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Empresas tecnológicas desabam em Wall Street após veto do Google à Huawei

Investidores temem que restrições ao fabricante chinês afetem a cadeia de suprimento dos componentes. No Brasil, dólar chega a 4,12 reais

Uma loja da Apple na China.
Uma loja da Apple na China.HECTOR RETAMAL (AFP)

As restrições impostas pelos Estados Unidos às companhias que fazem negócios com chinesa Huawei estão afetando totalmente as grandes companhias tecnológicas especializadas em semicondutores, por medo de que um confronto afete negativamente a cadeia de suprimento de componentes para telecomunicações. A decisão do Google de dar as costas à Huawei só fez a incerteza se agravar. No Brasil, o dólar já bate 4,12 reais na tarde desta segunda-feira.

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O comércio com a China é atualmente o maior risco para Wall Street, e neste contexto de confrontação a Apple é a empresa que melhor reflete o dano colateral deste fogo cruzado. Começou a semana com uma queda de quase 3,5%, devido ao temor quanto ao impacto de um boicote aos seus produtos. A queda supera 10% desde a primeira mensagem em que o presidente Donald Trump ameaça intensificar a guerra tarifária com a China.

O fabricante do iPhone é especialmente sensível, porque seu crescimento depende da progressão das vendas na China. As novas tarifas podem obrigar a empresa a elevar os preços para compensar o custo, mas isso reduziria a demanda por seus aparelhos em relação a seus concorrentes. O problema mais imediato para a Apple, porém, é a perturbação que isso pode provocar na cadeia de suprimento de componentes.

O golpe está sendo importante especialmente para as empresas tecnológicas especializadas em semicondutores. A Skyworks arrasta uma perda de 21,5% no último mês. O mesmo ocorre com a Xilinx, com 17%, e a Micron. No caso da Nvidia, as ações caíram cerca de 15% neste período, mas perderam metade do seu valor em relação ao máximo no último ano. Uma tendência similar atinge a Intel, que se depreciou 13% no mês e 26% desde o último pico.

Entre os fornecedores da Huawei se encontram também a Qualcomm, que caía 5% esta segunda-feira. O fabricante de processadores acaba de selar um pacto com a Apple para deixar de lado os litígios relativos a patentes e se concentrar na implantação da nova tecnologia 5G. O VanEck Vetores Semicondutor, fundo que funciona como índice de referência para o setor, está 15% abaixo do máximo anual.

Impacto

Esse isolamento crescente do fabricante chinês não tem precedentes. Entretanto, o impacto não é material para uma companhia como o Google. A filial da Alphabet, apesar do sistema operacional Android, não opera no mercado chinês. Mas a resposta à restrição imposta por Washington na hora de fazer negócios com a Huawei lhe fecha qualquer chance de acesso neste momento, assim como para Netflix e Facebook.

“Estamos falando de um impacto de bilhões”, advertem os analistas da Evercore, antevendo uma queda nos investimentos se as empresas do setor virem que o conflito vai afetar seus negócios. “Isto é também uma questão de segurança nacional que o Governo dos EUA precisa considerar”, pondera. As restrições à Huawei foram ativadas sob o argumento de proteger a infraestrutura de comunicações.

Essa medida contra o gigante chinês foi adotada poucos dias depois de os EUA elevarem de 10% para 25% a alíquota sobre produtos importados chineses num valor de 200 bilhões de dólares. Donald Trump ameaça inclusive ir para a confrontação total, aplicando o imposto a todos os bens que cruzarem a fronteira. Operadores da Bolsa acham que se trata de uma tática de Washington para forçar Pequim a fazer concessões.

Tim Cook, executivo-chefe da Apple, já advertiu há dois trimestres que a guerra comercial entre os EUA e a China atrapalharia o seu negócio, como ficou refletido nos últimos resultados. Ele é também um dos executivos que mais estão pressionando o presidente dos EUA por um acordo que permita dissipar a incerteza e evitar que o dano para a economia global se acelere.

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