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Dezenas de países cancelam voos do novo Boeing 737 em seu espaço aéreo após acidente na Etiópia

Tragédia que causou 157 mortes neste domingo é a segunda deste modelo da empresa norte-americana em cinco meses

Um B-787 e um B-737 da Aeroméxico, no aeroporto da Cidade do México
Um B-787 e um B-737 da Aeroméxico, no aeroporto da Cidade do MéxicoD. B. (REUTERS)

Um total de 31 companhias aéreas decidiu suspender temporariamente o uso do Boeing 737-MAX 8 após o acidente deste domingo, 10, na Etiópia que matou todos os 157 ocupantes da aeronave. Entre as companhias aéreas que decidiram deixar esses aparelhos no solo até que as causas do acidente sejam esclarecidas estão as que têm capital da China (este país é o maior comprador de aviões da empresa norte-americana), como a China Southern Airlines, Air China e Shanghai Airlines. Também a Norwegian, com 18 aeronaves. No entanto, outras 22 empresas que possuem esse tipo de avião decidiram continuar operando com ele. É o caso da American Airlines, com uma frota de 24 aeronaves.

Um avião desse modelo pertencente à Ethiopian Airlines caiu pouco depois de decolar da capital etíope, Adis Abeba. Este é o segundo acidente com um Boeing 737-MAX 8 em cinco meses. Em outubro, um avião da empresa Lion Air caiu na Indonésia e 189 passageiros morreram.

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Como medida de precaução, toda a União Europeia, além de China, Austrália, Malásia, Cingapura, Omã, Coreia do Sul, Mongólia e Indonésia  anunciaram o cancelamento temporário dos voos deste modelo em seu espaço aéreo.

Embora com poucas unidades as empresas Aerolineas Argentinas (que tem em sua frota apenas cinco modelos deste tipo), a brasileira GOL Airlines (sete) e a Aeroméxico (seis), também suspenderam as operações com esses aviões, bem como a Cayman Airways (duas) e a Royal Air Maroc (1), entre outras.

Atualmente, estão registradas mais de 370 aeronaves desse modelo. Destas, 56% estão em terra por decisões de companhias aéreas. Na semana de 25 de fevereiro, esse avião da Boeing realizou mais de 8.500 voos em todo o mundo, segundo o site especializado em rastreamento de operações aéreas FlightRadar24.

A Agência Federal de Aviação dos EUA relatou que adotará “medidas imediatas” se houver um problema de segurança. As medidas representariam um duro golpe para a reputação da maior empresa aeroespacial do mundo. As companhias aéreas chinesas, em plena expansão, estão entre os melhores clientes da Boeing e seu modelo 737-MAX, o mais moderno da empresa. De acordo com o site oficial da empresa norte-americana, já foram entregues 71 destes modelos e há encomendas de mais 104. A China Southern Airlines é a que tem o maior número: até agora tinha em operação 16 e havia feito o pedido de outros 34.

Semelhanças com o acidente aéreo da Lion Air

O acidente na Etiópia compromete a expansão da Boeing. O avião do voo ET302, que liga Adis Abeba a Nairóbi (Quênia), desapareceu do radar seis minutos depois de decolar. Logo após a decolagem, o piloto informou a torre de controle que havia "dificuldades" e pediu para voltar ao aeroporto, como declarou à imprensa Tewolde GebreMariam, presidente da Ethiopian Airlines, de propriedade estatal. O piloto recebeu autorização para retornar, explicou GebreMariam, mas o avião acabou caindo. Testemunhas citadas ontem pela agência Reuters dizem que o aparelho fazia um estranho barulho estridente e deixou um rastro de fumaça pouco antes de se espatifar no chão. Na segunda-feira, as caixas-pretas foram localizadas.

O incidente lembra bastante o sinistro ocorrido em Jacarta em outubro, quando um avião do mesmo modelo, mas da transportadora de baixo custo Lion Air, caiu logo após a decolagem. "Os dois acidentes tiveram como protagonistas aeronaves Boeing 737 MAX-8K recém-entregues, e ambos se deram na fase de decolagem, ou seja, compartilham algumas semelhanças", disse em um comunicado a Administração da Aviação Civil da China. Cinco meses depois, as causas do acidente na Indonésia continuam sendo investigadas.

Queda da Boeing na bolsa

As ações do fabricante de aviões começaram a sessão em Wall Street com uma queda de até 12%, a maior desde os ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos. Os papéis da empresa norte-americana tinham se valorizado 30% este ano, até sexta-feira, antes do acidente. Após a derrocada desta segunda-feira, esse aumento ficou temporariamente reduzido à metade e a empresa viu se evaporarem em segundos 30 bilhões de dólares (115 bilhões de reais) em capitalização no mercado de ações.

Apesar do baque, a Boeing afirma que o avião está seguro para voar e, em comunicado, insiste em que com base nas informações disponíveis não há razão para emitir novas diretrizes para a operação da aeronave. O aparelho é muito popular, especialmente entre as companhias aéreas de baixo custo.

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