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Ex-presidente do Flamengo é indiciado por mortes no Ninho do Urubu

Eduardo Bandeira de Mello vai responder em inquérito da Polícia Civil do Rio de Janeiro por homicídio doloso no caso do incêndio que matou 10 atletas, em fevereiro deste ano

Eduardo Bandeira de Mello foi presidente do Flamengo entre 2013 e 2018.
Eduardo Bandeira de Mello foi presidente do Flamengo entre 2013 e 2018.reprodução (flamengo.com.br)
Diogo Magri
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A Polícia Civil do Rio de Janeiro indiciou por homicídio doloso — quando se assume o risco de matar, sem a intenção — nesta terça-feira o ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello e mais sete pessoas pelas mortes dos dez atletas no incêndio do Ninho do Urubu, o centro de treinamento rubro-negro, no dia 8 de fevereiro. Além de Bandeira de Mello, foram indiciados Danilo da Silva Duarte, Fábio Hilário da Silva e Weslley Gimenes, engenheiros da empresa NHJ, responsável pelos contêineres onde os garotos estavam alojados; Luis Felipe Pondé e Marcelo Sá, engenheiros do Flamengo; Edson Colman da Silva, técnico em refrigeração; e Marcus Vinícius Medeiros, monitor do Flamengo. Clube, NHJ e ex-presidente ainda não se manifestaram.

Bandeira de Mello foi eleito por duas vezes consecutivas presidente do Flamengo e teve a gestão marcada pela reestruturação financeira, que permitiu o investimento do clube na modernização do centro de treinamento Ninho do Urubu. As obras dos módulos que serviam para as categorias de base, onde o incêndio aconteceu, foram iniciadas e entregues entre 2013 e 2018, período em que Mello era o presidente rubro-negro. Ele também foi candidato a deputado federal pela Rede Sustentabilidade nas Eleições de 2018, mas não se elegeu.

Segundo o portal G1, entre as questões observadas pela Polícia durante a investigação estão a constatação de que a estrutura em que os atletas dormiam era incompatível com sua destinação. Além disso, os contêineres que serviam de alojamento continham diversas irregularidades estruturais e elétricas e os aparelhos de ar condicionado do local não eram reparados. Também foi descumprida a Ordem de Interdição do Ninho do Urubu emitida pela Prefeitura do Rio por falta de certificado do Corpo de Bombeiros e alvará de funcionamento. O inquérito foi assinado pelo delegado Márcio Petra, do 42ª DP da capital fluminense.

O laudo técnico, feito pela Polícia Civil após a tragédia, apontou que um curto circuito em um dos aparelhos de ar-condicionado presentes nos módulos onde os garotos estavam alojados foi a causa das chamas, que se alastraram por conta do material de revestimento do contêiner enquanto os atletas dormiam, na madrugada do dia 8 de fevereiro. Treze jovens acordaram e escaparam ilesos. Cauan (14 anos), Francisco Dyogo (15) e Jhonatan (15) foram resgatados da chama, mas sobreviveram. Dez morreram no incêndio: Athila (14), Arthur Vinícius (14), Bernardo (14), Gedson (14), Pablo Henrique (14), Christian Esmério (15), Jorge Eduardo (15), Samuel (15), Vitor Isaías (15) e Rykelmo (16).

Até o momento, o Flamengo fechou acordos indenizatórios com os 16 sobreviventes, além das famílias de Athila, Gedson e o pai de Rykelmo — a mãe, que é divorciada, pretende entrar na Justiça. O restante negocia através de advogados particulares ou com auxílio da Defensoria Pública. O Ninho do Urubu chegou a ser interditado parcialmente por quase três meses após o incêndio, mas foi liberado em maio, quando o clube fechou acordo com Ministério Público e Corpo de Bombeiros para regularizar o CT.

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