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Trump ameaça enviar tropas à fronteira com México se caravana de imigrantes não for contida

Cerca de 3.000 pessoas, na maioria hondurenhos, caminham em direção aos EUA para pedir asilo

A caravana de imigrantes hondurenhos segue da cidade de Chiquimula rumo ao Departamento de Zacapa
A caravana de imigrantes hondurenhos segue da cidade de Chiquimula rumo ao Departamento de ZacapaEsteban Biba (EFE)

À medida que uma caravana de imigrantes hondurenhos avança rumo aos Estados Unidos, o tom das ameaças de Donald Trump também aumenta. O presidente dos EUA recorreu nesta quinta-feira, 18, a sua artilharia mais pesada e ameaçou enviar tropas para a fronteira com o México e também fechá-la. Além disso, ele atirou uma granada: declarou que a situação no sul do país, "incluindo os elementos criminosos e as drogas", importa "muito mais" que o USMCA, o novo acordo comercial entre os EUA, o México e o Canadá, que ainda terá de ser assinado pelos três países para entrar em vigor.

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Os cerca de 3.000 imigrantes, na maioria, hondurenhos, iniciaram no sábado, 13, uma caminhada com destino aos Estados Unidos para pedir asilo, alegando razões de segurança. Desde o primeiro momento, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, advertiu que o país não os aceitaria. Na terça-feira, 16, a maior potência do mundo elevou o tom. Trump informou pelo Twitter que se o Governo de Honduras não detivesse sua gente, iria cortar a ajuda econômica ao país, "com efeito imediato". Mais tarde, a ameaça já se estendia à Guatemala e El Salvador. A possível punição é surpreendente, uma vez que o objetivo dessa ajuda é justamente melhorar as condições de trabalho e segurança para que os cidadãos não decidam emigrar.

Os chanceleres e vice-chanceleres dos três países se reuniram nesta quarta-feira, 17, em Tegucigalpa para analisar a crise migratória, com a participação de um enviado especial do futuro presidente mexicano, Manuel López Obrador. O México, na tentativa de controlar a crise, mobilizou dezenas de policiais ao longo do rio Suchiate, a fronteira natural entre o país e a Guatemala, para deportar imigrantes irregulares. Mas isso não é suficiente para Trump, que nesta quinta-feira impôs a seu vizinho um golpe mais forte: "Além de interromper os pagamentos a esses países, que parecem não ter quase nenhum controle sobre sua população, devo pedir ao México que detenha esse avanço e, se não conseguir, chamarei os militares e FECHAREI NOSSA FRONTEIRA SUL!” . Em seguida, ameaçou anular o tratado comercial que levou três meses para ser alcançado pelos três países para substituir o TLC.

A nova crise migratória ocorre na véspera da visita de Pompeo ao México, prevista para esta sexta-feira, 19. A reunião será marcada pela situação na fronteira entre os dois países. Trump quer evitar repetir as cenas de março, quando outra caravana com centenas de famílias deixou o Estado mexicano de Chiapas e foi dissolvida na chegada à Cidade do México, após uma ameaça do republicano. O responsável pelas Relações Externas de Washington se reunirá com o presidente Enrique Peña Nieto, o ministro das Relações Exteriores, Luis Videgaray, e o secretário de Relações Exteriores do próximo governo, Marcelo Ebrard, anunciou o Departamento de Estado.

As autoridades guatemaltecas não têm um registro sobre os hondurenhos que passaram pela fronteira na caravana, mas cerca de 3.000 imigrantes foram atendidos no abrigo dirigido pela Pastoral da Mobilidade Humana da Igreja Católica.

A caravana e as ameaças surgem a menos de três semanas das eleições legislativas de 6 de novembro, quando os republicanos buscarão manter a maioria no Congresso. Trump instou seus companheiros de partido a fazerem da imigração uma questão central nas últimas semanas da campanha e culparem os democratas por não ter sido aprovada uma lei de imigração mais rígida. Uma lei, aprovada nos últimos dias do governo do republicano George W. Bush, impede a deportação imediata de menores indocumentados que não sejam do Canadá ou do México.

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