras finais na CCJ, Moro agradece a oportunidade e volta a contestar o objeto da inquirição: as "supostas mensagens criminosas", cuja autenticidade não pode ser verificada.

A senadora Rose de Freitas (Podemos-ES) é a última a se pronunciar.

"É importante que a própria imprensa faça algumas indagações relevantes ao site ['The Intercept']. Eles afirmam que o material é autêntico. A pergunta é: como o site assegura que a informação é autêntica?", indaga Moro.

A reunião que Moro tinha hoje às 17h com o comandante do Exército, Edson Leal Pujol, foi cancelada. Era o único compromisso do ministro além da audiência no Senado.

Moro defende seu pacote anticorrupção, que passou por alterações substanciais na Câmara. "Tenho uma série de preocupações, ninguém é a favor de abuso de autoridade. Não sou mais juiz, por isso, não sou afetado pelo projeto. O que me lembro é que ele veio com problemas técnicos", afirma.

O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) afirma que a operação Lava Jato é um patrimônio do povo brasileiro e destaca os 13,8 bilhões de reais recuperados pela Operação.

Moro diz que ficou com a impressão de que o 'The Intercept' queria uma espécie de busca e apreensão no site, "para posar como mártires da imprensa frente ao malvado Governo do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Sergio Moro".

Senador Telmário Mota (PROS-RR) pergunta a Moro se ele acredita que a Lava Jato está em crise? E se caso um processo seja considerado nulo, se isso afetará os demais?

As inscrições para pronunciamento foram canceladas, mas seis senadores ainda aguardam na fila.

"Aceitei vir para o Governo com um objetivo muito específico. Como juiz meu trabalho esteve constantemente ameaçado por viradas de mesa. Meu objetivo é consolidar os avanços no combate a corrupção e ampliá-lo ao combate ao crime organizado. Não traí meus princípios", afirma Moro em relação a crítica de Randolfe de que ele teria errado ao aceitar ir para o Governo de Bolsonaro.

"Se eu me arrependo do que fiz? Não", afirma Moro.

Em resposta a Randolfe Rodrigues (REDE-AP), Moro afirma que é comum a conversa entre juízes, policiais e advogados na tradição jurídica brasileira.

Moro diz que o declínio da economia não tem relação com a Lava Jato: "Quem é reponsável pelo assassinato, o policial que encontra o cadáver ou o assassino", afirma.

Moro se defende: "Nunca usamos hackers criminosos para obter informações"

O senador afirma que foi julgado por Moro e que seus métodos são semelhantes aos usados pelo 'The Intercept'.

Paulo Rocha afirma que a Operação Lava Jato teve como estratégia o sensacionalismo, para conseguir apoio popular: "Antes de chegar a polícia já estava lá a Globo, a Globonews, a grande imprensa".

O senador Paulo Rocha (PT-PA) inicia sua fala dizendo que a audiência na CCJ não tem como objetivo parar ou interromper a Lava Jato. "Estava sendo construído no Brasil um Estado social, a partir de políticas públicas, e que foi interrompido. E agora temos a criação de um Estado policial, com a criminalização da política e de alguns setores", afirma.

"Sinto alguma perplexidade de ter que ficar explicando o conteúdo de supostas mensagens que foram capturadas criminosamente com interesse de anulação de processos e obstrução de investigações", afirma Moro.
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