Japão retomará caça comercial de baleias em 2019
Governo do país asiático anuncia que deixará a Comissão Baleeira Internacional
O Japão anunciou nesta quarta-feira, 26, sua retirada da Comissão Baleeira Internacional (CBI) com o objetivo de “retomar a caça comercial em julho próximo”, desafiando os defensores dos cetáceos 30 anos depois de ter posto fim a essa prática, ao menos oficialmente. Na verdade, o Japão nunca deixou totalmente de caçar baleias, servindo-se de um ponto da moratória de 1986 que autoriza a captura desses animais para fins de pesquisa. Agora, no entanto, retomará publicamente a caça com fins comerciais, como já fazem a Islândia e a Noruega, expondo-se a uma onda de críticas internacionais por parte de Governos e de organizações de defesa dos animais.
Porém, o Japão se comprometeu a não caçar “em águas da Antártida ou no hemisfério Sul”, conforme esclareceu o representante do Executivo, Yoshihide Suga, em uma entrevista coletiva. A caça estará “limitada às águas territoriais e à zona econômica exclusiva” do Japão, “conforme as quotas de capturas calculadas segundo o método da CBI, para não esgotar os recursos”, afirmou o porta-voz do Governo japonês, que prevê que a retirada da Comissão Baleeira se torne efetiva em 30 de junho. Suga justificou a decisão pela “ausência de concessões unicamente por parte dos países comprometidos com a proteção das baleias”, e isso, “apesar de haver cientistas que confirmem a abundância de certas espécies de baleias”, segundo ele.
O desacordo pareceu “evidente” durante a última reunião da CBI, em setembro, o que levou o Japão a tomar essa medida, disse o porta-voz do Executivo nipônico. Em 15 de setembro, a Comissão Baleeira rejeitou o texto apresentado pelo Japão, que pretendia adotar uma via dupla dentro da CBI, uma organização com 89 países membros, para incluir a preservação e a caça comercial de baleias. Esta última teria sido administrada por um “comitê da caça sustentável de baleias”. A proposta colocaria fim à moratória imposta a essa atividade em 1986, que o Japão assinou. Mas os defensores das baleias, com a Austrália, a União Europeia e Estados Unidos à frente, recusaram o texto japonês, com 41 votos contra 27. O vice-ministro japonês da Pesca, Masaaki Taniai, lamentou então o resultado da votação e já apontou a possibilidade de abandonar a CBI como última opção, como se confirmou nesta quarta-feira.
O Governo nipônico abre assim uma nova frente entre os detratores e os defensores da caça de cetáceos, que os japoneses, especialmente os mais nacionalistas, consideram ser uma importante tradição do país. As organizações ambientalistas não tardaram a reagir, condenando a notícia. “Está claro que o Governo tenta este anúncio de forma discreta, no fim de ano, longe dos holofotes dos meios de comunicação internacionais, mas o mundo não é bobo”, comentou em nota Sam Annesley, responsável pelo ramo japonês do Greenpeace. “A decisão do Japão está completamente defasada com a comunidade internacional e ignora a necessidade de proteger nossos oceanos e essas criaturas majestosas”, argumentou.
Apesar do argumento científico esgrimido há três décadas pelo Japão para caçar baleias, a carne do cetáceo costuma ir parar nas peixarias locais. E, embora tenha representado uma importante fonte de proteínas no pós-guerra, na atualidade a maioria dos japoneses afirma nunca a consumir, ou só muito raramente.
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