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CIA conclui que príncipe saudita ordenou a morte do jornalista Khashoggi, de acordo com a imprensa local

Serviço de inteligência dos EUA afirma que 15 agentes vindos de Riad foram a Istambul em um avião do Governo e mataram o repórter

O Príncipe Mohammed bin Salman, em março em Nova York.
O Príncipe Mohammed bin Salman, em março em Nova York.Amir Levy (REUTERS)
Amanda Mars
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A CIA concluiu que o príncipe herdeiro saudita Mohamed bin Salman (MBS) ordenou o assassinato do jornalista crítico ao regime Jamal Khashoggi em 2 de outubro no consulado saudita em Istambul, de acordo com reportagem do The Washington Post na sexta-feira e publicado depois por vários veículos da imprensa norte-americana citando fontes da Administração e conhecedoras do processo. O resultado da investigação deixa Salman em situação muito difícil, a quem Riad tentou desvincular completamente do crime apesar das crescentes insinuações turcas a respeito.

Khashoggi, que vivia nos EUA e era colaborador habitual do Post, foi ao consulado de Istambul para realizar trâmites relacionados ao seu futuro casamento com uma mulher turca e não saiu. A partir daí, Riad mudou várias vezes de versão. Primeiro afirmou que o jornalista havia deixado o consulado por seus próprios pés, mas, depois de três semanas de pressão pelas informações vindas da Turquia, acabou admitindo a morte. Inicialmente, as autoridades sauditas afirmaram que Khashoggi morreu em uma briga no prédio, ainda que depois tenham colocado a culpa em agentes que, supostamente, agiram por conta própria e sem planejamento. Existem 11 acusados e cinco deles podem ser condenados à morte.

A dureza e a rapidez da Justiça saudita contra essas pessoas das quais não se sabe o nome, entretanto, não serviram para acabar com as dúvidas internacionais. E, se forem confirmadas, as conclusões da CIA destroem qualquer tentativa de cobertura ao príncipe. De acordo com o Post, agentes sauditas foram a Istambul em um avião do Governo e mataram o jornalista. Entre outros elementos, analisaram uma ligação que Khalid bin Salman, irmão do herdeiro, fez a Khashoggi dizendo-lhe para ir à cidade fazer seus trâmites e garantindo sua segurança. A ligação, interceptada pelos serviços de inteligência, não prova que Khalid sabia do plano criminosos, mas os investigadores dizem que foi realizado por ordem do príncipe.

A inteligência norte-americana leva em consideração que o príncipe supervisiona todos os assuntos do Reino. “A posição aceita é que não há como isso ter ocorrido sem que ele soubesse ou se envolvesse”, diz uma fonte da Administração citada pelo jornal de Washington. Em linha parecida, outra fonte que conhece o assunto disse ao The Wall Street Journal que a conclusão da CIA sobre o papel do herdeiro não é baseada em um tipo de prova direta e definitiva - o que costuma ser chamado de “pistola fumegante” no jargão das investigações -, e sim em indícios e no conhecimento de como funciona a monarquia absolutista.

O envolvimento que os serviços de inteligência atribuem a Salman torna muito difícil à Administração de Donald Trump a manutenção da boa relação com Riad, algo apreciado pelos valiosos acordos de vendas de armas assinados há mais de um ano. Nessa semana, o Departamento do Tesouro puniu 17 funcionários sauditas acusados de estar envolvidos no crime.

Khashoggi foi enterrado na sexta-feira em uma mesquita de Istambul em um funeral sem cadáver. A polícia turca suspeita que o corpo do jornalista pode ter sido dissolvido em ácido, enquanto a promotoria saudita afirma que foi esquartejado e depois entregue a um turco para que desaparecesse com seus restos.

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