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Batalha pelo muro com o México faz com que o Governo dos EUA feche parcialmente

Falta de acordo entre os legisladores no Congresso força o fechamento de 25% da Administração. As negociações serão retomadas no sábado

Antonia Laborde
O presidente de EE.UU., Donald Trump, conversa com o presidente do Comitê de Justiça do Senado, Chuck Grassley.
O presidente de EE.UU., Donald Trump, conversa com o presidente do Comitê de Justiça do Senado, Chuck Grassley.EFE
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A Administração federal dos Estados Unidos se viu forçada a fechar à meia-noite de sábado (3h da manhã de Brasília) pela falta de acordo sobre fundos dos quais depende um quarto do Governo. O nó da questão foi a parte do orçamento destinada à construção do muro com o México, que os democratas recusaram insistentemente. O mandatário tentou fazer com que os 5,7 bilhões de dólares (22 bilhões de reais) fossem aprovados no Congresso que viu ir e vir diversos projetos de lei durante a semana. Na Câmara de Representantes o republicano saiu vitorioso, mas não teve a mesma sorte no Senado, que vivenciou a sessão mais longa de sua história sem chegar a um acordo. “Eu me sinto orgulhoso de fechar o Congresso em nome da segurança fronteiriça”, disse o presidente dos EUA na semana passada.

Esse é o terceiro shutdown do ano, um número que não havia sido atingido nas últimas quatro décadas. Ao contrário dos dois anteriores esse pode ser “muito longo”, como disse Trump. O fechamento dos fundos de 25% da Administração significa que deixam de funcionar nove departamentos federais, entre eles os da Agricultura, Comércio, Segurança Nacional, e as agências que dependem deles. Por sua vez, aproximadamente 380.000 funcionários “essenciais” trabalharão sem receber seu pagamento até que seja resolvida a questão orçamentária pendente. Em termos econômicos o fechamento significa ao Governo perdas de 1,2 bilhão de dólares (4 bilhões de reais) do PIB por semana, de acordo com os cálculos da Standard & Poor’s.

“Construir um muro é fácil, e pode ser feito a baixo custo”, disse Trump em julho de 2015 ao jornal The Washington Post, sobre sua promessa eleitoral de que ergueria um muro na fronteira com o México. Muitas coisas aconteceram desde então, como o fato de ter se transformado no presidente da maior potência mundial, mas ainda não conseguiu levar adiante a proposta que pretendia que fosse paga pelo México. A construção de uma barreira que separe os EUA de seu vizinho do sul tem um custo aproximado de 25 bilhões de dólares (97 bilhões de reais). O mandatário pediu ao Congresso que aprove um quinto do custo no orçamento de 2019. Mas os democratas não deram seu braço a torcer.

A Câmara de Representantes - controlada pelos republicanos - aprovou na quinta-feira o projeto de lei que incluía os fundos para o muro, mas o Senado o deteve. A proposta precisava de 60 votos na Câmara Baixa para continuar, o que significava que precisava do apoio de pelo menos oito democratas. Não aconteceu. “O presidente Trump está afundando o país no caos”, disse o líder dos democratas no Senado, Chuck Schumer. “Abandone sua estratégia de fechamento (...) Não terá o muro hoje, na semana que vem ou em 3 de janeiro, quando os democratas tomarem o controle da Câmara”, alertou o congressista na sexta-feira. O presidente, por sua vez, e ao contrário do que havia prometido na semana passada, culpou a oposição pelo shutdown.

O Congresso retomará as negociações no sábado às 17h (20h de Brasília) em uma tentativa de alinhar posturas no que até agora tem sido um beco sem saída e enviar um projeto de lei com fundos que permitam reabrir o Governo antes de 2019.

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