_
_
_
_

EUA ratificam guerra comercial contra a China no G-20

O Encontro de ministros das Finanças do G20 em Buenos Aires deixa claras as tensões da escalada tarifária

O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, durante encontro com a imprensa.
O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, durante encontro com a imprensa.AFP
Federico Rivas Molina
Mais informações
Europa pede a China, EUA e Rússia que evitem a guerra comercial “para prevenir o conflito e o caos”
China procura aliança com a UE para combater o protecionismo de Trump

A guerra comercial chegou ao seu apogeu. Os ministros das Finanças do G-20 reunidos desde sábado em Buenos Aires evitaram palavras que fugissem do protocolo diplomático, mas a tensão entre EUA, China e UE estava no ar durante todo o primeiro dia de reunião. O secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, disse na prévia que seu país espera “que a China avance no sentido de um comércio mais equilibrado”. Não usou o tom de ameaça constante de que tanto gosta seu chefe político, Donald Trump, mas colocou sobre a mesa a possibilidade de aplicar tarifas ao total de bens chineses que todo ano ingressam nos EUA, no valor de 500 bilhões de dólares. Da União Europeia, o ministro das Finanças da Alemanha, Olaf Scholz, pediu medidas que garantam o livre comércio. “Os ganhos são melhores quando colaboramos todos”, disse aos jornalistas antes da reunião com seus pares.

O cenário do comércio mundial mudou dramaticamente desde a última reunião de ministros das Finanças realizada em Buenos Aires, em março. As advertências dos EUA em relação à China e à UE são agora uma realidade e o desafio não é mais como evitar uma escalada, mas como administrá-la. O Governo de Trump impôs no início do mês uma tarifa de 25% a produtos chineses de 34 bilhões de dólares, aos quais se poderiam somar outros 16 bilhões. Está em estudo também um imposto de 10% sobre bens avaliado em 200 bilhões. Trump disse na sexta-feira que estava “pronto para chegar a 500”, em referencia ao déficit comercial de 505 bilhões de dólares que, segundo seus cálculos, os EUA têm com a China.

Mnuchin não falou em Buenos Aires sobre possibilidade de novas tarifas nem disse que a China “está roubando” os EUA, como Trump costuma afirmar. Disse, porém, que seu país teve “muitas reuniões fechadas” com a China a fim de chegar a uma relação comercial “mais equilibrada”. “Para nós o objetivo é vender mais bens. A única restrição é por questões de segurança, mas temos um mercado muito aberto. Esperemos que a China avance para um comércio mais equilibrado”, disse o secretário do Tesouro.

A titular do FMI, Christine Lagarde, durante a coletiva de imprensa ao lado do ministro da Economia da Argentina, Nicolás Dujovne.
A titular do FMI, Christine Lagarde, durante a coletiva de imprensa ao lado do ministro da Economia da Argentina, Nicolás Dujovne.AFP

O encontro servirá para os EUA tentarem agregar apoios a sua escalada contra a China, sobretudo entre os países do G-7 que, diferentemente do G-20, reúne apenas economias desenvolvidas. Talvez Mnuchin não encontre o que espera. A UE e o Canadá sofrem as consequências das tarifas dos EUA ao alumínio e ao aço, o que provocou medidas de represália. O ministro da Economia da França, Bruno Le Maire, foi muito direto em seu mal-estar em relação ao Governo de Trump. “Fazemos um chamado à razão aos EUA, para que respeite as regras multilaterais e respeite seus aliados”, disse em declarações para a AFP em Buenos Aires. “Estadunidenses e europeus são aliados. Não conseguimos entender por que nós, europeus, temos de ser afetados pelo aumento de tarifas comerciais decidido pelos EUA”, acrescentou.

O custo da guerra comercial não é quantificável, mas o FMI já advertiu que as consequências serão vistas em médio prazo. A titular do Fundo, Christine Lagarde, reiterou em Buenos Aires que “no pior cenário, as medidas [comerciais] atuais podem ter um impacto de cerca de 0,5 pontos [negativos] do PIB global” em 2020. Lagarde esclareceu que o FMI leva em consideração o impacto das “medidas anunciadas e o processo”, mas que não “especula sobre o que pode acontecer”.

A Argentina propôs, como país anfitrião do G-20, primeiro da América Latina a cumprir esse papel, uma agenda que discuta políticas públicas em relação a mudanças tecnológicas que afetam o emprego e uma aposta em mais investimentos globais em infraestrutura, além de regulamentação efetiva do fenômeno das criptomoedas. Mas a guerra comercial se colou como tema. O encontro de março terminou sem acordo, com um texto que convocou a “continuar dialogando”. Para isso estão agora reunidos em Buenos Aires os ministros, e o Governo argentino tem o desafio de coordenar eventuais consensos.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_