Juiz federal dos EUA paralisa aplicação do veto migratório de Trump
Sentença impede que se ponha em prática no país inteiro o decreto que bloqueia a entrada de refugiados e imigrantes de sete países muçulmanos
Um juiz federal do Estado de Washington bloqueou temporariamente a aplicação em todo o país do veto migratório de Donald Trump. A sentença, da qual o Governo ainda pode apelar num tribunal superior, significa que não poderá ser implementada a ordem executiva que desde 27 de janeiro impede a entrada nos Estados Unidos de refugiados e imigrantes de sete nações de maioria muçulmana.
“Hoje prevaleceu a Constituição. Ninguém está acima da lei, nem mesmo o presidente”, afirmou o procurador-geral de Washington, Bob Ferguson, depois de saber da decisão. O procurador acrescentou que espera que o presidente Trump “cumpra essa ordem” e que pare a aplicação do decreto nos portos de entrada do país. A sentença assinada pelo juiz federal James Robart proíbe os trabalhadores federais de todo o país de aplicar o decreto de Trump.
A Casa Branca anunciou numa nota que o Departamento de Justiça vai apelar da sentença “o mais rápido possível” e que o Governo considera o decreto migratório “legal e apropriado”. O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, afirma que “a ordem tem a intenção de proteger o território nacional e [o presidente] conta com a autoridade e a responsabilidade constitucional de proteger o povo norte-americano”.
O Departamento de Estado trabalha desde a noite desta sexta-feira com o Departamento de Segurança Nacional para determinar os efeitos práticos dessa sentença, segundo declarou um porta-voz à Reuters. Segundo a agência, o departamento de Alfândega já ordenou às companhias aéreas que permitam o embarque de quem, apesar de ter visto válido, tenha sido afetado pelo veto migratório. O Governo federal considera que o decreto tenha cancelado quase 60.000 vistos e que as pessoas que solicitam entrada devem começar novamente o processo.
Sem saber suas consequências diretas, o maior impacto dessa decisão pode recair sobre os tribunais. O juiz reconheceu o direito dos Estados e das empresas de processar o Governo federal pelo efeito da ordem executiva sobre seus residentes. É esperado que a sentença seja contestada pela Administração Trump numa instância judicial superior e que eventualmente chegue ao Supremo Tribunal para decidir se o veto é constitucional ou não.
Robart afirma em sua decisão que o Estado de Washington, ao qual depois se somou Minnesota, demonstrou “um dano imediato e irreparável” devido ao veto migratório. O juiz não se pronunciou sobre a legalidade do decreto, mas pediu que não seja aplicado até que se determine qual das partes tem razão no caso.
O procurador-geral de Washington alegou em seu pedido que o veto migratório viola os direitos constitucionais tanto dos imigrantes quanto de suas famílias, assim como o direito à liberdade religiosa e à igualdade perante a lei. Ferguson argumenta que o decreto de Trump “é motivado pelo ódio e pelo desejo de prejudicar um grupo em particular”, baseando-se em declarações feitas pelo presidente durante a campanha eleitoral.
Essa ação tem o apoio de grandes empresas, como a Amazon e a Expedia, e defende que a ordem executiva tem impacto negativo sobre a economia, as empresas e o setor educacional do Estado. Milhares de pessoas, entre as quais há estudantes, médicos, pesquisadores e trabalhadores com permissão de residência legal, foram surpreendidas pela ordem em seu país de origem e souberam que não poderiam voltar aos EUA.
O decreto presidencial do republicano bloqueia a entrada nos EUA dos refugiados sírios por tempo indeterminado. A ordem também veta os imigrantes de sete nações de maioria muçulmana e os refugiados de outras procedências, durante os próximos três e quatro meses, respectivamente. Sua entrada em vigor provocou uma onda de protestos e caos nos aeroportos dos EUA e do resto do mundo. A Casa Branca defende que não se trata de um veto contra os muçulmanos e que o objetivo do decreto é proteger a segurança nacional.
A sentença em Washington veio horas depois de um juiz federal ter dado permissão ao Estado da Virgínia para se unir a outra ação paralela que também tenta bloquear a ordem executiva de Trump. Esse mesmo juiz determinou também que o Governo federal entregue às autoridades da Virgínia uma lista com todas as pessoas às quais tenha sido negada a entrada ou que tenham sido deportadas dos EUA devido ao decreto.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.