Bolsonaro, o novo amigo de Israel
Netanyahu felicita o presidente eleito pelo anúncio de que transferirá a Embaixada para Jerusalém
Ao se batizar de novo nas águas do rio Jordão, Jair Bolsonaro mostrou há dois anos sua aproximação da comunidade evangélica, um culto cristão que é conhecido por seu apoio ao Estado de Israel e tem mais de 40 milhões de fiéis no Brasil, onde também vivem 100.000 judeus. Pouco depois que as urnas o transformaram no presidente eleito do maior país da América Latina, o militar da reserva ultradireitista confirmou que cumprirá sua promessa eleitoral de transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém. O primeiro-ministro israelense, Benjamim Netanyahu, felicitou Bolsonaro na noite de quinta-feira, 1, por ter seguido os passos do presidente dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump, e da Guatemala, do cristão evangélico Jimmy Morales − os dois únicos países que tiraram sua representação diplomática de Tel Aviv, onde as demais embaixadas permanecem. O Paraguai voltou atrás e fechou sua representação em Jerusalém depois da posse, em agosto, do novo presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez.
“É um passo histórico, justo e animador”, vangloriou-se imediatamente Netanyahu através do Twitter. “Israel é um Estado soberano e nós o respeitamos”, acabava de tuitar o presidente eleito para reiterar seu compromisso de campanha de transferir a embaixada para a Cidade Santa. Bolsonaro questiona assim um consenso internacional de sete décadas, que foi quebrado por Trump em dezembro ao reconhecer Jerusalém como capital do Israel. A comunidade internacional sustentou em sucessivas resoluções das Nações Unidas que o estatuto final da cidade − cuja parte oriental é reivindicada pelos palestinos como a capital de seu futuro Estado – só pode ser estabelecido depois de um acordo de paz definitivo entre as duas partes.
O capitão da reserva do Exército brasileiro, que ratificou sua vontade de transferir a representação diplomática horas mais tarde, em uma entrevista coletiva, já tinha antecipado seus planos em uma entrevista concedida ao Israel Hayon, o jornal mais próximo de Netanyahu entre os meios de comunicação israelenses. “Se vocês decidem qual é sua capital, nós temos de segui-los”, argumentou. O primeiro-ministro israelense tem a intenção de assistir em janeiro à posse de Bolsonaro, que, por sua vez, prevê que Israel seja o destino de uma de suas primeiras viagens internacionais.
O presidente eleito também tinha adiantado na entrevista ao jornal que Israel poderá contar, durante seu mandato, com o voto do Brasil na ONU, e apontou a que o nível da representação diplomática ante a Autoridade a Palestina deve ser rebaixado. “A Palestina precisa ser um Estado para poder ter direito a contar com uma embaixada”, advertiu. Sob a presidência de Luiz Inácio Lula Da Silva, o Governo do Brasil reconheceu em 2010 a Palestina como Estado dentro das fronteiras anteriores a 1967, quando Israel ocupou militarmente a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental.
A sucessora de Lula no cargo, Dilma Rousseff, ordenou a retirada do embaixador brasileiro em Tel Aviv durante o conflito de 2014 em Gaza. Dois anos depois, negou a anuência diplomática ao homem que Netanyahu havia nomeado para o cargo de embaixador em Brasília. Tratava-se do ex-líder dos colonos judeus Dani Dayan, ele próprio um morador de um assentamento judaico. As administrações presidenciais do Partido dos Trabalhadores mantiveram durante mais de 12 anos, nos foros internacionais, uma política de condenação à ocupação israelense de territórios palestinos.
Durante sua campanha eleitoral, Bolsonaro trouxe à luz suas boas relações com o Estado judeu. Ele lembrou que durante uma visita a Israel, o ministro israelense da Agricultura, Uri Ariel, tinha lhe proposto fornecer às regiões brasileiras afetadas pela seca a tecnologia de ponta desenvolvida por técnicos de seu país. Ao ser indagado na quinta-feira pela imprensa no Rio sobre as consequências que sua decisão de transferir a embaixada pode ter para as exportações agropecuárias do Brasil, Bolsonaro respondeu, segundo a agência EFE: “Temos um grande respeito pelo povo israelense e pelo povo árabe. Não queremos problemas com ninguém. Queremos comercializar com todo mundo e buscar soluções pacíficas para resolver os conflitos”.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.
Mais informações
Arquivado Em
- Benjamin Netanyahu
- Luiz Inácio Lula da Silva
- Assentamento colonos
- Eleições Brasil 2018
- Mario Abdo
- Donald Trump
- Dilma Rousseff
- Eleições Brasil
- Jair Bolsonaro
- Israel
- Territórios palestinos
- Conflitos fronteiriços
- Geopolítica
- Palestina
- Fronteiras
- Oriente médio
- América do Norte
- Brasil
- Política exterior
- Eleições
- Ásia
- América
- Relações exteriores
- Política
- Conflitos
- Eleições 2018