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O procurador-geral interino dos EUA: um crítico feroz da investigação da trama russa

Matthew Whitaker, de 48 anos, era até agora chefe de Gabinete de Sessions e acusou o promotor especial Mueller de ir “longe demais” na investigação de Trump

Matthew Whitaker, o promotor geral interino dos Estados Unidos.
Matthew Whitaker, o promotor geral interino dos Estados Unidos.REUTERS
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“A investigação de Mueller sobre Trump está indo longe demais." Este é o título eloquente de um artigo escrito em agosto de 2017 por Matthew Whitaker, pouco antes de ser nomeado chefe de Gabinete do secretário da Justiça, Jeff Sessions. Agora, após a saída forçada de Sessions do Departamento de Justiça, Whitaker assume temporariamente o cargo e será o encarregado de supervisionar as investigações de Robert Mueller, o promotor especial que averigua a interferência russa nas eleições presidenciais de 2016.

Whitaker, 48 anos, que foi promotor federal em Iowa durante a Administração do republicano George W. Bush, tem o perfil sonhado por Donald Trump. Credenciais judiciárias conservadoras e afinidade com o presidente em sua cruzada contra Mueller. Usando os mesmos argumentos de Trump, Whitaker afirmou no artigo, publicado no site da CNN, que o promotor especial da trama russa se empenhava em uma "caça às bruxas" contra o presidente se –como foi o caso– examinasse suas finanças pessoais,

Sua tese era que Mueller estava indo além de suas funções quando o número 2 de Sessions, Rod Rosenstein, o designou em 2017 como promotor especial para investigar se houve alguma coordenação entre os esforços russos e a equipe de Trump. "Não é preciso de um advogado ou um ex-promotor federal como eu para concluir que investigar as finanças de Donald Trump ou de sua família está completamente fora do âmbito da sua campanha de 2016 e das alegações de que a campanha foi coordenada com o Governo russo”, afirmou Whitaker.

Não foi seu único aceno a Trump. No final de agosto de 2017, Whitaker escreveu outro artigo. No digital The Hill, ele pediu ao Departamento de Justiça que abrisse uma investigação sobre uma suposta reunião da equipe de Hillary Clinton com funcionários da embaixada ucraniana em Washington para tratar de informações relacionadas a Trump e à Rússia. Whitaker repetia uma mensagem no Twitter do presidente, na qual investia contra Sessions por não investigar uma suposta conexão ucraniana de sua rival democrata.

O advogado afirmava que o pedido de Trump era “correto” e, emulando a retórica do presidente contra a imprensa, se queixou de que essa informação não tinha recebido a mesma atenção dada pelos “grandes meios de comunicação” ao encontro, antes das eleições de 2016, entre Donald Trump Jr., filho do presidente, e uma advogada russa ligada ao Kremlin que lhe havia oferecido informações comprometedoras sobre Clinton.

Whitaker tentou sem sucesso em 2014 conseguir a nomeação republicana para ser candidato a senador por Iowa. Uma década antes, também fracassou na meta de ser o tesoureiro desse Estado. Depois de deixar de ser promotor federal e entrar no Departamento de Justiça, Whitaker dirigiu uma fundação judicial conservadora e apareceu com frequência como comentarista na mídia.

Agora, Whitaker tem a seu alcance demitir Mueller, se quiser, e até mesmo tentar convencer Trump a nomeá-lo –desde que o Senado aprove– secretário permanente da Justiça dos EUA.

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