EUA denunciam Huawei às vésperas de retomar negociações com a China
Justiça recebeu 23 denúncias contra a gigante tecnológica chinesa, que incluem a filha do fundador. Trump deve se reunir nesta semana com o vice-premiê Liu Hei para tentar superar guerra comercial
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos passa à ação ao tornar pública uma série de acusações contra a empresa tecnológica chinesa Huawei, duas de suas filiais e sua diretora financeira, Meng Wanzhou. São ao todo 23 denúncias apresentadas ao tribunal federal do Brooklyn (Nova York), incluindo fraude bancária, obstrução da Justiça, conspiração, violação do regime de sanções ao Irã e roubo de segredos comerciais da operadora de telefonia T-Mobile US.
Trata-se na verdade de dois casos que correm paralelamente, elevando a pressão sobre o maior fabricante mundial de equipamentos de telecomunicações e possivelmente aumentando a tensão entre as duas potências. Os EUA procuram assim evitar que as companhias norte-americanas adquiram sua tecnologia. Wanzhou, filha do fundador, foi presa em dezembro no Canadá a pedido das autoridades norte-americanas.
No primeiro caso, foram anunciadas 10 acusações na esfera federal contra duas filiais da Huawei por roubo de tecnologia da T-Mobile. No segundo, foram 13 imputações ao grupo chinês e à executiva por supostas violações do regime de sanções ao Irã. Christopher Wray, diretor do FBI, assegura que a companhia agiu de uma maneira “descarada e persistente” ao explorar empresas e instituições financeiras norte-americanas. Esta conduta, acrescenta, representa uma ameaça ao “mercado global livre e justo”.
A detenção de Wanzhou foi qualificada pelas autoridades chinesas como um ato de provocação. A executiva está atualmente em liberdade vigiada após pagar fiança. Em breve terá de comparecer novamente perante o juiz canadense do caso, como parte do processo de extradição aberto pelos EUA. A solicitação formal deverá ocorrer até esta quarta-feira, 30.
No caso concreto do roubo de tecnologia da T-Mobile US, a ação menciona um sistema chamado “Tappy” criado pela operadora para testar os telefones celulares que chegam ao mercado. As autoridades norte-americanas afirmam que as acusações apresentadas nos dois casos remontam a uma década atrás. “A Huawei e seus principais executivos se negaram repetidamente a respeitar a legislação dos EUA”, insistiu Wraym referindo-se à usurpação de segredos comerciais.
O Governo chinês, por sua vez, pediu a Washington que “acabe com sua injustificada repressão a empresas chinesas e que as trate de maneira objetiva e justa”. “A China está muito preocupada com a ação penal apresentada pelo Departamento de Justiça dos EUA contra a Huawei e sua diretora financeira, Meng Wanzhou”, afirmou o Executivo em um comunicado.
Negociação comercial
A acusação contra a filha do fundador da Huawei e a empresa se tornou pública poucas horas depois de a Casa Branca anunciar que o presidente Donald Trump deve se reunir nesta semana com o vice-premiê chinês Liu Hei. Isso coincidirá com a vista de uma delegação do país asiático à capital norte-americana para tentar avançar nas negociações comerciais entre as duas nações.
O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, disse que espera obter um “progresso significativo” desse encontro. Uma das prioridades de Washington é conseguir que a China cumpra seus compromissos na hora de proteger a propriedade intelectual. Também busca que o pacto ponha fim à política chinesa que obriga as empresas norte-americanas a estabelecerem parcerias com companhias locais.
A delegação chinesa liderada por Liu He será integrada por aproximadamente 30 altos funcionários. Os dois países estabeleceram o dia 1º. de março como prazo para um acordo, após uma trégua de três meses durante a quais as duas partes se comprometeram a não impor novas tarifas. Atualmente, são aplicados impostos adicionais sobre a comercialização de produtos e serviços num valor de até 360 bilhões de dólares.
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