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Diretor da CIA manteve reunião secreta com o líder da Coreia do Norte

Conversas buscam preparar o terreno para o encontro com Trump previsto para o início de junho

Jan Martínez Ahrens
O diretor da CIA, Mike Pompeo; o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o presidente do EUA, Donald Trump.
O diretor da CIA, Mike Pompeo; o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o presidente do EUA, Donald Trump.REUTERS
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O jogo começou. O diretor da CIA, Mike Pompeo, reuniu-se em segredo, há duas semanas, com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un. As conversas, noticiadas pelo The Washington Post e confirmadas nesta quarta-feira pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tiveram como objetivo preparar o espinhoso encontro previsto entre o Líder Supremo e o líder norte-americano para tratar da desnuclearização do país asiático.

O envio a terra hostil de um dos homens fortes da Casa Branca e futuro secretário de estado mostra que a preparação da cúpula está caminhando bem. O próprio Trump recordou nesta terça-feira que, se tudo der certo, a reunião será realizada no início de junho e que há cinco localizações em vista. Nenhuma nos EUA. “Tivemos conversas diretas em níveis muito altos com a Coreia do Norte”, disse o presidente sem mencionar Pompeo.

O encontro será um marco no conflito coreano. Os presidentes de ambos os países nunca se reuniram. O encontro de mais alto nível antes da visita de Pompeo foi em 2000, quando a então secretária de Estado, Madeleine Albright, se reuniu com o Amado Líder, Kim Jong-Il (1942-2011), filho do Grande Líder, Kim Il-sung (1912-1994) e pai do atual mandatário. Aquela negociação, assim como as anteriores e posteriores, fracassou e mostrou a dificuldade de dialogar com um regime encastelado em um asfixiante culto à personalidade e cuja máxima preocupação é a perpetuação de uma estirpe de tiranos.

Desta vez, o desafio chegou mais longe que nunca. Depois de herdar o poder em 2011, Kim Jong-un retomou a corrida armamentista iniciada por seu pai, e a acelerou até obter a bomba de hidrogênio e mísseis capazes de alcançar o território norte-americano. Foi uma queda de braço acirrada que veio acompanhada de uma assustadora escalada de tensão com Washington. Não só ambos os líderes se insultaram e ameaçaram, como também a diplomacia norte-americana ergueu um cerco ferrenho sobre Pyongyang. As sanções e condenações no Conselho de Segurança da ONU se multiplicaram e, em uma guinada histórica, os EUA conseguiram o apoio da China, que absorve 90% das exportações norte-coreanas.

Asfixiado, o Líder Supremo decidiu baixar a tensão no final de 2017. Primeiro abriu uma negociação direta com a Coreia do Sul, depois reconheceu que está disposto a desnuclearizar contanto que seu regime seja respeitado e, finalmente, em março, propôs a reunião com Trump. Uma oportunidade que o presidente dos EUA, um especialista nos saltos na corda bamba, não desperdiçou. Disse imediatamente que sim, mas sem baixar o guarda.

As sanções e manobras militares foram mantidas. “Não vamos cometer os erros do passado. Examinamos o que foi feito em negociações anteriores e todas conduziram a uma distensão; faziam-se concessões para manter o diálogo. Mas, desta vez, o presidente está determinado a não dar nenhuma recompensa a Kim Jong-un”, disse um porta-voz da Casa Branca.

Sob essa pressão, Trump considera que sua retaguarda está coberta. Se a reunião fracassar, voltará a apertar a mão sobre um país com um PIB per capita 100 vezes menor que o seu. Em qualquer caso, longe de uma democratização, basta-lhe que Pyongyang abandone as armas nucleares. Isso seria um sucesso para ele. Kim Jong-un, por sua vez, quer consolidar seu regime e, talvez, assinar o acordo de paz com a Coreia do Sul (desde 1953 há apenas um armistício, por isso tecnicamente continuam em guerra). Para a China é suficiente baixar a tensão e assegurar a continuidade de uma ditadura que lhe serve de barreira contra a Coreia do Sul e as tropas norte-americanas.

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