Mariano Rajoy é destituído e Pedro Sánchez é novo premiê da Espanha
Líder do PSOE tem dias atribulados pela frente para tentar costurar uma coalizão. Após Parlamento destituir premiê, socialista propôs convocar novas eleições, mas não deu data
Mariano Rajoy não é mais o primeiro-ministro da Espanha, que a partir desta sexta-feira tem um novo chefe de Governo. Em uma reviravolta que parecia impensável há poucos dias, Pedro Sánchez, secretário-geral do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), foi nomeado pelo Parlamento espanhol como substituto do premiê conservador. Rajoy, do Partido Popular, governava o país havia seis anos e meio e perdeu uma moção de censura contra si. O líder socialista conseguiu reunir apoios de diferentes partidos de esquerda até agora inimizados, e especialmente dos nacionalistas, inimigos históricos do PP de Rajoy, para vencer.
Mariano Rajoy, de 63 anos, discursou na sessão desta sexta com evidente emoção, desejando o melhor para Sánchez. Disse que como democrata aceita o resultado da moção, mas que não pode admitir “o que se fez”. Considerou uma honra ter presidido o Governo e também deixar a Espanha melhor que encontrou. “Tomara que meu substituto possa dizer o mesmo. Obrigado a todos e ao meu partido. E a todos os espanhóis por sua compreensão e apoio. E obrigado a vocês pelo bem da Espanha.”
Ha sido un honor ser presidente del Gobierno y dejar una España mejor de la que encontré. Gracias a todos, y de manera muy especial a los españoles y al @PPopular.
— Mariano Rajoy Brey (@marianorajoy) June 1, 2018
Suerte a todos por el bien de España. pic.twitter.com/8bLRIiFOa1
Há oito dias, Mariano Rajoy se viu imerso em um terremoto político sem precedentes na sexta maior economia da Europa. Na quinta-feira da semana passada, a Justiça proferiu a sentença do Caso Gürtel, uma investigação policial sobre a corrupção sistêmica no PP. Após nove anos de investigação, centenas de membros do partido governista espanhol foram declarados culpados; muitos deles estavam no Governo, que já havia passado os últimos tempos isolado e desgastado. Condenou-se o PP a pagar mais de 245.000 euros (cerca de um milhão de reais) como "partícipe a título lucrativo" da trama, considerou-se provado que houve um caixa-dois no partido desde 1989, e impôs-se uma pena de 33 anos de prisão a Luis Barcenas, ex-tesoureiro da agremiação. Além disso, o texto da Audiência Nacional questiona a credibilidade do depoimento de Rajoy como testemunha do caso.
Defiendo esta moción de censura por coherencia, responsabilidad y democracia. Propongo un gobierno socialista, paritario y europeísta que cumplirá con la UE y la Constitución. Su hoja de ruta: estabilizar, atender las urgencias sociales y convocar elecciones. #LaMociónDelCambio pic.twitter.com/On3fiVQkHT
— Pedro Sánchez (@sanchezcastejon) May 31, 2018
Não é tão fácil saber o que fará Pedro Sánchez agora que chegou ao poder. Nos quatro anos em que ocupa a primeira fila na política, o socialista teve que confrontar praticamente todos os mecanismos do poder espanhol, incluindo os barões do seu próprio partido, que o expulsaram da presidência do PSOE, mas não foram capazes de evitar que voltasse em maio passado.
Agora, ele se prepara para presidir o Governo espanhol sem ter vencido as eleições, sem ser deputado e com o exíguo apoio de seus 84 deputados. Sánchez se comprometeu a respeitar o Orçamento Geral do Estado aprovado por Rajoy e a abrir um processo de diálogo com os separatistas catalães, no marco da Constituição e do Estatuto regional. Do mesmo modo, mostrou-se disposto a convocar eleições – como lhe pediu grande parte da coalizão que ofereceu seu apoio –, mas não precisou a data.
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