Apartamento de Kassab é alvo de busca e apreensão por agentes da Polícia Federal
Ministro, que será chefe da Casa Civil do Governo Doria, é suspeito de receber propina entre 2010 e 2016

Agentes da Polícia Federal foram às ruas nesta quarta-feira, 19, em São Paulo e no Rio Grande do Norte, para cumprir mandados de busca e apreensão em investigação que envolve o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, por suspeita de recebimento de 58 milhões de reais em propina paga pela holding J&F entre 2010 e 2016.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), os delatores da J&F Wesley Batista e Ricardo Saud relataram que Kassab recebeu pagamentos mensais de 350 mil reais da empresa controladora da JBS entre 2010 e 2016 para colocar sua influência a favor do grupo, totalizando 30 milhões de reais. Outros 28 milhões de reais teriam sido pagos ao Diretório Nacional do PSD, na época presidido por Kassab, para garantir o apoio da legenda ao PT na eleição nacional de 2014, acrescentou a PGR.
“Segundo um dos colaboradores, todos os valores repassados eram provenientes de uma espécie de conta-corrente de vantagem indevida vinculada ao PT, que teria autorizado os pagamentos”, disse a PGR em comunicado. “Neste caso, o repasse foi operacionalizado por meio de doações oficiais de campanha e outros artifícios como a quitação de notas fiscais falsas. Também há registro da entrega de dinheiro em espécie”.
Os mandados de busca e apreensão foram determinados pelo relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Alexandre de Moraes, a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
Um carro da PF estacionou no início da manhã em frente ao prédio de Kassab em São Paulo para cumprir um dos mandados de busca e apreensão. Os advogados do ministro foram ao local abrir a porta aos agentes já que não havia ninguém no imóvel. De acordo com a jornalista Julia Duailibi, da Globonews, a Polícia Federal apreendeu R$ 300 mil em dinheiro no apartamento.
O ministro disse, por meio de nota de sua assessoria, que está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos, e que todos os seus atos seguiram a legislação. "O ministro confia na Justiça brasileira, no Ministério Público e na imprensa, sabe que as pessoas que estão na vida pública estão corretamente sujeitas à especial atenção do Judiciário, reforça que está sempre à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários, ressalta que todos os seus atos seguiram a legislação e foram pautados pelo interesse público”, afirmou.
Kassab, que é presidente licenciado do PSD, foi prefeito de São Paulo de 2006 a 2013. Ele também atuou como ministro das Cidades durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), antes de assumir o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações do governo Michel Temer (MDB). O ministro já foi anunciado como futuro chefe da Casa Civil do governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB).
Segundo a Polícia Federal, parte dos recursos pagos de forma irregular teria sido encaminhada para a campanha de um candidato ao Governo do Rio Grande do Norte e a um deputado federal, ambos eleitos. O governador do RN eleito em 2014 foi Robinson Faria, do PSD, que deixará o cargo no final deste ano. “Suspeita-se que os valores eram recebidos por empresas, através da simulação de serviços que não foram efetivamente prestados e para os quais foram emitidas notas fiscais falsas”, disse a PF, acrescentando que são investigados os crimes de corrupção passiva e falsidade ideológica eleitoral.
Procurada, a J&F disse que não vai comentar a nova operação da PF. O PT não respondeu de imediato a um pedido de comentário da agência Reuters, que também não conseguiu contato com representantes de Robinson Faria.
*Com informação da Reuters
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