Como produzir 16 séries ao mesmo tempo e não morrer tentando
Greg Berlanti, roteirista das séries de super-heróis da DC, sempre colocou em suas histórias mensagens de inclusão de representação
Greg Berlanti poderia ser seu próprio canal de televisão. Produz tantas séries que transmitiria uma nova quase a cada hora do dia. A maioria seria de aventuras de super-heróis, certo, mas também existiria espaço para dramas adolescentes (Riverdale, All American), românticas (You), procedimentais (Deception, Blindspot), comédias religiosas (God Friended Me) e até bruxaria (Sabrina). Esse superprodutor está envolvido em 16 séries da nova temporada. Ele tem a confiança de canais abertos, a cabo e também plataformas como a Netflix e DC Universe, exclusiva dos quadrinhos da editora. E mais, até lhe sobra tempo para dirigir um filme tão pessoal como Com Amor, Simon, comédia romântica sobre a saída do armário de um adolescente. Conte o que contar, ainda assim, sua trajetória envia uma importante mensagem em sua vida: a inclusão e normalização do coletivo LGTBI.
Origens
Todas as séries produzidas por Berlanti acabam com a imagem de uma família diante da tevê e um grito: “Greg, abaixe a cabeça!”. É a homenagem do produtor nascido em 1972 a seu pai e à infância familiar que passou em Rye, Nova York, encharcando-se de televisão e quadrinhos. Seu primeiro trabalho televisivo foi em Dawson’s Creek, série que em 2000 mostrou o primeiro beijo entre homens em prime-time. Nesse mesmo ano, Berlanti apresentou em Sundance sua obra-prima no cinema: O Clube dos Corações Partidos, sobre um grupo de jovens homossexuais.
Grandes sucessos
Sua primeira série como roteirista de fato foi a novela familiar Everwood: Uma Segunda Chance, que se manteve cinco anos no ar e forjou uma relação com a Warner ainda intacta. Também escreveu Jack & Bobby, Eli Stone e Animais Políticos, ainda que seu maior sucesso tenha nascido de seu maior revés. Após fracassar apresentando sua versão de Homem de Ferro à Marvel, a DC o contratou para escrever Lanterna Verde. Reescreveram seu trabalho e o filme foi um fracasso antológico, mas serviu para que um ano depois fosse o responsável por Arrow, série sobre o super-herói Arqueiro Verde. Após seis anos no ar, a série teve cinco derivadas: The Flash, Supergirl, Legends of Tomorrow, The Ray e Black Lightning. Juntas formam o Arrowverso, também conhecido como Berlantiverso.
Sua conquista fundamental foi, entretanto, acabar com as barreiras pela integração. Suas séries contam com todos os tipos de identidade de gênero, orientação sexual e raça. Sem se esquecer, claro, que todos precisam ser bonitos. Em Brothers & Sisters escreveu o primeiro casamento homossexual da tevê; em Dirty Sexy Money deu o primeiro papel na tevê aberta a uma atriz transexual e, entre seus super-heróis, está prestes a apresentar a primeira super-heroína protagonista lésbica (Batwoman) e, em Supergirl, a primeira trans. Sua carreira, ainda assim, não está livre de polêmicas. Há alguns meses, Berlanti precisou assumir a função de principal responsável por The Flash quando seu sócio Andrew Kreisberg foi acusado de abuso sexual.
O que tem nas mãos
Ele enfrenta a temporada com o desafio de lançar uma plataforma dedicada aos quadrinhos DC. Lá criou Titãs, sobre um grupo liderado por Robin, a Patrulha do Destino e Stargirl. Enquanto isso sua equipe introduz a cidade de Gotham no canal The CW, ao incluir Batwoman em suas séries. Além disso, e mesmo que mantenha vigente um acordo com a Warner no valor de 300 milhões de dólares (1,1 bilhão de reais), em outubro estreará na Netflix com a reinvenção da bruxa Sabrina, afiançada pelo sucesso de Riverdale, outra franquia de quadrinhos que ajuda a construir. Os canais abertos também apostam nele, com sinal verde para três de seus pilotos nesse ano.
O que dizem dele
Melissa Benoist, a Supergirl, descreveu assim a relevância do trabalho de seu chefe: “Se as crianças olham a tevê e veem personagens que agem, amam e se identificam como elas, abre as portas para que se sintam orgulhosas de quem são e lhes dá forças para lutar. Enquanto Greg criava histórias universais, rompeu barreiras pela representação”. Com amor, Greg.
As séries de Greg Berlanti
- Dawson Creek (produtor e roteirista, 1998-2002)
- Jack & Bobby (criador, 2004-2005)
- Everwood (criador, 2002-2006)
- Cinco irmãos (roteirista e produtor, 2006-2011)
- Sexy Money (produtor, 2007-2009)
- Eli Stone (criador, 2008-2009)
- Os incríveis Powell (criador, 2010-2011)
- Political Animals (criador, 2012)
- Arrow (criador, 2012-)
- Golden Boy (produtor, 2013)
- The Tomorrow People (produtor, 2013-2014)
- The Flash (criador, 2014-)
- Os mistérios de Laura (2014-2016)
- Supergirl (criador, 2015-)
- Blindspot (produtor, 2015-2018)
- Vixen (produtor, 2015-2016)
- Legends of Tomorrow (criador, 2016-)
- Riverdale (produtor, 2016-)
- The Ray (produtor, 2017)
- Black Lightning (produtor, 2018)
- O Ilusionista (Deception) (produtor, 2018)
- You (criador, 2018)
- All American (criador, 2018)
- As arrepiantes aventuras de Sabrina (produtor, 2018)
- Titans (criador, 2018)
- Rede Line (produtor, 2018)
- God Friended Me (produtor, 2018)
- Doom Patrol (produtor, 2019)
- Stargirl (criador)
- Batwoman (criador)
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.