_
_
_
_
_

Atirador mata 11 em sinagoga de Pittsburgh durante cerimônia religiosa

Tiroteio deixou seis feridos além do assassino, quatro deles policiais

Amanda Mars
Vigília em homenagem aos mortos na Sinagoga Árvore da Vida (Tree of Life) na manhã deste sábado
Vigília em homenagem aos mortos na Sinagoga Árvore da Vida (Tree of Life) na manhã deste sábadoDUSTIN FRANZ (AFP)
Mais informações
Detido suspeito de ligação com pacotes-bomba enviados nos EUA
Eleições legislativas nos EUA: o plebiscito de Trump?
EUA revogam visto de agentes sauditas suspeitos de matar o jornalista Khashoggi
Homem abre fogo dentro de Catedral de Campinas e deixa mortos e feridos

A Polícia prendeu neste sábado, 27, um homem que abriu fogo numa sinagoga de Pittsburgh, uma das principais cidades do Estado da Pensilvânia, e matou pelo menos 11 pessoas, segundo as autoridades. Há seis feridos, quatro deles policiais. O centro religioso Árvore da Vida (Tree of Life) celebrava o shabat, o dia do descanso judaico, quando começaram os disparos. Três dos policiais que enfrentaram o homem ficaram feridos. O presidente Donald Trump denunciou o “ato antissemita” e defendeu o endurecimento das leis relacionadas com a pena de morte.

Logo após as 13h (14h em Brasília), fontes da investigação citadas pela agência AP identificaram o detido como Robert Bowers, de 46 anos, mas as autoridades não explicaram suas motivações.

O suspeito havia sido descrito por testemunhas como um homem branco que entrou na sinagoga ao redor das 9h45 (10h45 em Brasília) e começou a disparar de maneira indiscriminada, gritando “todos os judeus devem morrer”, segundo informou a rede CBS e sua associada local KDKA. “Estávamos celebrando o serviço [de shabat] quando ouvimos um barulho muito forte na área da entrada”, explicou Stephen Weiss, 60, ao jornal local Tribune-Review. A sinagoga, com capacidade para mais de 1.000 pessoas, está a cerca de 10 minutos do centro de Pittsburgh, no bairro de classe média Squirrel Hill, onde reside um grande número de membros da comunidade judaica, que ficou em estado de choque. Todos os moradores foram alertados a permanecer em casa. O agressor se entrincheirou no centro religioso e trocou tiros com a Polícia, mas acabou se entregando, segundo explicou a política local Erika Strassburger.

Num evento com ruralistas em Indianápolis, Trump qualificou o tiroteio de “ato antissemita”. “Não pensaria que isso poderia ocorrer”, disse. “Condenamos o antissemitismo e qualquer outra forma de mal. Nos unimos como um só povo norte-americano.”

“O que ocorreu em Pittsburgh é bastante mais devastador do que parecia no início. Falei com o prefeito e o governador para informar que o Governo está e estará ao seu lado o tempo todo”, havia escrito Trump anteriormente, em sua conta do Twitter. Antes de partir para Indiana, ele se dirigiu à imprensa para defender a pena de morte em situações como essa. “Deveríamos trabalhar para fortalecer as leis relacionadas com a pena de morte”, declarou o presidente dos EUA. E acrescentou: “Qualquer um que faça algo assim contra pessoas inocentes que estão numa sinagoga ou igreja deve pagar o máximo preço por isso.”

Trump também reafirmou sua postura habitual frente a tiroteios como o deste sábado, argumentando que o fácil acesso dos cidadãos às armas não tem ligação com esses incidentes. Ao contrário: ressaltou o fato de que as vítimas estavam desprotegidas. “Talvez as coisas tivessem sido diferentes se houvesse alguém armado”, disse. “Ver tiroteios desse tipo há tantos anos é uma pena.” O presidente completou: “É algo terrível, terrível, o que está acontecendo em nosso país com o ódio. É preciso fazer alguma coisa.”

“Estou vendo o que está acontecendo em Pittsburgh (Pensilvânia). Policiais estão na zona. Moradores da área de Squirrel Hill [bairro da sinagoga] devem permanecer em casa. Parece que há muitas vítimas. Cuidado com um franco-atirador ativo! Que Deus abençoe a todos!”.

Polarização crescente

O tiroteio deu outra sacudida na campanha das eleições legislativas previstas para 6 de novembro nos EUA, marcadas pela polarização política e social no país. O ataque ocorreu um dia após a Polícia ter detido o suspeito de enviar uma dúzia de pacotes com bombas caseiras a referentes democratas e outras personalidades odiadas pela ultradireita norte-americana. A matança de Pittsburgh também fez soar o alerta pelo auge do antissemitismo. A Polícia de Nova York ordenou o posicionamento de agentes para vigiar os centros judaicos e as sinagogas na metrópole. Ano após ano, os judeus são o grupo religioso mais castigado pelos crimes de ódio, segundo as estatísticas do FBI. O último relatório, de novembro de 2017, indicou que os judeus sofreram mais da metade dos crimes do ano anterior relacionados com a religião. Outro estudo, realizado em maio passado pelo Centro para o Estudo do Ódio e do Extremismo da Universidade da Califórnia, mostrou que os judeus sofreram 19% de todos os crimes de ódio contabilizados em 2017.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou-se desolado com tiroteio e expressou a solidariedade de todo o seu país com a comunidade judaica de Pittsburgh. O governador da Pensilvânia, Tom Wolf, chamou o ataque de “tragédia absoluta”. “Meus pensamentos estão com as vítimas e suas famílias. Vamos garantir que as forças da ordem disponham de todos os recursos necessários”, afirmou.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_